Capítulo 2.

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Eunji sentia-se um fardo. Seu marido parecia não notá-la de forma alguma, absorvido em seu trabalho e hobbies.

As noites são frias, sem o calor que um casal deveria ter.

Ela tentava chamar sua atenção com pequenos gestos: um sorriso forçado, um toque leve no braço, uma pergunta sobre seu dia, quase nunca ganhando uma resposta, o alfa ficava imóvel sem erguer os olhos de seu livro ou celular.

Uma noite, enquanto preparava o jantar, Eunji não conseguia conter as lágrimas, quando um comercial genérico e estúpido passou na televisão de uma família feliz e com filhotes. Todos os dias, a verdade doía cada vez mais.

Enxugou as mãos no avental e foi até o quarto, onde Jungkook estava sentado na cama, ainda absorvido em seu mundo, quem sabe refletindo sobre tudo, sobre o quão infeliz era, e sobre o quão odiava a família de sua esposa, sobre o quão odiava sua esposa por força-lo a se manter nisso.

Ela se aproximou, sentou-se ao lado dele e colocou a mão em seu ombro. Ele não reagiu, mas sempre odiando este mesmo toque invasivo.

Nesse momento, um pensamento surgiu na mente da beta. Talvez, apenas talvez, um filho pudesse trazer mais alegria na vida dela e do alfa.

Uma família poderia fazê-lo ama-la.

Ela amava crianças, e como professora voluntária, via a pureza e a curiosidade nelas, e sempre sonhou em ter os próprios filhotes. Mas Jungkook era um alfa, e ela, uma beta.

O processo de concepção seria complicado, se não impossível, sem intervenção médica, e mais alguns rios de investimentos sem retorno.

Além disso, havia o problema da intimidade.

Jungkook apenas cumpriu seus deveres conjugais uma vez, logo após o casamento, como se fosse uma obrigação. Desde então, não houve mais noites de paixão ou simplesmente de conexão. Eunji sentia-se rejeitada, mas a ideia de ter um filhote agora a consumiu.

Não demorou muito para Jungkook respondê-la.

— Irei me deitar no quarto de hóspedes, por favor, não me incomode mais. — disse ele, com rispidez na voz, arrancando o toque dela.

— Me desculpe...

No dia seguinte, a luz se esvaía lentamente, atingindo o céu com o laranja entardecer, enquanto Eunji sentava-se à beira da janela, o coração pesado como uma âncora.

Este é um dos dias em que Jungkook não voltava para casa.

O silêncio que a envolvia era mais estrondoso do que qualquer briga que tivesse tido com o alfa.

A ideia de que um filhote poderia salvar seu casamento estava se esvaindo como as últimas cores do céu, e a desesperança se acumulava como nuvens escuras.

Naquela noite, a conversa com uma amiga, por telefone, a fez despertar para uma possibilidade.

— Se o seu amor por Jungkook é verdadeiro e dura há tanto tempo, vá ao convento dos ômegas. Eles têm o poder de realizar milagres. — As palavras dançavam na mente de Eunji, como um sussurro nas brisas noturnas.

Mas o convento, erguido nas montanhas acima da matilha, era um lugar sagrado, onde a pureza dos ômegas era reverenciada e a vida dos mortais se tornava mera poeira ao vento.

Um milagre... só assim para fazer este alfa me amar... — pensou ela, o desejo ardente crescendo dentro de si. — É a única saída. — E assim, com a determinação de quem se agarra à última palha em um mar tempestuoso, Eunji decidiu que faria o que fosse preciso.

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