Jardim — 🥀
Penelope Featherington tomou um longo gole de sua limonada, tentando controlar a crescente irritação que sentia ao perceber o olhar de Colin Bridgerton. Ele estava do outro lado do salão Danbury, com aquela expressão dura que parecia julgá-la a cada instante. Os olhos dele varriam o ambiente, parando brevemente nela, o que a fez sentir um calor desconfortável subir pelo corpo. Ela desejava nunca mais ter que lidar com Colin, especialmente depois da última vez em que passaram alguns dias na mansão Bridgerton. A lembrança ainda era vívida e perturbadora. Aqueles dias haviam sido um pesadelo, e a mera ideia de estar na mesma sala que ele agora fazia seu estômago se revirar.
Com um suspiro pesado, Penelope se levantou, decidida a sair dali. O salão estava lotado, abafado, e o ar parecia sufocante, como se os olhares e as conversas sussurradas a cercassem. Precisava de um pouco de paz, e sabia que não a encontraria naquele lugar, com Colin tão próximo. Seus pés a levaram diretamente para os jardins, onde o perfume das flores em plena primavera talvez pudesse acalmá-la.
Assim que chegou aos jardins, o silêncio a envolveu, quebrado apenas pelo farfalhar das folhas. Penelope respirou fundo, sentindo o aroma suave das flores recém-desabrochadas. Ela encontrou um banco de pedra afastado e se sentou, deixando-se cair como se o peso do mundo estivesse em seus ombros. Naquele momento, o jardim parecia ser o único lugar onde ela poderia encontrar algum alívio para a constante pressão que sentia nos bailes, nas fofocas, e agora, especialmente, na presença do visconde.
Mas a paz durou pouco.
— Fugindo, senhorita Featherington? — A voz de Colin soou nas suas costas, carregada de sarcasmo. Penelope fechou os olhos por um breve segundo, tentando conter a raiva antes de se virar.
Ela não teve nem tempo de respirar fundo antes de responder, já com o sangue fervendo. — O que você quer? — Sua voz saiu seca, carregada de irritação. — Se está aqui para me atormentar, vou lhe poupar o trabalho. Não estou com paciência para as suas provocações hoje.
Colin riu baixo, um som desdenhoso que só fez o estômago de Penelope revirar ainda mais. Ele deu alguns passos para mais perto, mas ela não se moveu, determinada a não demonstrar fraqueza.
— Tão dramática — disse ele, sua voz carregada de desdém. — Fico impressionado como você consegue transformar qualquer coisa em uma tragédia pessoal. O que é agora, Featherington? Alguém derramou vinho no seu vestido? Ou será que o salão não lhe deu a atenção que você tanto deseja?
Penelope apertou os punhos, sentindo a raiva crescendo. Ela odiava a forma como ele a menosprezava, como se tudo o que ela fosse ou fizesse não tivesse a menor importância.
— Talvez se você gastasse menos tempo tentando ser insuportável, conseguiria entender que nem tudo gira ao seu redor, Bridgerton — retrucou ela, seu tom afiado. — Há coisas maiores no mundo do que o seu ego.
Colin arqueou uma sobrancelha, claramente se divertindo com a resposta. — Que engraçado você falar de egos. Eu percebi lhe vendo no canto do salão que você parece tão ansiosa por ser notada. Sabe, fico pensando por que você ainda se dá ao trabalho de aparecer nesses bailes, quando está claro que ninguém realmente se importa.
Aquelas palavras foram um golpe baixo, e Penelope sentiu o impacto no peito, como uma lâmina afiada. Ela respirou fundo, não querendo lhe dar a satisfação de ver como ele a afetava.
— O que é patético, milorde, é que você gasta tanta energia tentando me derrubar — disse ela, sua voz agora calma, quase mortal. — O que você ganha com isso? Diversão? Prazer em me ver abalada? Ou será que a sua vida é tão vazia que eu sou a única coisa que consegue te entreter?
Ele deu uma risada seca, mas algo em seu olhar pareceu endurecer. Colin estava acostumado a provocá-la, mas não estava preparado para a força das palavras dela.
— Você se dá importância demais, senhorita. — Ele a encarou, o tom de sua voz ficando mais gélido. — Se te provoco é porque você facilita. A cada palavra sua, a cada reação exagerada, você me dá o que eu quero. Não passa de uma diversão fácil.
Penelope o encarou, sentindo a raiva borbulhar sob a superfície. Por que ele fazia questão de ser tão cruel? Ela odiava o poder que ele tinha de afetá-la tanto, de fazer seu coração disparar de raiva e frustração.
— Se sou tão insignificante assim, então por que você parece tão interessado em me seguir? — Penelope retrucou, o tom carregado de veneno. — Talvez você não tenha mais nada de interessante na sua vida além de atormentar as pessoas.
Colin deu um passo à frente, ficando perigosamente perto, os olhos fixos nos dela. — Talvez você devesse parar de se meter onde não é chamada. — respondeu ele, sua voz baixa e ameaçadora. — Porque você está enganada se acha que me importa o suficiente para isso.
Ela não recuou, apesar de cada instinto seu querer sair dali. O rosto de Colin estava tão perto agora que ela podia ver as faíscas de irritação em seus olhos. Mas, em vez de se intimidar, Penelope deixou sua própria raiva falar mais alto.
— Não se preocupe visconde — disse ela, erguendo o queixo. — Eu não pretendo perder mais meu tempo com você.
Com isso, ela deu meia-volta, pronta para deixá-lo sozinho ali, mas antes que pudesse dar o primeiro passo, ele agarrou seu braço, virando-a bruscamente de volta para encará-lo.
— E acha que pode simplesmente sair? — Colin estreitou os olhos, sua voz baixa e cheia de fúria. — Você acha que pode me desafiar e depois se virar e sair como se nada tivesse acontecido?
Penelope se livrou de sua mão com um puxão rápido, o olhar de desprezo queimando em seus olhos. — Eu faço o que quiser. E não há nada que você possa fazer para me impedir.
Ele a observou por um momento, os músculos de sua mandíbula tensos. Era como se estivessem em um campo de batalha invisível, onde nenhum dos dois estava disposto a ceder.
— Você, Colin Bridgerton, é um homem vazio, sem nada de valor a oferecer além do seu sobrenome. Talvez seja por isso que nunca encontrará nada além de diversão vazia.
— Você Penelope, não planta nenhum interesse em alguém — murmurou ele, sua voz carregada de frustração. — Talvez seja por isso que ninguém te nota e fica sempre nos cantos.
Penelope sentiu as palavras dele como um golpe no estômago, tentou não deixar transparecer o quanto aquilo a feriu. Mas sentiu seus olhos arderem, e as lágrimas quererem rolar, mas não permitiu. Ela se afastou, deixando-o sozinho no jardim, seu coração batendo descompassado pela raiva e dor. Enquanto caminhava de volta ao salão, prometeu a si mesma que não deixaria Colin Bridgerton afetá-la novamente, mas no fundo sabia que essa promessa seria difícil de cumprir.
BRIDGERTON — 🥀
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THE LIGHT IN THE FIRE - POLIN
FanfictionTHE LIGHT IN THE FIRE | So I'ma love you every night like it's the last night Quando uma tempestade inesperada leva Penelope Featherington a cruzar o caminho do visconde Colin Bridgerton, ela está longe de imaginar que aquele encontro mudará o rumo...