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Alguns dias depois, Gustavo estava no quarto, deitado na cama com o notebook no colo, respondendo e-mails. A luz suave do entardecer iluminava o ambiente e deixava o clima mais tranquilo. Ana Flávia estava no corredor, procurando algo no armário que ficava no final da escada.

— Achei! — Ela exclamou, animada, segurando uma caixa.

No entanto, ao dar o primeiro passo de volta, o pé escorregou no degrau. Tudo aconteceu rápido demais: Ana perdeu o equilíbrio e, com um grito curto, caiu sentada no meio da escada.

— Ai! — Ela gemeu, levando as mãos ao tornozelo.

Gustavo ouviu o barulho e, em um instante, largou tudo e desceu as escadas a toda velocidade.

— Ana! — Ele gritou, o coração disparado. — Meu Deus, você tá bem?

Ele se ajoelhou ao lado dela, os olhos arregalados de preocupação, as mãos já vasculhando o corpo dela para garantir que não tinha nada quebrado.

— Eu... eu tô bem, só... doeu na hora. — Ana Flávia tentava acalmá-lo, embora ainda estivesse meio atordoada com a queda.

— Calma, amor. Não se mexe. — Gustavo segurou o rosto dela entre as mãos, os olhos escaneando cada expressão que ela fazia. — Onde tá doendo?

— Acho que torci um pouquinho o pé, mas já tá passando.

Gustavo, ainda assim, a pegou no colo como se ela pesasse uma pena, carregando-a de volta para o sofá da sala.

— Você é doida de andar assim sem cuidado, amor! — Ele reclamou, mas o tom era suave, com um toque de carinho que derretia o coração dela.

Ele a acomodou com cuidado no sofá, pegou uma almofada e a colocou sob o tornozelo dela, elevando o pé.

— Vou pegar um remédio e gelo. Espera aí.

— Gustavo, eu já tô melhor... — Ana tentou protestar, mas ele a interrompeu com um beijo rápido na testa.

— Quietinha. Hoje eu que cuido de você.

Em poucos minutos, Gustavo voltou com uma bolsa de gelo, um copo de água e uma cartela de analgésicos. Ele se ajoelhou ao lado dela, colocou o gelo delicadamente sobre o tornozelo e deu o remédio para ela tomar.

— Não precisava de tudo isso... — Ana murmurou, tentando conter um sorriso.

— Precisava, sim. — Ele sorriu de volta, começando a massagear suavemente o pé dela. — E ainda tem mais.

— Mais o quê?

Gustavo se inclinou e começou a depositar beijos leves e lentos nos dedos dela, subindo pela curva do tornozelo até a canela.

— Gustavo! — Ana riu, sentindo-se mimada. — Isso é realmente necessário?

— Absolutamente essencial. — Ele respondeu com um sorriso travesso, os lábios roçando a pele dela.

Ela suspirou, relaxando completamente sob o toque cuidadoso dele. Cada beijo era lento e suave, como se ele quisesse garantir que toda a dor desaparecesse.

— Você não pode ser tão perfeito assim. — Ela brincou, afundando mais no sofá.

— Eu não sou perfeito. — Ele olhou para ela com um brilho no olhar. — Eu só amo cuidar de você.

Depois de um tempo, Ana Flávia parecia completamente recuperada, com a cabeça apoiada no braço do sofá, observando Gustavo ajeitar as coisas ao redor.

— Amor... — Ela chamou, a voz suave.

— O que foi? — Ele perguntou, sentando-se ao lado dela e acariciando o cabelo dela com os dedos.

— Tava pensando numa coisa.

— Hm? E o que seria? — Ele inclinou a cabeça, curioso.

— A Gabi falou que a gente parece um casal de coelhos.

Gustavo soltou uma risada baixa, já sabendo aonde a conversa ia levar.

— E você acha que ela tá errada?

Ana Flávia ergueu uma sobrancelha, divertida.

— Talvez não... Mas eu quero saber o que você acha.

— Ah, eu acho que ela tem razão. — Gustavo deu um sorriso provocador. — E você? Também acha?

Ela mordeu o lábio, fingindo pensar.

— Acho... Acho que é uma coisa boa, né?

— É muito boa. — Gustavo se aproximou mais, o rosto a centímetros do dela. — Quer confirmar isso agora?

Ana riu, dando um empurrãozinho de leve no peito dele.

— Não! Hoje é dia de descanso!

— Tudo bem... Só nos beijinhos, então. — Ele falou, já começando a distribuir beijos leves pelo pescoço dela.

— Gustavo... — Ela avisou, meio rindo, meio séria. — Se você continuar assim, vai acabar dormindo no sofá.

Ele parou de imediato, erguendo as mãos como se estivesse se rendendo.

— Tá bom, tá bom. Vou me comportar.

— Melhor mesmo, porque senão... Nada de Ana pra você por uma semana.

Gustavo arregalou os olhos, fingindo pânico.

— Uma semana? Não, pelo amor de Deus! Um dia sem você já foi insuportável.

Ana Flávia riu alto, se aconchegando mais perto dele.

— Você não presta, Gustavo.

— Não mesmo. E você gosta.

Eles riram juntos, aproveitando o momento de leveza e intimidade. Gustavo puxou-a para mais perto, abraçando-a de um jeito protetor, e ali ficaram, conversando sobre bobagens e aproveitando a companhia um do outro.

Through His Lens • Miotela Onde histórias criam vida. Descubra agora