Capítulo 06: Você confunde minha bondade com fraqueza

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Pov João:

Eu definitivamente odiava as segundas-feiras.

Minha cabeça martelava como se dentro dela alguém estivesse construindo uma casa, fazendo uso de suas ferramentas mais barulhentas por horas a fio, parecia que uma britadeira estava ligada dentro do meu cérebro. Eu sentia que cada segundo com meus olhos abertos era um segundo agonizante de dor e irritação. Nas segundas tudo parecia me incomodar mais do que o normal, as luzes eram sempre muito claras, o trânsito mais caótico, e os barulhos mais altos.

Ou talvez isso fosse apenas reflexo da grande ressaca que eu estava experienciando.

Esquecer um evento importante do Jão sempre me levava à beira da loucura, fosse porque Renan me perturbava sobre o assunto até eu perder a minha pouca paciência, fosse porque quando eu esquecia eu não conseguia me preparar e só conseguia encontrar refúgio da loucura que era a vida de astro pop através de taças e mais taças de drinks caros.

Cheguei na empresa me sentindo um completo lixo, as roupas que eu usava eu torcia para estarem minimamente decentes e do lado certo, meu estômago protestava implorando por comida e meus olhos estavam cobertos por um óculos escuros, incapaz de lidar com qualquer tipo de claridade, por menor que fosse.

Assim que entrei pelas portas da UFO fui cumprimentado por uma onda agitada de caos, todos lugares pelos quais eu passei até conseguir chegar em minha sala estava no mais completo frenesi, era como se todos os funcionários estivessem correndo contra o tempo para terminar uma única demanda.

Apesar de estar dentro da empresa não retirei os óculos, menos ainda fiz contato visual com alguém, a última coisa que eu precisava agora era algum funcionário pedindo a minha opinião ou ajuda em alguma coisa. Não tinha o menor saco para fazer nada, e não podia garantir que conseguiria responder alguém com gentileza antes de consumir no mínimo três xícaras de café.

Com esse pensamento na cabeça, segui até a copa, dando graças a Deus ao perceber que pelo menos ali estava vazio, suspirei cansado colocando o café na minha xícara e me encaminhando diretamente para o meu escritório. Eram tantas coisas a serem resolvidas, tantos documentos para assinar, ler e autenticar, que eu sentia que acabaria enlouquecendo de vez.

— Bom dia, João. — Renan me cumprimentou assim que eu abri a porta da minha sala, me fazendo levar um grande susto. Ele e Giovana tinham essa mania irritante de entrar na minha sala, ambas as salas que eu chamava de minha, e ficar me esperando para resolver as coisas, mesmo que eu nem mesmo estivesse na empresa ainda.

— Porra! — exclamei irritado, quase derramando o meu café no processo, tamanho havia sido o susto que eu levei. — Quer me matar de susto, caralho?

— Se você olhasse seu celular você saberia que eu estava te esperando aqui. — ele respondeu com um revirar de olhos. — Você está atrasado.

— Eu vou fazer hora extra depois, relaxa. — respondi com um revirar de olhos, me arrependendo amargamente assim que fiz. Porra, que dor de cabeça dos infernos. — O que você quer?

— Temos um problema. — ele começou parecendo levemente aflito, eu apenas me sentei e gesticulei para que ele prosseguisse. — A campanha da Adidas não tá indo pra frente, Jô, a gente precisa entregar isso em três meses e não sai do lugar. — ele suspirou. — A gente não tem nem o conceito pronto.

— Eu achei que o Gustavo estava responsável por isso. — Respondi confuso, tomando um gole de café na esperança de diminuir ao menos um pouco a minha dor. Com a quantidade de café que eu vinha tomando, iria resolver as dores de cabeça e me causar uma gastrite fodida, mas, fazer o que, não suporto dores de cabeça.

Best of Both Worlds - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora