P̴a̴s̴t̴ - Narusaku

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As últimas duas semanas foram as piores que Sakura enfrentou em muito tempo.

Desde o momento em que soube do estado crítico de Naruto, ela esteve sob uma pressão constante, tentando conciliar suas emoções com a responsabilidade de manter a família unida e informada.

Felizmente, o hospital onde trabalha mostrou compreensão diante da gravidade da situação e permitiu que ela tirasse um tempo para cuidar de si e das crianças.

Nada estava sendo fácil. O principal motivo de sua preocupação eram seus filhos, que estavam tendo dificuldades para lidar com a situação. Satsumi e Nitso, mesmo em idades diferentes, compartilhavam a mesma ansiedade. A cada dia, eles perguntavam sobre o pai, querendo saber quando poderiam vê-lo novamente. Sakura se via sem palavras.

Naruto, após o ataque, foi colocado em coma induzido para reduzir os danos cerebrais, e não havia como prever quando ele poderia acordar ou como seria sua recuperação. Tudo o que ela conseguia fazer era esperar que houvesse alguma melhora no quadro clínico dele. Mas como explicar isso a crianças?

Sakura sabia que manter a calma era essencial, mas internamente, a incerteza e a preocupação a corroíam. Além disso, uma situação que inicialmente parecia uma vantagem começou a se transformar em um novo fardo. Naruto era uma figura pública extremamente conhecida, e o caso do atentado a ele se tornou rapidamente o mais comentado do país.

A repercussão era enorme, com repórteres e jornalistas de todo o lugar buscando atualizações sobre seu estado de saúde. Todos os dias, surgiam notícias nos principais noticiários, especulando sobre o que poderia ter acontecido e como Naruto estava. Isso começou a desgastar Sakura emocionalmente, pois o foco da mídia estava tomando proporções assustadoras.

A situação se complicava ainda mais por causa da presença de Hinata. Oficialmente, ela era apresentada como a noiva de Naruto, o que atraía ainda mais os holofotes para a situação.

Hinata, estava constantemente aparecendo na televisão, dando entrevistas para grandes jornais e emissoras, sempre com um tom esperançoso e otimista sobre a recuperação de Naruto.

Embora isso, de certa forma, ajudasse a desviar um pouco da atenção de Sakura, ela não pôde deixar de notar o desconforto crescente. Ver Hinata falando sobre o estado de Naruto para o público, enquanto ela, Sakura, era quem recebia as atualizações médicas reais devido ao vínculo legal, era uma situação complicada, porque virava um telefone sem fio, e a noticia ficava cada vez mais distorcida.

O problema aumentou quando alguns jornalistas começaram a procurar Sakura diretamente. Ela desconfiava que isso havia ocorrido por causa de algum vazamento de informação, provavelmente de um prontuário médico, onde seu nome ainda aparecia como a esposa legal de Naruto. De repente, ela estava sendo empurrada por perguntas sobre o estado de saúde dele, mesmo não estando disposta a falar sobre o assunto.

Aquilo estava começando a afetar seu dia a dia, tornando tudo ainda mais sufocante.

Depois de um longo banho, Sakura sentiu-se um pouco mais revigorada, mas a tensão ainda pairava sobre ela. Ela chamou as crianças para o jantar.

Em dias normais, faria questão de preparar uma refeição nutritiva e caseira, se tivesse de folgamas, com tudo que estava acontecendo, isso parecia impossível. Então, decidiu pedir comida chinesa. Sabia que não era o mais saudável para eles, mas no momento era o que conseguia fazer.

Cozinhar parecia uma tarefa monumental com o peso emocional que estava carregando, e sair para jantar em um restaurante estava fora de questão. A privacidade de sua família já estava comprometida demais.

Os filhos de Naruto eram relativamente conhecidos. Ele sempre fazia questão de compartilhar fotos dos momentos em família nas redes sociais, era um pai presente e amoroso. Mesmo quando não postava nada, havia inúmeros flagras de paparazzis dele passeando com as crianças, indo a eventos ou embarcando no jatinho particular com Hinata e os filhos.

