Desejo (I)Mortal

08

Nos dias que se seguiram, a rotina na casa de Alastor e Freya se desenrolou de forma quase tranquila, com a pequena Aiko Freya ajustando-se às atividades diárias. Durante a semana, as manhãs eram sempre um pouco corridas, com Margaret cuidando dos preparativos enquanto Alastor já começava seu dia de trabalho muito cedo. Ele sempre acordava antes do sol, e embora amasse a filha profundamente, sabia que seus compromissos como empresário exigiam grande parte de seu tempo e atenção.

Naquela quinta-feira, o céu estava nublado quando Freya acordou. Margaret já estava no quarto, arrumando o uniforme da creche que ela frequentava. A pequena Aiko Freya hiroshi — como era chamada formalmente — espreguiçou-se e esfregou os olhos ainda sonolentos, sem muita vontade de deixar a cama quentinha. Aos quatro anos, ela tinha aquela energia natural das crianças, mas às vezes as manhãs pareciam mais desafiadoras.

— Bom dia, senhorita Freya! — disse Margaret, com o sorriso calmo que sempre a acompanhava. — É hora de se levantar. Vamos nos arrumar para a escola.

Freya resmungou um pouco, mas logo se levantou. Ela adorava ir para a creche, onde brincava com seus amigos e aprendia coisas novas, mas aquela manhã estava mais lenta para ela. Margaret a ajudou a vestir o uniforme, um conjunto simples de saia azul-marinho e blusa branca, com um casaquinho leve para o frio da manhã. Depois do café da manhã, Alastor já estava pronto para sair, como de costume. Vestido em seu terno impecável, ele se preparava para mais um dia cheio de reuniões e decisões importantes.

— Bom dia, meu amor — disse ele, abaixando-se para dar um beijo na testa de Freya antes de sair.

— Bom dia, papai! — respondeu ela, sorrindo, já mais desperta.

— Tenha um ótimo dia na escola. E não se preocupe, o fim de semana está chegando — disse ele, piscando para ela antes de sair pela porta.

Margaret levou Freya até a creche, onde ela se misturou rapidamente com as outras crianças. O local era alegre e colorido, com brinquedos espalhados e paredes cobertas de desenhos e colagens feitas pelos pequenos. Freya adorava aquele ambiente, e logo já estava brincando com seus amigos, esquecendo-se do tempo.

Enquanto isso, Alastor passava o dia em seu escritório, ocupado com telefonemas e contratos. Ele gerenciava uma empresa de tecnologia em expansão, e os desafios cresciam na mesma proporção que o sucesso. Embora ele gostasse de seu trabalho e fosse um homem extremamente dedicado, sempre havia uma parte dele que se sentia um pouco distante da vida de Freya. Ele tentava equilibrar o trabalho e a paternidade, mas sabia que não era fácil estar presente em todos os momentos importantes.

Os dias correram rápidos, em um ciclo de trabalho e escola. Freya passava as tardes brincando na creche, e Margaret cuidava para que a menina tivesse uma rotina saudável e organizada. À noite, Alastor sempre fazia questão de jantar com a filha, embora nem sempre chegasse a tempo de vê-la acordada. Mas, quando conseguia, os dois conversavam sobre o dia, com Freya falando animadamente sobre as brincadeiras na escola, suas amigas e, claro, sobre a expectativa de ver a mãe no final de semana.

Finalmente, o sábado chegou. O sol brilhava, e Freya estava radiante. Margaret havia ajudado a preparar sua mochila com os brinquedos e roupas que ela levaria para a casa de Clara. Alastor, embora sempre contido em suas emoções, percebia a empolgação nos olhos da filha e não conseguia evitar sorrir.

— Papai, a mamãe vai estar me esperando, né? — perguntou Freya, segurando a mochila com animação.

— Vai sim, meu amor. Ela está ansiosa para te ver — disse Alastor, acariciando os cabelos de Freya, que agora estava parada na porta, pronta para sair.

Margaret levou Freya até o carro, onde o motorista já estava esperando para levá-la até a casa de Clara. Alastor, observando a cena da janela do escritório, sentiu um misto de sentimentos. Era sempre assim quando Freya ia passar um tempo com a mãe. Ele queria que a filha fosse feliz, mas havia uma pequena parte dele que se ressentia da distância que a separação havia criado.