A Princesa Naufragada

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Os museus de Londres podem ser chiques e grandiosos, cheios de peças de história em cada esquina, mas este museu da ilha tem um charme modesto, quase esquecido. É menor, simples, com paredes gastas e vitrines empoeiradas. Entre eu, Sarah e Kiara, o sentimento é de expectativa, mas também de frustração. Estamos procurando pistas sobre o diário da princesa Isadora Bellver, porém parece que ele se escondeu de nós, ou talvez nunca tenha existido aqui.


— Estamos procurando o diário inteiro? Ou só alguns papeis? — Kiara quebra o silêncio, sua voz ecoando pelas paredes estreitas.


— Não sei. O diário foi conservado em parte, mas... só é exposto em algumas épocas do ano, segundo a expedição. — Tento manter minha confiança, mas a impaciência está me corroendo.


— Já rodamos tudo três vezes, e não vi nada sobre a tal Bellver. — Sarah suspira, sua expressão desanimada.


— Eu me recuso a desistir. Vou perguntar para alguém. — Deixo-as para trás e me aproximo de um segurança próximo à entrada do salão.


— Olá, bom dia. Sou uma pesquisadora de história e vim de Londres para ver o que sobrou do diário de Isadora Bellver, a princesa naufragada. Sabe me dizer onde posso encontrá-lo? — Tento soar o mais profissional possível, na esperança de que ele leve minha solicitação a sério.


O segurança analisa meu rosto com um olhar curioso e, por fim, assente.


— Claro, senhorita. Me acompanhe.


Dou uma olhada rápida para Sarah e Kiara, que me encaram com sorrisos encorajadores. Ao me virar para seguir o segurança, ouço meu nome ser chamado. É JJ.


— Meu amor, onde vai sem mim? — ele diz, sem cerimônia, entrelaçando os dedos nos meus. Meu coração dispara por um segundo, mas logo percebo a razão da cena improvisada: é um jeito de ele se envolver e me acompanhar.


O segurança nos guia até uma pequena sala nos fundos do museu, onde uma senhora de cabelos grisalhos nos espera com um olhar curioso.


— Deisy, essa moça aqui é pesquisadora e gostaria de ver o diário da princesa naufragada. — O segurança informa.


A senhora nos encara com simpatia, ajeitando os óculos no nariz. — Claro, claro. Jovem, como devo chamá-la?


— Alissa. E esse é o meu... — Olho para JJ, buscando apoio.


Noivo. Sou o noivo dela, James. — Ele diz com naturalidade, e quase rio. JJ nunca revelou seu verdadeiro nome, então me pergunto se ele inventou o nome "James" ou se realmente é esse.


— Tão jovens para um matrimônio! — comenta a senhora com um sorriso discreto, antes de sumir em um corredor. Ficamos aguardando em silêncio.


— James?! — questiono baixinho, semicerrando os olhos para ele.


Segredos Perdidos - OBXOnde histórias criam vida. Descubra agora