Capítulo III

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-Mãe, eu já disse que estou bem. Eu não estou ferido.

- Não vou acreditar até ver com meus próprios olhos.

- Mas se...

Lucerys conteve o bufo que lutava para escapar de sua garganta enquanto sua mãe Rhaenyra se aproximava de sua posição pela quinta ou sexta vez em, talvez... dez minutos; Ele revirou os olhos enquanto a mulher se agachava até sua altura enquanto verificava suas mãos e sentia seus braços antes que seus olhares se encontrassem. Ele havia conseguido trocar as roupas completamente encharcadas assim que conseguiu chegar a Pedra do Dragão e aquela talvez tenha sido a primeira inspeção em busca de algum ferimento não visível a olho nu - da qual Daemon participou de longe e Rhaenyra, de muito longe. perto - enquanto ele substituía o molhado pelo seco, sua pele exposta ao escrutínio de outras pessoas.

Embora o grande salão daquele castelo estivesse imensamente iluminado e o fogo aceso na lareira ardesse intensamente, a única coisa que acalmou o frio que penetrava nos ossos de Lucerys foi o calor das mãos de sua mãe nas suas, no seu rosto. Apesar das altas horas da noite, do silêncio apenas interrompido pelo agradável crepitar do fogo e pela solidão que envolvia os três, Lucerys sentia-se de alguma forma contido pela segurança de sua mãe e seu padrasto.

Mesmo que persistisse em suas mãos um tremor fraco e fino que ele tentou esconder, mas que se recusou a abandoná-lo.

- Sinto muito, mãe.

Rhaenyra ergueu os olhos de seu torso ainda com as mãos tateando seu corpo em busca de um ferimento que o fizesse pular; Ele já tinha visto por si mesmo que ela não tinha o menor arranhão, mas ainda assim, como ele, a mulher não conseguia se livrar do susto.

-Por que você está se desculpando, meu querido menino?

Suas mãos quentes seguraram seu rosto e seus olhos se encontraram novamente. Apesar de manter uma expressão pacífica e apenas um sorriso levantando o canto dos lábios, Lucerys conhecia sua mãe muito bem para detectar a quantidade de emoções que cruzavam seus olhos claros, com a testa levemente franzida. Novamente, ele sentiu o doce aroma da mulher fluindo para seu nariz e ao inalá-lo, conseguiu se acalmar um pouco mais antes que a crise o fizesse sucumbir. De novo.

- Eu falhei com você. Não ganhei o apoio do Baratheon.

Sua mãe estalou a língua e seu sorriso se expandiu um pouco mais, o brilho de alívio surgindo em seus olhos enquanto ela balançava a cabeça. Penteando-o com os dedos, ele deu um, dois beijos na testa ainda fria.

-Não importa, Lucas. Isso não importa agora. O importante é...

-Claro que importa!- Produto dos nervos, Lucerys levantou a voz e seu grito ecoou pela sala. Com certo ressentimento, ele olhou para onde seu padrasto estava, olhando para o fogo de costas para eles "Se isso não importasse, vocês não teriam me mandado para lá". Eu falhei com você.

"O importante é", continuou a mãe, erguendo as sobrancelhas e lançando-lhe um olhar significativo pela interrupção, "que você voltou em segurança." É tudo que uma mãe poderia pedir.

- Mas...

-Mas nada.

Aquelas mãos amorosas acariciaram sua cabeça e rosto novamente enquanto Lucerys tentava organizar seus pensamentos, a mistura de frustração e medo ainda nublando seu julgamento. Conseguira sair da fortaleza e Arrax, fiel ao seu ansioso costume, esperava-o lá fora num claro reflexo da inquietação que o seu cavaleiro experimentara no interior do local e que só aumentava a cada passo que dava. Montar Arrax foi um desafio porque a chuva mal lhe permitiu ver como estava se adaptando, mas, felizmente para ele, o dragão pareceu distinguir algo em meio a tanta chuva quando decolou em um vôo pesado e difícil.

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