As vezes, as pessoas reconheciam Satsumi e Nitso em público. Essa otoriedade estava começando a incomodar Sakura mais do que nunca, especialmente porque os filhos estavam sendo alvo de curiosidade indesejada.

Ela sabia que, na escola, a situação também não estava fácil, principalmente para Nitso, que estudava com criancas mais novas e sem muito pudor.

Ela havia recebido relatos do filho que alguns colegas de sua turma estavam constantemente perguntando sobre o pai dele, querendo saber como Naruto estava após o atentado, algumas perguntas eram muito indelicadas e só aumentavam a ansiedade do garoto, e isso partia o coração de Sakura.

Satsumi, embora mais velha, também sentia o peso da fama do pai e as expectativas que isso trazia.

Por isso, Sakura decidiu manter as crianças longe da escola por alguns dias, até que a poeira baixasse um pouco e as perguntas diminuíssem. No fundo, ela temia que essa exposição acabasse piorando as coisas, havia pedido para reforçarem a segurança do predio, mesmo que ja fosse um dos mais tecnologicos.

Enquanto comiam o jantar, o clima estava pesado, silencioso. Sakura tentava sorrir e agir normalmente, mas mesmo ela ja estava cansada.

Ela não havia contado para eles que no dia seguinte os médicos fariam uma tentativa de acordar Naruto do coma induzido. O objetivo era avaliar os danos cerebrais e ter uma noção mais clara de seu estado de saúde.

O médico até a convidara a estar presente no momento, ela optou por manter essa informação em segredo.

Sabia que suas crianças poderiam criar expectativas irreais, acreditando que o pai acordaria magicamente, totalmente recuperado, e que tudo voltaria ao normal.

Com sua experiência em casos assim, ela entendia que nem sempre as coisas aconteciam da forma desejada. Podia ser um processo longo e cheio de incertezas, e não queria que as crianças se apegassem à ideia de que Naruto seria liberado do hospital tão cedo.

Na manhã seguinte, Sakura saiu de casa, antes que as crianças acordassem, assim que a babá chegou. Seguiu em direção ao hospital.

Ela ficou aliviada ao poder entrar por uma entrada lateral, sem ser confrontada por muitos jornalistas. No entanto, notou que havia alguns repórteres no local, o que a fez suspeitar que a informação sobre a tentativa de acordar do coma havia vazado.

Era provável que alguém da equipe médica ou um funcionário do hospital tivesse passado essa informação para a imprensa. Ainda assim, com a segurança reforçada, ela conseguiu entrar sem ser incomodada e suspirou profundamente, cansada de toda a exposição midiática.

Ao chegar no hospital, Sakura se encontrou com o médico responsável pelo procedimento.

Embora ela soubesse como funcionava o processo, havia uma ansiedade no ar. O médico explicou mais uma vez os detalhes, mais por procedimento do que necessidade, ja que ela ja estava familiarizada: seria um processo gradual e poderia levar de algumas horas a dias para que Naruto realmente despertasse.

Decidiu permanecer no hospital para esperar atualizações sobre qualquer progresso, mesmo sabendo que poderia levar tempo, ela obviamente havia avisado Hinata, até porque, seria ela quem o Uzumaki desejaria ver.

Depois de algumas horas aguardando, ela foi até a cafeteria no andar térreo para comer algo. Estava tomando um café quando ouviu um som alto vindo da entrada do hospital. Ao olhar de longe, viu Hinata entrando pelos corredores, seguida por alguns repórteres que tentavam a todo custo fazer perguntas, enquanto os flashes das câmeras iluminavam o caminho.

Felizmente, a segurança do hospital manteve os repórteres afastados, deixando ela entrar. Quando ela notou Sakura, rapidamente se aproximou.

Ainda era estranho para Sakura ver Hinata, principalmente em situações como essa, mas ela precisavaser madura. Apesar de toda a confusão de sentimentos, ela a cumprimentou com um aceno breve, e informou que Naruto ainda não havia despertado. As duas permaneceram em silêncio por um tempo, o desconforto entre elas era palpável, mas ambas sabiam que, de alguma forma, estavam ali pelo mesmo motivo.

Horas depois, uma enfermeira se aproximou de Sakura com uma expressão cautelosa.

— O senhor Uzumaki acordou.