Um Lado

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Rafe não me interrompeu uma única vez enquanto eu falava sobre o caso da Bellver. Pelo contrário, ele ouvia tudo com muita atenção, os olhos fixos em mim, como quem tentava gravar cada detalhe sem precisar de um gravador. O interesse dele era quase palpável, e eu me sentia, pela primeira vez, completamente compreendida.


Eu falava com ansiedade, narrando desde o mergulho que fiz com JJ e o que encontrei lá embaixo até o momento em que conseguimos unir as partes do pergaminho, revelando o mapa de Marselha. Meus olhos brilhavam, e minhas mãos gesticulavam com entusiasmo conforme eu detalhava cada descoberta.


— Uau.


— Eu sei. — Respiro fundo, de repente consciente da intensidade com que estava contando tudo. — Parece loucura, né?


— É incrível. E entendo sua determinação. Você já está no meio disso tudo.


— Exato. Se eu comecei, vou até o fim. — Minha voz vacila por um segundo, mas a convicção continua ali, firme.


Rafe se aproxima um pouco mais, os olhos dele avaliando os meus, e parece que ele toma uma decisão naquele momento.


— Posso conseguir o avião para irmos. Só preciso fazer duas ligações, e temos carona de ida e volta.


Fico muda por alguns segundos, absorvendo o que ele acabou de dizer.


— É sério?! — pergunto, incrédula. — Sabe quanto custa um voo daqui pra França, né?!


Rafe ri, o sorriso dele revelando um traço arrogante, mas que só me faz rir também.


— Sabe que o avião é meu, né?


Eu reviro os olhos, dando um empurrão leve no ombro dele.


Kook maldito.


Ele ri, mas logo sinto as mãos dele em minha cintura, me puxando para perto. O calor dele é acolhedor e, ao mesmo tempo, eletrizante. Encaro seus olhos por um momento, absorvendo o que significava essa parceria entre nós, essa aventura compartilhada.


Faria isso por mim? — pergunto, sentindo meu coração acelerar.


Rafe apenas acena com a cabeça, e eu o puxo para um beijo lento e demorado, deixando que ele saiba, através deste gesto, o quanto isso significa para mim.


Depois de um tempo, ele sussurrou contra meus lábios.


Você escolhe a data. E nós vamos.



Chego em casa logo após o pôr do sol. O cansaço me atinge, mas estou cheia de adrenalina e de expectativas. Passo direto pela sala e subo para o meu quarto. Jogo minha bolsa sobre a cama e suspiro, ainda revivendo o encontro com Rafe, quando ouço a porta se abrir. Sarah aparece na entrada, os braços cruzados e uma expressão meio acusadora.

Segredos Perdidos - OBXOnde histórias criam vida. Descubra agora