Capítulo 7

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O sol ainda mal despontava quando Jimin acordou, sentindo o peso do que havia ocorrido na noite anterior pairando pelo apartamento.

Vestindo uma túnica branca, ele começou um ritual de purificação que usava desde o templo, acendendo incensos e entoando mantras baixos para limpar a energia negativa que a confusão de Eunji havia deixado.

Os empregados já tinham limpado fisicamente a bagunça dos estilhaços de vidro da garrafa de vinho, mas Jimin sabia que as marcas espirituais eram mais difíceis de apagar.

Em meio a esse processo silencioso, Eunji surgiu do quarto, os olhos semicerrados, claramente atordoada, uma mão pressionando a cabeça.

Seus passos eram hesitantes, e a expressão de confusão a cada canto da casa parecia indicar que ela não se lembrava de nada do que tinha acontecido na noite anterior. Ao ver Jimin, que mantinha-se focado em seu ritual, ela se aproximou.

— Santo ômega… — ela começou, mas foi cortada pelo ômega, que a ignorou com uma frieza inabalável virando o rosto, passando por ela sem sequer olhá-la, sua túnica voando em passos apressados.

Ele apenas apontou para a sala de refeições, onde fica a mesa de café da manhã, onde os empregados estavam terminando de servir as iguarias matinais.

— Sirva-se. — foi tudo o que disse, deixando Eunji ainda mais confusa.

Ainda sob o efeito do choque e sem entender bem o que tinha acontecido, Eunji dirigiu-se à mesa, com uma expressão de incômodo que misturava vergonha e arrependimento.

Ela não insistiu na conversa, mas a inquietação era visível em cada gesto seu.

Logo depois, Jungkook entrou na sala, já vestido com seu terno, pronto para o trabalho. Sua expressão trazia algo incomum: um sorriso leve, talvez até satisfeito.

Aproximando-se de Jimin, o alfa se abaixou levemente, como se esperasse receber uma bênção na testa. Jimin arqueou uma sobrancelha, e um sorriso irônico apareceu em seus lábios.

— Achei que isso fosse uma farsa para você. — ele provocou, sem esconder o tom de ironia. — Quem pediria a benção de um impostor?

Jungkook hesitou, claramente envergonhado. Após um breve silêncio, ele murmurou sem levantar o rosto:

— Eu… eu estava errado. Me desculpe.

Jimin analisou Jungkook por um momento, avaliando a sinceridade em seus olhos. Depois de alguns segundos, tocou levemente a testa de Jungkook com os dedos, num gesto de bênção.

— Pronto. Agora vá servir. — disse, seu tom sereno contrastando com a provocação de antes. — Eu lhe perdôo pela descrença, uma pobre alma não sabe discernir corretamente o espiritual do físico.

Quando Jungkook se virou para ir até a mesa, ele fez uma última pergunta, com um toque de hesitação.

— Você quer mesmo que eu… me junte a ela? — Ele gesticulou levemente na direção a sala de refeições.

Jimin manteve a expressão serena e firme.

— Sim, deve se juntar a ela. — respondeu simplesmente, encerrando a conversa. — Eu disse que as refeições são importantes.

Conforme Jungkook sentava-se na mesa com Eunji para a refeição, o ambiente não era bom.

A presença de Jimin parecia imponente, quase divina, enquanto ele continuava seu ritual silencioso de purificação, emanando uma aura que tanto Jungkook quanto Eunji não podiam ignorar.

Jimin sentou-se à mesa com a mesma tranquilidade que exalava desde cedo, servindo-se de um pão e passando manteiga com movimentos suaves e elegantes. Ignorando as duas energias negativas de enfrentando.

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