Alissa narrando.
Voltar para Londres sempre foi uma luta interna. As férias de verão eram a época mais aguardada do ano, repletas de risadas, aventuras e a liberdade que só Outer Banks pode me proporcionar. Mas, quando chegava o fim de agosto e eu tinha que deixar tudo para trás—os meus amigos, o sol e a brisa do mar— um peso profundo se instalava no meu peito, mergulhando-me em uma tristeza avassaladora. No entanto, no último ano, tudo mudou.
Depois da pequena ajuda que dei ao meu tio Big John em sua busca pelo El Dourado, um vislumbre de empolgação se acendeu em mim. Eu sabia que a história não havia terminado bem para ele—foi uma tragédia, realmente—mas a simples ideia de que eles tinham encontrado a Cidade De Ouro me deixava ansiosa para reencontrar John B e ouvir todos os detalhes daquela experiência. Queria ver em seus olhos a emoção que só uma aventura assim pode trazer.
Nesse último ano, foquei em estudar sobre El Dourado e me tornei uma visitante assídua dos museus londrinos. Cada nova peça, cada novo relato, era como um pequeno passo que me aproximava da sensação de aventura que tanto ansiava ter vivido junto deles. Foi em uma dessas visitas que me deparei com a fascinante e trágica história da princesa Isadora Bellver. Aos vinte e um anos, Isadora foi arrancada de sua vida na França, forçada a um casamento arranjado com um duque de Quebec. O relato dizia que, tomada pelo desgosto e pelo ódio, ela causou o naufrágio do navio, levando consigo todos a bordo. Mas o que mais me impactou foi saber que o naufrágio ocorreu próximo à mesma ilha onde tantas memórias minhas foram forjadas, isso não pode ser apenas coincidência.
Outro fato que me fascinou pela história de Isadora foi o que ela deixou para trás: Theodore, seu verdadeiro amor, de quem foi separada à força. A tragédia que se seguiu, pode ter sido um final, mas a história dela ressoou em mim. Eu sabia que precisava descobrir mais desde a primeira vez que li a respeito, como se um ímã me puxasse naquela direção.
Obcecada pela narrativa trágica dessa jovem mulher que, há mais de 250 anos, viveu um amor intenso e enfrentou um destino cruel, comecei a imprimir diversas manchetes sobre o caso. As imagens do diadema que ela usava e o tesouro que sua família levava para Quebec agora ocupavam as paredes do meu quarto. Cada clipe de jornal e cada foto eram um lembrete da aventura que eu sabia que estava destinada a viver.
E assim, enquanto me preparava para mais uma viagem de volta a Outer Banks, um plano começou a tomar forma na minha mente. A busca por Isadora e seu diário perdido poderia se tornar a próxima grande aventura dos Pogues—e eu mal podia esperar para dividir isso com eles.
Semanas depois.
Para começar, eu sempre amei esse lugar. Outer Banks é como um lar para mim; é onde me sinto livre para ser quem realmente sou, acolhida e compreendida por aqueles ao meu redor. A maresia parece soprar para longe todos os males que atormentam meus pensamentos. Essa conexão existe desde a minha infância e foi um grande refúgio de paz em meio à tempestade que foi o divórcio dos meus pais.
Continuei voltando ano após ano, mesmo quando meu pai se cansou de visitar seu irmão, Big John. Eu segui vindo sozinha, pois, se não aparecesse, o John B certamente me buscaria em Londres. Ele é meu primo favorito (mas não conte a ele) e, mais do que isso, é como um irmão para mim. Mesmo sendo um pouco impulsivo, sempre cuidou de mim durante minhas estadias.
Desta vez, minha visita é diferente, eu tenho um plano e um caminho a trilhar e eu sei que John B vai me acompanhar na busca pela história e o tesouro de Isadora Bellver, só preciso esperar a hora certa para mencionar e mostrar tudo que eu tenho.
Na viagem, ele me contou como foi em El Dourado sem me poupar detalhes, até se emocionou ao falar sobre o seu pai e o Ward Cameron. Me relatou sobre a viagem de volta, e só agora que compraram uma casa juntos e é para lá que ele dirige a Twinkie em alta velocidade pela estrada de terra.
