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Gustavo não parava de provocar Ana Flávia, e ela, tentando terminar de se arrumar, já estava com os nervos à flor da pele. Ele a observava com aquele sorriso travesso, cruzando os braços enquanto a olhava no espelho.

— Você não vai parar hoje, né? — Ana Flávia perguntou, ajeitando o vestido.

— Nem um pouco — ele respondeu, aproximando-se lentamente e parando bem atrás dela, com as mãos nos bolsos.

Ela suspirou, tentando manter a seriedade, mas sentia o calor do corpo dele tão próximo que se desconcentrava. Gustavo a observava pelo reflexo do espelho e, com um tom inesperadamente sério, disse:

— Precisamos conversar, Ana.

O sorriso dela se desfez na hora. Virou-se, surpresa, e sentou na beirada da cama, com a expressão preocupada.

— O que foi? — perguntou, agora inquieta, apertando o tecido do vestido entre os dedos.

Ele se aproximou, segurou as mãos dela e se abaixou um pouco, olhando-a nos olhos.

— Eu te amo. Não dá mais.

Ana piscou, confusa.

— Não dá mais o quê? — A ansiedade tomou conta dela por um segundo, e o coração disparou.

"Será que ele vai terminar comigo?", ela pensou, segurando a respiração.

Então Gustavo, com um sorriso brincalhão, completou:

— Não dá mais pra passar um segundo sem te beijar, sem te amassar, sem te apertar!

Ela soltou o ar com um suspiro profundo e, sem pensar, deu um tapa leve no braço dele.

— Gustavo Pierone Mioto! Eu achei que você ia terminar comigo, seu idiota! — reclamou, indignada.

Ele sorriu ainda mais e, ao perceber que ela usou o nome completo dele, abriu os braços em rendição.

— Ixi, falou meu nome inteiro... tô ferrado.

Ana Flávia fingiu emburramento, mas não conseguiu esconder um sorriso de canto.

— Nunca que eu ia terminar com você, meu amor.

Ele piscou para ela e respondeu:

— Eu acho bom mesmo, viu? — Antes que ela pudesse reagir, Gustavo a empurrou de leve para trás, fazendo-a cair na cama.

— Gustavo! — ela protestou, tentando manter a pose séria, mas ele foi mais rápido.

Ele se jogou por cima dela e começou a encher seu rosto de beijos rápidos, descendo para o pescoço e provocando-a com cócegas nas costelas.

— Para! — Ana gargalhou, tentando empurrá-lo, mas sem muita força.

— Só quando você sorrir, senhora emburrada! — ele disse, rindo junto.

Finalmente, ela não resistiu e soltou um sorriso, vencida pelas cócegas e pelos beijos incessantes.

— Tá bom, tá bom! Não tô mais estressada — admitiu, ainda rindo, com o rosto corado.

Gustavo deitou sobre ela, apoiando o peso com cuidado, e acariciou seu rosto. Ele a observava com um olhar apaixonado, e Ana Flávia sentiu o coração aquecer.

— Ainda assim, você é um chato. Onde você aprendeu a ser tão irritante? — perguntou, brincando, enquanto o encarava.

Ele abriu um sorriso malicioso.

— Eu aprendi pra conquistar uma pessoa que eu amo muito.

Ana estreitou os olhos, tentando decifrar. Por um momento, achou que ele estava falando de outra mulher e virou o rosto, emburrada.

— Hm... quer dizer que aprendeu pra conquistar outra pessoa, é? — Ela cruzou os braços, afastando-se para o canto da cama, como se ele tivesse cometido o maior dos crimes.

— Transando comigo agora só porque aprendeu com outra, é isso?

Gustavo riu baixo e se aproximou mais uma vez, segurando-a pelo pulso com delicadeza.

— Não, bobinha. Eu aprendi tudo isso pra conquistar você. E ficar com você... pro resto da minha vida.

Ana Flávia sentiu o coração apertar de emoção ao ouvir aquelas palavras, mas ainda fingia emburramento, mordendo o lábio para não sorrir.

— Bobo... — murmurou, tentando não se render.

Gustavo, então, puxou-a com firmeza e envolveu-a em seus braços. Ela se aninhou contra ele, deixando-se afundar naquele abraço seguro e quente.

— Eu me sinto tão protegida nos seus braços... — confessou baixinho, apertando-se mais contra ele.

Gustavo sorriu, acariciando os cabelos dela.

— E eu nunca vou deixar de proteger você.

Ficaram assim por um longo momento, respirando juntos, sentindo o calor um do outro. Não precisavam dizer mais nada. Ana Flávia se rendeu ao abraço e ao amor que compartilhavam, sentindo que, ali, nada mais importava além deles dois.

Naquele instante, não havia provocações, medos ou ciúmes. Apenas um sentimento profundo e verdadeiro que os unia.

Through His Lens • Miotela Onde histórias criam vida. Descubra agora