Uma Ilha Esquecida

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Acordo com o gosto salgado e amargo da água do mar encharcando minha língua. O mundo é apenas um turbilhão de azul e espuma, e o desespero me invade quando percebo que estou tentando, de alguma forma, me manter na superfície. Minha cabeça lateja próximo à nuca, a dor é lancinante, quase como se pulsasse ao ritmo das ondas. Tento abrir os olhos, a visão turva, e consigo distinguir ao longe o barco de John B se afastando, acompanhado pelos três barcos que nos perseguiram. Como fui parar aqui?


A correnteza está forte, e cada movimento para me manter acima da água parece um esforço monumental. Estou exausta, os braços e pernas pesados, e uma onda me atinge com força, me empurrando ainda mais para baixo. Tento recuperar o fôlego, mas a sensação de tontura ameaça me arrastar para um estado de inconsciência.


De repente, o som de um motor corta o barulho das ondas, distante, mas vindo na minha direção. Em pânico e quase sem forças, tento focar o olhar. Um jet ski aparece, avançando em alta velocidade. Nem preciso gritar por ajuda — ele vem direto para mim, rasgando as ondas e projetando ainda mais água salgada no meu rosto.


— Dá a sua mão! — A voz é uma ordem firme, quase impaciente. Sem questionar, estendo a mão para ele.


Ele me puxa, me ajudando a subir na parte de trás do jet ski. — Calma, segura firme — diz, garantindo que estou bem posicionada e que tenho algo para segurar antes de arrancar o jet ski outra vez.



Lutando para focar, finalmente olho para ele. 


— Que porra... o que estava aprontando? Por que aqueles caras te jogaram na água?


— Eu não sei... Eu... — Minha voz falha quando o reconheço. — Espera... Rafe?! — Minha surpresa é clara, e logo a indignação a acompanha. — Você estava nos seguindo?


Ele deixa um sorriso debochado escapar de seus lábios. Não responde, apenas acelera ainda mais o jet ski, a água batendo com força nos meus ombros, e somos impulsionados em direção a Outer Banks. Mas, antes de chegar à costa, ele para o veículo numa pequena ilha deserta. Confusa, olho em volta, enquanto ele tira o celular do bolso e começa a discar, a expressão impaciente.


— A gasolina acabou — ele resmunga, tirando os óculos escuros e xingando baixinho. — Anda, Topper... atende logo.


Desço com cuidado, a água na altura dos joelhos. Caminho até a areia, tateando a região dolorida na nuca, e sinto o inchaço. A dor é intensa, e por um instante fecho os olhos, tentando clarear a mente. Me sento ali mesmo, na areia, e ao tocar meu bolso, lembro da garrafa. Ela ainda está lá. Um alívio momentâneo toma conta de mim, e seguro o objeto com firmeza.


Rafe me observa, cruzando os braços, um sorriso cínico surgindo no rosto. — Vocês Pogues adoram se meter em confusão, né?


— É nosso passatempo favorito, sim — retruco, tentando manter o sarcasmo, mesmo com o cansaço tomando conta de mim.


Ele se aproxima, o olhar analisando cada detalhe meu, como se tentasse entender a situação. 


Segredos Perdidos - OBXOnde histórias criam vida. Descubra agora