Capítulo 07: Eu sinto o vento trazendo algo novo que ainda vai nascer

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Pov Pedro:

Era inegável que João Vitor Romania estava tomando meus pensamentos cada dia mais, desde a segunda-feira quando colocaram eu e ele para ajudarmos na campanha da Adidas, nós havíamos nos aproximado, sempre tirando intervalos juntos e fazendo piadinhas sobre Gustavo.

Mesmo que minha mente insistisse em fixar meus olhos em sua boca de coração por incontáveis segundos, me fazendo perder o fio da conversa diversas vezes, eu não iria me deixar levar muito por ele, apesar de achar um exagero o alarde que minhas amigas fizeram sobre uma possível ficada entre nós dois, eu não iria arriscar meu emprego, não sem ter certeza de que ele queria a mesma coisa que eu.

Mesmo que João fosse cem por cento o meu tipo.

Era sexta-feira e o expediente estava quase ao fim, uma agitação vibrante com o prospecto do fim de semana contaminava o ambiente da empresa, que por si só já carregava uma animação própria, mas que quando se aproximava dos fins de semana parecia vibrar com o triplo da energia. Eu mesmo sentia minha pele vibrar em animação, praticamente contando os segundos para o horário do final do expediente, ansioso pela oportunidade de socializar com mais pessoas da empresa fora dela e da perspectiva de dois dias em casa sem precisar fazer muita coisa, minhas séries já estavam com saudades.

Saí da sala que eu dividia com mais alguns publicitários, inclusive Malu e às vezes Marília, sorrindo assim que o relógio marcou seis horas, ouvindo ao fundo várias pessoas conversando e fazendo o mesmo, aparentemente todos haviam confirmado presença no happy hour. Essa talvez fosse a melhor coisa de trabalhar em uma empresa onde todas pessoas tinham no máximo quarenta anos, o convívio acabava se tornando muito mais fácil e as amizades se formavam a todo instante.

No caminho em direção ao elevador, passei por uma sala entreaberta, a única que ainda tinha a luz acesa dentro dela. Curioso, me aproximei da porta, podendo ver o nome de João escrito nela. Ele era uma das poucas pessoas que tinha sala própria, provavelmente se devia ao fato de que ele era basicamente ao fato dele ser amigo próximo do Renan, o publicitário chefe da empresa, e precisava de um certo espaço pessoal.

Ou será que era só um privilégio que ele tinha por ser amigo dos chefes? Ele não me parecia o tipo de pessoa que usava de contatos para conseguir as coisas, mas nunca se sabe, afinal as aparências enganam.

Bati no vídeo fosco da porta suavemente, entrando na sala organizada do moreno de cachos, que tinha seu olhar totalmente voltado para o seu computador. Ele trabalhava com fones de ouvido enormes e parecia completamente perdido no que quer que fosse que estava tocando ali, tanto que só percebeu minha presença quando minha sombra tocou seu computador.

Sorrindo timidamente, ele retirou seu fone, me olhando com aquele seu jeito doce e curioso, que eu já havia começado a adorar ver direcionado para mim, mesmo que eu soubesse que nós éramos apenas colegas de trabalho, ter a atenção dele em mim me trazia uma sensação gostosa de acolhimento que era impossível de explicar.

— Foi mal, eu nem te ouvi chegando. — João explicou apontando para os fones grandes que ele estavam no seu pescoço. — Precisa de ajuda com alguma coisa?

— Não, eu já tava indo embora. — respondi dando de ombros. — Eu vim aqui de curioso, achei estranho ter alguma luz acesa. — expliquei rindo, achando graça do seu olhar confuso. — Todo mundo já foi embora, gatinho.

— Porra, já? — o cacheado perguntou parecendo surpreso, conferindo o horário no seu computador e suspirando levemente irritado ao confirmar que já se passavam das seis, passando as mãos em seus cachos de forma levemente ansiosa. — E o que você ainda tá fazendo aqui?

— O pessoal tá indo pra um happy hour num pub aqui perto. — falei ao invés de respondê-lo. Eu também não sabia porque estava ali, podia ter só reafirmado que era a curiosidade falando mais alto, mas eu sabia que era mais que isso, mesmo que não soubesse bem o que era. — Quer ir comigo?

Best of Both Worlds - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora