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Sakura nunca teve um sono exigente.

Depois de tantos plantões no hospital, onde se acostumou a descansar em qualquer lugar — desde poltronas nada confortáveis até colchões duros nas salas de repouso do hospital — ela havia desenvolvido a habilidade de dormir quase que instantaneamente, bastando um lugar para encostar.

Com a rotina intensa de turnos de 12 horas ou mais, bastava uma oportunidade e ela já estava adormecida. Não fazia diferença se havia pessoas ao redor; o cansaço a arrastava para o sono.

Mas naquela noite, às duas da madrugada, a coisa era bem diferente.

Em vez de dormir automaticamente, ela encarava o teto escuro do quarto. Os lençóis e cobertores estavam espalhados pelo chão, resultado de sua inquietação. Ela suspirou, tentando entender o porquê da insônia, e se sentou na cama, ainda surpresa com o fato de que, mesmo cansada, simplesmente não conseguia descansar.

Ela até considerou tomar algo para dormir, mas afastou a ideia. Depois de um longo período em que precisou recorrer a medicações para ansiedade — algo que o estresse da profissão às vezes tornava necessário — sabia que era melhor evitar se auto-medicar.

Ela sempre tentava lembrar que, como médica, já tinha a tendência de "diagnosticar" os próprios sintomas e tomar decisões rápidas, o que não era exatamente recomendável. Então, suspirando novamente, decidiu levantar-se e caminhar um pouco, talvez ajudasse.

Na cozinha, pegou uma garrafa de água gelada que havia deixado no freezer e tomou alguns goles lentos, ate esvaziar, sentindo o frescor no corpo. O silêncio da casa parecia quase opressor; estava acostumada ao barulho dos filhos durante o dia, às risadas, aos passos apressados.

Ao final, acabou se sentando no sofá da sala, tentando organizar os pensamentos. A situação toda estava sobrecarregando sua mente.

Só esperava que ele se lembrasse logo, temia o impacto que esse tempo pudesse  ter nos filhos, esse modelo de dinâmica familiar.

Apos esse momento foi para o quarto e se forçou a dormir, o que demorou mais do que o esperado e ocasionou uma insistencia de seu corpo em permanecer deitado quando Nitso apareceu, pulando em sua cama e dizendo que Hinata estava ali.

Sakura demorou alguns segundos para entender,  quando raciocinou, pulou, calçando suas pantufas e arrumando seu cabelo com os dedos.

Que horas eram?

Como ela havia acordado depois dos próprio filho?

Espere...Hinata?

Correu para o banheiro escovando os dentes apressadamente, jogou um pouco de agua no rosto, com a esperança de que isso espantaria um pouco do sono.

Sua cara não era nada boa.

Mas não parecia muito diferente do que quando voltava do trabalho.

Sakura saiu do quarto às pressas, o som de risadas vindo da sala aumentava conforme ela se aproximava. Podia ouvir a voz de Satumi misturada com a de Hinata, que parecia conversando de forma descontraída.

Ainda tentando espantar o resto do sono, ajeitou novamente o cabelo de forma improvisada enquanto descia o corredor, tentando parecer mais desperta do que realmente estava.

Ao chegar à sala, encontrou Nitso novamente, Satsumi tambem estava, ambos sentados ao lado de Hinata, abrindo presentes.

Aparentemente Hinata havia acabado de chegar, conhecendo os filhos que tinha, Sakura sabia que a mulher não havia precisado bater mais do que tres vezes para que eles a guiassem para dentro, antes mesmo de avisar a mãe que alguém havia chegado.

P̴a̴s̴t̴ - NarusakuOnde histórias criam vida. Descubra agora