Capítulo 4

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Ao chegarem ao apartamento de Jungkook e Eunji, a atmosfera já estava carregada de uma sensação desconhecida. Os empregados foram dispensados depois do preparo do local destinado ao santo ômega, e o silêncio se instalou entre os três.

O alfa e a beta estavam nervosos.

Jimin, ainda com o véu, adentrou o lar com passos suaves, quase flutuando. É a primeira vez que sai do convento, então sua curiosidade é bastante compreensível, mas ninguém ainda conseguia ver sua expressão explorando o novo ambiente.

O apartamento deles é grande, claramente ambos são pessoas de poder financeiro, isso o ômega supôs de cara. Mas, ainda assim, sua figura parecia se destacar em meio à decoração minimalista e impessoal do apartamento, e seu véu branco, brilhando levemente sob a luz, adicionava uma aura misteriosa ao ambiente.

Jungkook observava tudo de forma cautelosa, o desconforto em seu peito se intensificando.

Ele tentou ignorar a presença do ômega, mas os movimentos de Jimin eram irresistivelmente hipnotizantes.

A cada passo, Jimin parecia impregnar aquele espaço com uma essência quase sagrada, mas Jungkook não conseguia se livrar da estranha inquietação que surgia dentro dele.

— Onde será o meu templo pessoal? — a voz de Jimin ecoou, suave, mas exigente, pois sua vida foi regada de dar ordens e seus servos e devotos segui-las.

Eunji deu um passo à frente, com um sorriso acolhedor, e respondeu, indicando um dos cômodos de hóspedes que havia preparado para ele. Apesar de seu marido não dormir no mesmo cômodo que ela mais, havia um quarto sobrando, ela não pensou duas vezes em mandar ajeita-lo para o ômega.

— Fique à vontade, Jimin. Esse será o seu espaço enquanto estiver aqui fazendo suas orações.

Jimin assentiu lentamente, mas ao invés de seguir para o quarto, virou-se para Jungkook, fixando-o com um olhar profundo e enigmático no alfa parado logo atrás, observando profundamente.

— Senhor Jeon, sinto que será de extrema importância sua presença no meu ritual de purificação. Seu espírito carrega uma carga pesada, que pode dificultar a realização de meu milagre nesta casa.

Jungkook franziu o cenho, sem entender a situação.

Ele não acreditava em milagres, muito menos nos poderes desses ômegas com o nariz em pé que viviam acima da montanha, ele só queria se livrar de sua lamentável esposa, e a situação estava ficando cada vez mais ridícula, e então a intensidade dos olhos de Jimin o fez hesitar.

— Meu... espírito? — ele repetiu, com um toque de incredulidade. — E que tipo de purificação seria essa?

— Não é algo que possa ser explicado com palavras, mas sim sentido, senhor Jeon. — Jimin respondeu, enigmático. — Confie em mim, eu só preciso de uma chance.

Eunji observava a cena, com um misto de esperança e incerteza, sem saber ao certo o que esperar da presença do santo ômega em sua casa.

Por fim, Jungkook suspirou e se afastou, dirigindo-se ao seu escritório sem responder. Jimin o acompanhou com o olhar até ele desaparecer do corredor.

— Sinto uma dor profunda em seu marido, senhora Eunji. — Jimin sussurrou, com a voz baixa, como se falasse consigo mesmo. — Uma dor que talvez apenas eu possa curar...

As palavras de Jimin pareciam ter um peso sobrenatural, e Eunji, tomada por uma súbita reverência, apenas assentiu. A ideia de que Jimin poderia realmente curar seu casamento começou a se tornar uma possibilidade real para ela.

Naquela noite, o silêncio envolveu o apartamento como um manto. Enquanto Jungkook se mantinha distante, Eunji aproveitava para perguntar a Jimin sobre o processo do milagre, querendo entender cada detalhe.

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