Naquela noite, a escuridão do oceano parecia mais profunda do que nunca, e o céu estava salpicado de estrelas silenciosas, observando de longe o pequeno navio que flutuava nas águas calmas. Aurora se acomodara na cama, tentando ignorar uma sensação estranha que vinha crescendo ao longo do dia, algo inquietante, um prenúncio de que algo grande estava por vir.
Deitada, ela olhava para o teto do quarto e acariciava a barriga já enorme, sentindo a familiar agitação dos bebês, que pareciam estar impacientes, como se estivessem prontos para conhecer o mundo. Mas, por mais que tentasse se preparar, nada poderia tê-la preparado para o que viria.
De repente, uma onda de dor atravessou seu corpo, e ela arqueou as costas, soltando um pequeno gemido involuntário. A dor era forte, intensa, diferente de qualquer outra que já havia sentido. Seu coração disparou, e uma sensação de pânico a percorreu por um momento. Ela inspirou fundo, tentando manter a calma, mas então outra contração veio, ainda mais forte, como se o próprio oceano estivesse rugindo dentro dela.
— Dante... — murmurou, a voz fraca e trêmula.
Ele não tardou a aparecer. Quando Dante entrou no quarto e a viu contorcendo-se, seu rosto se encheu de preocupação, e ele se aproximou, segurando sua mão. Seus olhos estavam fixos nos dela, tentando transmitir força, mas ela sabia que ele também estava aterrorizado.
— Está tudo bem, estou aqui. — Ele murmurava, como se suas palavras pudessem dissipar a dor que Aurora sentia.
Mas Aurora sabia que o momento havia chegado. A dor se intensificava, como ondas que batiam incessantemente nas rochas. Ela apertava a mão de Dante, e cada contração parecia arrancar-lhe o ar dos pulmões. Suas respirações ficaram ofegantes, e lágrimas escorriam de seus olhos, não apenas pela dor, mas pelo medo, pela incerteza do que estava por vir.
O curandeiro e algumas mulheres da tripulação vieram ajudá-la, e Dante foi gentilmente afastado para fora do quarto, deixando-a com as parteiras que prepararam rapidamente tudo o que seria necessário. Ele hesitou, segurando a mão dela por mais alguns instantes, até que ela o soltou, dando um leve aceno, tentando tranquilizá-lo. Ela sabia que ele estava com o coração dividido entre o desejo de estar ao lado dela e a necessidade de dar espaço para que ela pudesse atravessar esse momento.
Quando Dante saiu, a dor atingiu um novo pico, e Aurora soltou um grito, sentindo como se seu corpo estivesse se partindo ao meio. As parteiras a ajudaram a se posicionar, incentivando-a a respirar e a concentrar-se em cada onda de dor, transformando-a em força.
— Você consegue, querida. Respire fundo. Os bebês estão chegando — sussurrou uma das mulheres, com um olhar caloroso e tranquilizador.
Aurora agarrou-se a essas palavras como uma âncora em meio à tempestade de dor e medo. Ela fechou os olhos, sentindo o suor escorrer por sua testa, e respirou fundo, tentando encontrar forças dentro de si. Cada contração parecia mais avassaladora que a anterior, e seu corpo inteiro queimava com o esforço. Ela sentia que estava no limite, que não poderia suportar mais, mas, em algum lugar, uma força primitiva e poderosa a empurrava para seguir em frente.
Então, entre um grito e outro, sentiu a primeira vida deslizar para o mundo. O alívio foi imediato, um breve momento de paz, seguido pelo som que a encheu de lágrimas e alegria: o choro de seu primeiro bebê.
Ela tentou levantar a cabeça para ver, mas mal teve tempo de absorver o momento, pois outra onda de dor a envolveu, sinalizando que o segundo bebê estava a caminho. A exaustão ameaçava dominá-la, mas o desejo de ver seus filhos, de abraçá-los, a fez reunir cada fragmento de força que ainda lhe restava.
O segundo bebê foi ainda mais desafiador. Aurora sentia suas energias se esgotarem rapidamente, e as parteiras murmuravam palavras de encorajamento, mas seu corpo já estava no limite. Ela fechou os olhos, respirando fundo, e, com o pensamento em Dante, em todo o amor e sacrifício que viveram para chegar até ali, deu um último empurrão, sentindo o segundo bebê finalmente vir ao mundo.
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Nas Garras do Capitão
FanficQuando o navio de Aurora é atacado em alto mar, ela é capturada pelo enigmático e implacável capitão Dante, um pirata de olhar penetrante e um passado coberto por sombras. Aurora, filha de uma família respeitada, vê-se prisioneira de um homem que re...