— Está me dizendo que vocês têm um comércio agora?
— Sim! Somos empreendedores, dá pra acreditar?!
Eu ri, balançando a cabeça, sem entender muito bem o que John B e sua turma estavam aprontando.
— Seu pai te levou ao aeroporto?
Desviei o olhar para fora da van. Eu odeio mentir para ele, mas era necessário desta vez.
— Sim, como sempre. Ele me deu um sermão sobre como você não é maior de idade só por ter dezenove anos.
John B riu, balançando os ombros.
— Eu sou responsável, tá? Sempre fui.
— Claro, Routledge.
Ao chegar em casa, meu primo me mostrou o quarto onde ficaria. Deixei minha bolsa ali e respirei fundo, sentindo o ar puro de estar tão perto do oceano. Até a energia desse lugar é diferente, como se a ilha emanasse tranquilidade e paz.
— Cadê a minha ruivinha?! — A voz do JJ invadiu o quarto, e ele entrou com um sorriso de orelha a orelha. — Que bom que você chegou! Comprei uma erva pra gente que é...
Ele falava tudo de uma vez enquanto me envolvia em um abraço demorado. Eu só sorria, correspondendo ao carinho.
— Calma aí, JJ. Ela acabou de chegar. Dá um tempo.
— Está brincando? Fiquei mais de quinze horas presa em um avião! Preciso fumar!
John B resmungou algo e saiu do quarto, como se tivesse desistido de nos interromper. JJ sentou na cama que seria minha, observando-me enquanto eu guardava meus pertences no armário.
— Senti sua falta, Lis.
Minha franja insistia em cair sobre o rosto, e eu a afastei, envergonhada com o que ele disse. Algo aconteceu entre nós na última vez em que estive aqui; depois de muito insistir, eu permiti que ele me beijasse na última noite, mas deixei claro que nada mudaria entre nós.
— Eu também, de todos vocês. — Suspiro, organizando meus cremes e perfumes próximos ao espelho. — Cadê o resto da galera? A Ki, a Sarah e o Pope?
— Estão lá embaixo. Fechamos às 19h.
— Caramba, verdade! Vamos descer!
Já estava indo em direção à porta quando ele pigarreou e eu congelei. Por favor, não toque nesse assunto, JJ...
— Da última vez que você esteve aqui... — começou, e eu me virei para olhá-lo. — Sei que você está com medo de que mude a forma como te vejo, mas não, tá legal? Está tudo bem! Pode relaxar perto de mim, ainda somos amigos. Melhores amigos.
Um alívio me invadiu e eu sorri, indo em sua direção e o abraçando.
— Melhores amigos para sempre, lembra? — perguntei, dando um sorriso tímido.
— Sempre, sempre, sempre. — Ele segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos. — Agora vamos, você não vai querer perder o pôr do sol.
Reencontrar todos é como ter a certeza de que tudo é real. Estou aqui novamente, depois de mais de um ano, e finalmente me sinto em casa.
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Notinhas da lua: Quem se interessar, na fanfic iremos acompanhar: a jornada da Alissa e desenvolver a relação da com os Pogues, no sentido romântico ela se envolverá com JJ e Rafe.
A história se passa no início dessa quarta temporada de OBX, porém, há fatos que não se assemelham com a série, como JJ e Kiara, a Cléo que decidi (por pura preguiça) não adaptar. Até porque essa história é focada em Alissa, e total fã service meu que sou apaixonada no Maybank e no Cameron.
Prólogo é sempre uma apresentação de personagem, no próximo a história começa! Se alguém ler, me deixe saber!
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Segredos Perdidos - OBX
FanfictionAlissa é uma jovem de dezoito anos que se vê conectada ao mistério do Diadema Perdido de Isadora Bellver, a Princesa que naufragou junto a uma tripulação há mais de duzentos anos. Em sua volta a Outer Banks, a garota vê a sua chance de desvendar ess...