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A aula finalmente acabou, e me encontro indo para casa assim como os outros estudantes. Não vejo a hora de tomar um banho quente e cair de sono na cama. Ando em direção ao portão principal junto com outros alunos que estavam em volta, mas não falo com nenhum deles, afinal, é meu primeiro dia aqui, e o meu primeiro mês no Japão. Tem um campinho de grama dos dois lados, de um deles uns garotos estão jogando vôlei, fizeram uma rede improvisada, devem ser do time masculino.

Volto a atenção ao meu celular e continuo caminhando como antes, até sentir uma pressão ao lado da minha cabeça, coloca a mão na mesma instantâneamente, minha cabeça estava latejando, a dor era tanta que eu poderia desmaiar ali mesmo. Meus joelhos tocam o chão no mesmo momento do impacto com a bola, as pedrinhas que haviam no caminho machucaram um dos meus joelhos, e o mesmo de encontrava ensanguentado.

Olho para o lado e vejo uma bola de vôlei que vai quicando para o outro lado do caminho, os alunos em volta param para olhar por um momento mas seguem seu caminho como se nada tivesse acontecido.

Olho para o outro lado, onde os garotos estavam jogando, todos estão olhando para mim, parecia assustados, ou nervosos... Na verdade... Não consigo ler suas expressões, alguns estavam vermelhos, outros com cara de taxo, outros com as mãos no rosto e por aí vai. Até eles empurrarem um dos que estavam com eles. Meus ouvidos estava chiando, mas deduzi que foi ele que jogou a bola, continuo olhando para onde estavam e acompanho o garoto que vinha em minha direção com o olhar, se bem que meus olhos estavam quase se fechando pela dor. 

Como alguém tem um saque tão forte?

Ele era alto, os cabelos azuis igual o céu noturno e os olhos da mesma cor que o oceano, estava com o uniforme assim como os outros e com as mãos nos bolsos da calça. Ele não parecia nervoso pelo que acabou de acontecer, parecia... Normal.

O garoto se aproxima, e tenho que erguer um pouco a cabeça para conseguir olhar em seus olhos, seus lábios começam a se mexer soltando algumas palavras, mas só escuto chiados, a bolada bateu bem ao lado do meu ouvido. Escutei algumas coisa como "olha por onde anda" e ele também tinha uma expressão superior no rosto. Como se fosse superior há mim.

Patético.

 — O que? — Digo, ele parece confuso, como se não tivesse entendido o que eu falei. Eu mesma mal consegui me ouvir, mas sei que ele conseguiu, e algumas pessoas em volta começam a me olhar de um jeito estranho, o que eu falei de errado?

Ah é... Eu estou no Japão, e não no Brasil.

Quando estou com sono ou raiva costumo falar em português, é difícil falar uma língua estrangeira que não é sua língua natal por 24h por dia.

Ele da de ombros e da em direção a bola, quando ele volta me dá um leve empurrãozinho com o ombro.

Que infantil...

-5 HORAS ANTES-

— Pessoal, quero que dêem as boas vindas a nova aluna. Ela está fazendo intercâmbio esportivo, quero que ela tenha uma boa experiência aqui na nossa escola e no Japão. — O professor falou com os olhos fixados na turma. As mãos atrás das costas e bem posturado.

Minhas mãos estão tremendo.

Ele o olhou para mim, era para mim me cumprimentar, é fácil. Já vi isso em vários filmes, e também já apresentei para minhas colegas de quarto, que são de outros países.

— Olá, me chamo Beatriz Alves, e tenho 15 anos. É um prazer. — Digo, e rapidamente me curvo. Isso é um tanto... Estranho, no Brasil se curvar para algum significa que a pessoa é superior a você, ou coisa do tipo. Depende do pensamento de cada um eu acho. Algumas pessoas estão cochichando entre si e outras rindo, mas não parece ser de mim.

O Olhar Do Oceano Sobre Mim -Kageyama TobioOnde histórias criam vida. Descubra agora