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O dia começou tranquilo, como quase todos os dias com Gustavo e Ana Flávia. Os dois tinham decidido passar a manhã juntos em casa, cada um cuidando de suas coisas, mas sem desgrudar. Ana Flávia estava deitada no sofá, mexendo no celular, enquanto Gustavo organizava alguns e-mails de trabalho.

No meio disso, o celular de Gustavo vibrou em cima da mesa. Ela, distraída, pegou o aparelho e viu o nome na tela: Natália – RH. Ana sabia que era apenas uma colega de trabalho, mas o coração deu um leve aperto. "Por que ela tá mandando mensagem fora do expediente?"

Curiosa — e, admitia para si mesma, com um pouquinho de ciúmes —, ela desbloqueou o celular dele. Não tinha nada comprometedor, apenas uma troca rápida de mensagens:

Natália: "Oi, Gustavo! Tudo bem? Precisava confirmar se você vai participar da reunião de sexta. Qualquer coisa, me avisa!"

Só isso. Sem emojis suspeitos. Sem nada fora do normal. E, ainda assim, Ana Flávia sentiu o estômago revirar. Era ciúme bobo, ela sabia, mas a ideia de outra mulher mandando mensagem para ele incomodava.

Ela colocou o celular de volta na mesa, cruzou os braços e ficou quieta. Gustavo, que a conhecia bem demais, percebeu na hora o jeito diferente dela.

— Amor? — ele chamou, com a voz calma, se aproximando e sentando ao lado dela no sofá. — O que foi? Você tá estranha.

Ana desviou o olhar, tentando parecer indiferente.

— Nada, não.

Gustavo sorriu de canto, já entendendo o que estava acontecendo. Ele pegou o celular da mesa e olhou as mensagens rapidamente, confirmando o que suspeitava.

— Ah... foi por causa da mensagem da Natália?

Ana não respondeu de imediato, mas ele viu o jeito como ela apertou os lábios.

— Ana... — ele disse, puxando-a para mais perto. — Era só uma mensagem de trabalho, meu amor.

Ela deu de ombros, ainda emburrada.

— Sei lá, Gustavo... eu só... — Ela parou e suspirou. — Só não gostei.

Ele segurou o rosto dela com delicadeza, acariciando sua bochecha com o polegar.

— Você sabe que eu só tenho olhos pra você, né?

— Eu sei... — Ela suspirou de novo, olhando para ele com aquela mistura de vergonha e carinho. — É bobeira minha, desculpa.

Gustavo sorriu e deu um beijo suave na testa dela.

— Não é bobeira. Eu até gosto quando você fica com ciúmes. Fica tão linda emburradinha assim... dá vontade de te morder.

Ana Flávia não conseguiu evitar um sorriso.

— Bobo.

Ele a puxou mais para perto, segurando firme em sua cintura.

— Eu sou bobo, sim. Mas sou o seu bobo. E você sabe disso.

Ela revirou os olhos, mas o sorriso entregava que ela estava amolecendo.

— Você me irrita.

— Irritar você é um dos meus passatempos favoritos.

Ela tentou disfarçar, mas acabou rindo. Gustavo se aproveitou do momento e a beijou. Foi um beijo suave no início, mas cheio de promessas e carinho, daqueles que faziam o coração dela disparar.

— Te amo, sabia? — ele sussurrou contra os lábios dela.

— Também te amo... apesar de você ser impossível.

Through His Lens • Miotela Onde histórias criam vida. Descubra agora