Capítulo 8

1.2K 296 60
                                    

Uma semana depois, Eunji observava Jungkook com uma estranha sensação, porém, não exatamente ruim.

Havia algo diferente nele, uma leveza incomum, como se o peso habitual de frustração e amargura que ele carregava nos ombros tivesse se dissipado, ele estava se tornando alguém menos revoltado.

Era sutil, mas perceptível; seu olhar não era mais tão denso, e, por mais que o marido ainda mantivesse uma certa distância emocional dela, ele já não parecia tão áspero ou impaciente.

Nos últimos dias, Jungkook deixava o ambiente menos carregado, e o silêncio entre eles parecia menos incômodo.

Eunji suspeitava que Jimin estivesse ajudando a pacificar a aura de seu marido; afinal, o ômega passava horas conduzindo purificações e rituais em seus aposentos.

Aquela serenidade, que emanava de Jimin, parecia ter alcançado Jungkook, suavizando-o, tornando-o menos hostil, um alfa melhor, exatamente como havia pedido.

Ela não sabia ao certo como se sentia em relação a isso, mas percebeu que Jimin tinha um efeito que talvez ela mesma jamais fora capaz de ter.

Então, pensou que o milagre levava mais tempo para ser feito, e não deveria ter duvidado tão duramente do santo ômega.

No templo particular de Jimin, Jungkook se encontrava sentado em posição de meditação, envolto na suave fragrância dos incensos e na luz bruxuleante das velas que preenchiam o ambiente.

Sob as instruções de Jimin, ele realizava rituais de respiração e relaxamento, práticas que acalmavam sua mente inquieta e aliviavam as tensões que ele nem sabia estar carregando.

Jimin, como sempre, era uma figura de luz. Movia-se pelo ambiente com uma graça natural, as vestes delicadas roçando o chão, enquanto ele ajustava amuletos ou acendia novos incensos.

Ele era como um ser de outro mundo, uma presença sagrada que Jungkook começava a admirar profundamente. Fazia um mês que a presença dele o agraciava.

Havia uma beleza pura, quase hipnotizante, nos gestos calmos de Jimin, nos sorrisos discretos que ele oferecia quando os olhares de ambos se cruzavam.

Jungkook sentiu o início de algo diferente, uma admiração que não era mais apenas respeito pela posição espiritual de Jimin como um santo.

Era algo mais profundo, como se ele estivesse à beira de uma devoção romântica, o desejo de proteger e venerar essa figura tão graciosa e calma, que aos poucos dissolvia sua armadura de frieza. E tudo piorava sua situação, quando acabou ficando um pouco dependente de seus feromônios.

Após o jantar silencioso, Jimin, de maneira inesperada, levantou-se primeiro, quebrando a rotina que todos já haviam assimilado.

Normalmente, ele esperava até que todos se retirassem antes de sair da mesa, mas, naquela noite, havia algo distinto em sua postura, um ar de decisão que Jungkook e Eunji notaram de imediato.

— Tenho um anúncio a fazer. — Jimin disse, a voz baixa e calma, mas com um tom de resolução que capturou a atenção de ambos. — Houve um grande progresso no processo de purificação deste lar, e acredito que, em breve, tudo será concretizado. — Ele fez uma pausa, seus olhos pousando por um momento em Eunji, que olhava para ele com expectativa. — Preciso pedir, Eunji, que se retire da casa esta noite. Será o último ritual para o primeiro milagre, e, pela natureza dos métodos necessários no que você pediu, sua presença pode interferir em vários sentidos, além de ser desconfortável para você.

Eunji quase engasgou com o suco ao ouvir o pedido direto.

Ela olhou para Jimin, perplexa, sem entender exatamente o motivo de precisar sair, mas algo na calma inabalável do ômega a fazia crer que isso era necessário. Tudo por seu casamento.

Sob o véu Santo. Onde histórias criam vida. Descubra agora