Eu mentiria se dissesse que não estava ansiosa pela chegada do Rafe. Assim que ele mandou a mensagem depois de nos despedirmos no píer, pedindo para eu levar biquíni e uma troca de roupa, um misto de curiosidade e incerteza tomou conta de mim. Não avisei ninguém que sairia; apenas peguei minhas coisas e fui. Quando cheguei e vi sua moto, senti uma liberdade que só ele parecia saber como despertar.
Enquanto cortávamos o vento na estrada, deixei meus pensamentos irem para lugares que normalmente não permitia. O que Rafe realmente queria me mostrar?
Paramos na marina dos Kooks, onde o luxo reluzia em cada detalhe. Eu nunca tinha pisado ali, mas Rafe caminhava como se pertencesse, como se cada iate fosse uma extensão dele. E talvez fosse. Ele me olhou de lado e sorriu, percebendo meu desconforto.
— Vem, é por aqui. — Ele colocou os óculos escuros e seguiu adiante, puxando-me pelas palafitas. — Antes que você se irrite, isso já estava marcado há uma semana. E como o iate é meu, vamos ter privacidade para conversar se assim preferir.
Eu me detive, encarando o cenário à nossa frente. Jovens, bem-vestidos, rindo e dançando. Todos tão à vontade. Tudo aquilo parecia um universo paralelo.
Rafe estendeu a mão, sem hesitar. — São só alguns amigos, e relaxa... você está comigo.
— Rafe, eu... não sei se... — tentei protestar, mas ele interrompeu, entrelaçando nossos dedos com uma naturalidade desconcertante.
Ele me puxou para o iate, cumprimentando os outros sem soltar minha mão. Senti os olhares de surpresa ao nos verem juntos, e pior, ao notarem que eu era uma Pogue. Mas ele parecia não se importar. Era como se estivéssemos em um mundo que ele controlava, onde as regras eram feitas por ele.
No interior do iate, Rafe me guiou até um pequeno lounge.
— Pode deixar suas coisas ali — disse, apontando para uma porta. — Se quiser colocar o biquíni, fique à vontade. Tem cerveja e champanhe no frigobar e... outras coisas no criado-mudo, se precisar relaxar.
O toque despreocupado e confiante dele me fazia rir de leve. Mas, ao olhar em seus olhos, vi algo além da rebeldia.
— Me deixa te mostrar o que você merece viver — disse, tocando levemente meu rosto.
Fiquei em silêncio, apenas assentindo. Ele se inclinou e selou nossos lábios. Foi rápido, quase como se ele quisesse capturar o momento antes que eu pudesse questionar.
Logo depois, ele saiu para o deck. Enquanto trocava de roupa, notei uma foto no criado-mudo: Rafe e seu pai, sorrindo em uma lancha, os olhos brilhando de cumplicidade. Me perguntei quanto daquela expressão ainda existia em Rafe.
Quando saí, percebi a agitação ao redor. As conversas, risadas e o som do mar. Rafe, ao me ver, chamou minha atenção.
— Pessoal, essa é a Alissa. É uma amiga minha. — Ele enfatizou a palavra "amiga" como se quisesse deixar uma mensagem para todos ali.
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Segredos Perdidos - OBX
FanfictionAlissa é uma jovem de dezoito anos que se vê conectada ao mistério do Diadema Perdido de Isadora Bellver, a Princesa que naufragou junto a uma tripulação há mais de duzentos anos. Em sua volta a Outer Banks, a garota vê a sua chance de desvendar ess...