22. epílogo

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Andei de um lado para o outro na calçada em frente à casa de Charlie, meu coração batendo forte com a expectativa. Já fazia dois meses desde a minha volta. Durante todo esse tempo, Charlie havia ganhado na loteria, e como havia prometido, deixou o posto de xerife e comprou uma casa confortável na reserva. A outra Kate, agora morando com ele, parecia estar bem adaptada à vida que eu costumava levar. Nunca falamos diretamente sobre a troca de corpo. Foi ideia dela ignorarmos o assunto — "Eu voltei, e você, por algum motivo, parecia ter encontrado um jeito de ficar também. Não há motivos para reviver isso", foi o que ela me disse.


Claro que Edward teve suas opiniões sobre isso, sugerindo que a outra Kate poderia precisar de um psicólogo. Ele teve que tapar a minha boca com a sua mão quando eu estava pronta para fazer uma piada sobre ela ser exatamente o tipo dele.


Naquela manhã, eu estava na casa de Charlie por um único motivo: precisava encontrar Billy e entregar a ele o colar que o ancião havia me dado. Esse era o favor que o ancião havia me pedido, e eu queria cumpri-lo da melhor maneira possível. No entanto, eu não esperava passar cinco horas sendo meticulosamente interrogada por ele sobre os eventos que me trouxeram até Forks.



– Charlie mora descendo a rua – avisou Billy, com sua voz calma, quase como se estivesse comentando o tempo.


– Eu não posso vê-lo – respondi, hesitante.


Ele ergueu uma sobrancelha para mim.


– E quem é que está te impedindo?



Essas palavras ficaram ecoando na minha mente enquanto eu andava de um lado para o outro em frente à porta da casa de Charlie, sentindo a ansiedade crescer a cada segundo que passava. Quando finalmente ouvi o som da fechadura girando, prendi a respiração. E lá estava ele, com os olhos arregalados, a boca aberta em um “o” perfeito, olhando de mim para sua filha, que estava na cozinha, perplexo.


– Eu... eu tive gêmeas? – ele perguntou, incrédulo.


Eu ri e o abracei com força, um alívio inesperado se espalhando pelo meu peito. A outra Kate, é claro, não ficou nada feliz com a minha decisão de contar a verdade a ele. Mas Billy estava certo: Charlie estava logo ali, e tentar evitar encontros em uma cidade como Forks seria impossível.


Carlisle, gentil e paciente, se encarregou de explicar a Charlie sobre vampiros e lobisomens, para que ele entendesse o que aconteceria comigo daqui a um ano. Naquela noite, sentados juntos para o jantar, Charlie me olhou com uma mistura de preocupação e ternura, seus olhos denunciando o medo de um pai.


– Tem certeza? – perguntou ele, com uma voz hesitante.



– Eu o amo – respondi com toda a sinceridade.


– Você está feliz? – insistiu ele.


– Sim.


Charlie me envolveu em um abraço forte. Sua filha biológica havia seguido com sua vida e o visitava apenas de vez em quando, então ele decidiu construir um quarto para mim em sua nova casa, oferecendo-me um espaço definitivo. Pela primeira vez, eu realmente sentia que tinha um lar.



Minha nova rotina foi um ajuste natural e, ao mesmo tempo, desafiador. Alice, sempre cheia de ideias, já havia planejado uma série de reformas para tornar a nova casa de Charlie mais moderna. Ela começou transformando o quarto dela e o meu, depois acrescentou novos móveis à sala e até quebrou uma parede da cozinha para deixá-la mais aberta e funcional. Charlie, embora murmurasse reclamações em voz baixa, nunca discutia com Alice, ele sabia que era inútil.



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