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O hotel em Londres estava quieto, mas dentro do quarto de Ana Flávia e Gustavo, a atmosfera era tudo, menos tranquila. Ele estava encostado na parede, braços cruzados, um sorriso malicioso no rosto. Ana, sentada na cama, colocava os brincos enquanto lançava olhares rápidos e suspeitos para ele. Gustavo tinha aquela expressão de quem estava aprontando alguma coisa.

— Gustavo, o que foi? — ela perguntou, já meio desconfiada.

— Nada, amor. Só tô te observando. — Ele inclinou a cabeça, claramente tentando provocá-la.

Ana bufou e voltou a se arrumar em frente ao espelho. Estava escolhendo um perfume quando sentiu um par de braços fortes envolverem sua cintura por trás.

— O que você quer agora? — perguntou, já impaciente.

Gustavo encostou o queixo no ombro dela, sorrindo como se fosse a pessoa mais inocente do mundo.

— Nada... só tô pensando em como você fica linda irritada.

Ela revirou os olhos e se afastou.

— Você tá procurando confusão, Mioto.

Ele seguiu atrás dela pelo quarto, feito sombra, cutucando-a de leve no braço, fazendo caretas cada vez que ela olhava para ele.

— Quer parar? — Ana resmungou, tentando não rir.

— Não consigo. É que você faz umas carinhas tão engraçadinhas... — Ele beliscou de leve a cintura dela, provocando um arrepio.

— Gustavo! — Ela se virou, batendo de leve no ombro dele, mas ele apenas riu.

— Ihh, é só isso que você tem? Fraco demais, hein...

Ana respirou fundo, cerrando os olhos.

— Gustavo Mioto, se você continuar, vai dormir no sofá hoje. E não é só isso, não. Vai ficar dois dias sem encostar a mão em mim. Nem na minha mão.

— O quê?! — Ele arregalou os olhos, fingindo indignação. — Você tá brincando, né?

Ela cruzou os braços, encarando-o com firmeza.

— Experimenta e vê se eu tô brincando.

Gustavo deu um passo para trás, levantando as mãos em rendição, mas o sorriso no canto da boca denunciava que ele ainda não havia terminado.

— Você sabe que eu adoro desafios, né?

Ela estreitou os olhos.

— Continua, Gustavo. Continua só pra ver o que acontece.

Ele sorriu mais ainda, provocador.

— Ah, então quer dizer que eu tô liberado pra irritar você à vontade? Beleza.

— Gustavo... — Ela avisou, mas ele se aproximou mais uma vez, beliscando sua cintura de novo e saindo correndo para o outro lado do quarto.

— Pronto, vou dormir no sofá mesmo, então vou aproveitar! — Ele riu, quase infantil, enquanto ela o olhava incrédula.

— Você é inacreditável. — Ana apontou para a porta. — Vai pro sofá agora!

— Agora? Não pode ser mais tarde? Tá frio lá fora...

— Ou você vai agora ou eu volto pra Nova York e deixo você sozinho aqui em Londres! — Ela ameaçou, batendo o pé.

Gustavo piscou, surpreso, e levou a mão ao peito dramaticamente.

— Você não faria isso comigo, faria?

— Experimenta, Mioto. Experimenta só pra ver.

Ele deu um passo para a porta, como quem aceita o destino.

Through His Lens • Miotela Onde histórias criam vida. Descubra agora