1|Bound to Darkness

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A luz do amanhecer acariciava as águas do porto, tingindo o horizonte com tons suaves de dourado e carmim, mas para Aurora, o brilho era como uma promessa distante, quase inalcançável. Encostada na amurada do navio, seus olhos se perdiam na imensidão do mar, contemplando as ondas que se erguiam e desapareciam com uma força quase mágica. Desde menina, sonhava em navegar para além dos limites de sua vida confortável, onde cada passo era cuidadosamente monitorado, cada palavra ensaiada. Mas esse sonho parecia uma miragem.

Filha de uma família aristocrata, Aurora cresceu em um mundo de regras, onde seu papel estava traçado desde o nascimento. Seus dias eram preenchidos por aulas de etiqueta, conversas vazias e um eterno silêncio quanto ao que realmente sentia ou desejava. Sua pele era de uma palidez delicada, seus cabelos caíam como uma cascata de fios dourados e, embora seus traços fossem sempre elogiados pela sociedade, sentia-se aprisionada, como uma bela rosa confinada a um jarro de cristal.

Mas dentro de Aurora, havia uma inquietação, uma chama incontrolável que a fazia questionar tudo. Ela ansiava por algo mais, algo que queimava em seu peito, uma liberdade que só havia sentido em breves momentos, como o toque do vento ao sair às escondidas para caminhar pelo bosque, ou quando lia histórias de aventuras e romances proibidos.

O destino a levara até aquele navio, acompanhada por sua família em uma viagem que deveria consolidar alianças e assegurar o futuro próspero de seus pais. Contudo, para ela, era apenas mais uma prisão com paredes de velas e mastros, navegando rumo ao desconhecido. Ela mantinha uma expressão serena, enquanto, por dentro, seu coração pulsava com uma ansiedade secreta, uma promessa de que talvez, apenas talvez, algo inesperado pudesse acontecer e libertá-la de uma vida de convenções e deveres.

Com os olhos perdidos no mar, Aurora suspirou. Sabia que ninguém ao seu redor imaginaria o turbilhão de emoções que sentia. Seus pais, sempre preocupados com aparências e acordos, jamais perceberiam o quanto a filha ansiava por mais do que festas e sorrisos forçados. Eles a tratavam como um adorno, uma peça delicada e frágil, sem notar a força invisível que Aurora carregava em seu âmago.

O vento levantou alguns fios de seu cabelo, e ela fechou os olhos, permitindo-se um raro momento de vulnerabilidade. Em silêncio, fez um pedido ao mar, uma oração para que algo – ou alguém – a tirasse de seu caminho traçado. Ela não sabia se o destino atenderia sua súplica, mas sentia que aquele chamado ecoava além das ondas, sendo levado para as profundezas dos mistérios que se escondiam além do horizonte.

Ao longe, no limite de sua visão, uma sombra começou a surgir na linha do mar, pequena e quase indistinta, mas suficiente para quebrar a monotonia da paisagem. Talvez fosse apenas um barco qualquer, um mercador ou um pescador retornando. Mas, no fundo, Aurora desejava que fosse algo mais.

Aurora era uma visão inesquecível. Seus cabelos loiros caíam em ondas suaves, capturando a luz como se fossem feitos de fios dourados. Cada movimento seu parecia planejado pela própria natureza para encantar. Sua pele era clara, quase translúcida, com um toque de rosado nas maçãs do rosto que acentuava sua beleza delicada. Mas, por trás desse semblante impecável, Aurora carregava uma força única, uma intensidade que poucos perceberam além da superfície.

Ela possuía um corpo escultural, com curvas que exalavam feminilidade e graça, o tipo de figura que os artistas sonhavam em capturar em suas pinturas. Vestidos de seda e veludo sempre moldavam sua silhueta, destacando cada detalhe de sua beleza, como uma joia rara exibida em uma vitrine. Seus olhos, de um azul profundo, revelavam um misto de tristeza e inquietação, quase como se escondessem um segredo que ninguém mais pudesse compreender.

Desde cedo, Aurora sabia que seu destino já estava escrito. Seu pai, um homem de negócios influente, assegurava um casamento vantajoso para ela, um acordo que traria mais prestígio e alianças poderosas à família. O noivo escolhido era um cavalheiro de aparência agradável, mas Aurora jamais sentiu qualquer chama de paixão ou conexão verdadeira com ele. Para ela, aquele compromisso representava o encerramento de qualquer chance de liberdade, o último elo de uma corrente invisível que a prendia a uma vida de obediência e deveres.

Nas Garras do CapitãoOnde histórias criam vida. Descubra agora