Capítulo 12: Se me vê indo embora, me agarra lá fora

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Notas iniciais: Obrigada pelos 1k de visualizações, vocês são incríveis!!!!!

Pov Pedro:

Da pista de dança eu encarava João que parecia um tanto perdido e entediado do outro lado da balada. Era sempre assim, toda vez que eu conseguia convencê-lo a sair com a gente para o happy hour, uma forma de passar mais tempo com ele e fazê-lo se enturmar, João terminava ficando sentado no bar bebericando uma bebida qualquer, e nas raras vezes em que ele se soltava um pouco mais, as consequências eram desastrosas. A gente acabava se provocando ao limite, mas nunca cruzávamos a linha, João dizia que não queria ser meu amor de fim de festa, e eu sentia o mesmo sobre ele, então, mesmo que o desejo estivesse ali, nunca ia pra frente.

Eu me esforçava e tentava ficar com ele por um tempo, mas ele acabava sempre arrumando um jeito de me afastar. Às vezes, parecia que ele não queria que eu me aproximasse, que a gente se envolvesse de uma forma mais sexual e romântica, e em outros momentos parecia que ele estava desesperado para me beijar.

Do que você tem medo, João?

Suspirei fortemente tentando não ligar para a confusão que ele me causava na mente, corpo e coração, João mexia comigo de uma forma que nunca havia acontecido antes, nossa amizade só crescia, e a vontade de beijá-lo também, pareciam grandezas diretamente proporcionais, quanto mais eu o conhecia, convivia, ficava próximo e era seu amigo, mais eu sentia vontade de beijá-lo.

Mari e Malu estavam dançando comigo e eu queria me divertir, queria esquecer a merda da semana que tinha se passado, fingindo por uma noite que aquele caos não me afetava em nada. Jão estava um saco, mais do que o normal, exigente e mal humorado, em todas as vezes que nos esbarramos, ele estava brigando com alguém diferente. Como se isso não fosse o suficiente, sempre que o Jão estava presente demais, João acabava sumindo, ou tendo que se ausentar da empresa ou sendo requisitado pra ficar incontáveis horas em reunião com o loiro.

Eu sinceramente esperava que hoje João viesse ficar comigo na pista de dança, principalmente após o que aconteceu de tarde, mas a cada segundo que passava parecia que nada de diferente de todas as outras vezes iria acontecer. Ele agia como se nada tivesse acontecido, como se ele não tivesse simplesmente me dado um selinho em forma de agradecimento, como se ele não tivesse simplesmente feito sóbrio o que eu não achava que ele seria capaz de fazer nem mesmo estando bêbado.

— Para de secar o João, Pê. — Maria Luísa gritou por cima da música, me assustando e me fazendo virar para elas, que riam de mim. Ótimas amigas. Com amigas como essas eu nem precisava de inimigos.

— Se quer tanto a companhia dele, vai ficar lá. — Mari sugeriu com uma risada. — Vai lá e tasca um beijão nele logo, certeza que ele vai deixar e ainda vai querer mais. — Ela brincou, arrancando risadas minhas e de Malu, elas não sabiam do que havia acontecido, talvez eu nunca fosse contar. Parecia íntimo demais, nosso demais, para deixar alguém saber. Ou talvez eu só queria ter um pouco de João só pra mim.

Balancei minha cabeça em negação, ainda encarando o moreno cacheado, todos estávamos um pouco alcoolizados e com o riso frouxo, mas eu não havia enlouquecido ainda, na verdade ainda estava bastante sóbrio. Não podia simplesmente ir lá e o beijar, não desse jeito, não ainda.

Eu sabia que João era uma pessoa tímida, daquelas que precisam de muito esforço para sair de seu próprio casulo, e por mais que nenhum de nós fosse um estranho para ele, ao menos, eu esperava que não fossemos mais, eu ainda sentia que atitudes muito inusitadas podiam assustá-lo e o afastar. Já era muito difícil convencê-lo a sair com a gente, se eu só chegasse e o beijasse, principalmente no meio de todo mundo, com toda certeza acabaria com as poucas chances que eu tinha de ter algo que não fosse só um beijo de momento.

Best of Both Worlds - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora