Nas Garras do Capitão

2| Reaper's Captive

O vento cortante do mar envolvia Dante enquanto ele permanecia no convés, sua silhueta imponente recortada contra o brilho das chamas que consumiam o navio de Aurora. Seus olhos, intensos como o próprio oceano em fúria, acompanharam cada detalhe da destruição, um sorriso frio dançando em seus lábios. Ele não deixava prisioneiros; sua reputação como o "Ceifador dos Mares" era construída no rastro de ruínas e terror. E ainda assim, havia algo naquela jovem mulher que o fizera quebrar essa regra impiedosa.

Aurora.

Ela era diferente dos outros que ele saqueava e afundava sem um segundo olhar. Sua beleza era inegável, mas era o espírito indomado em seus olhos que o havia intrigado — um toque de rebeldia, uma faísca de desafio que ele não via há muito tempo. Ele sabia que ela pertencia a um casamento arranjado, uma peça de poder nas mãos de outros homens. Agora, contudo, ela estava sob sua posse, e ele tinha a intenção de apagar qualquer vestígio de controle que ela julgasse possuir.

Caminhou pelo convés, sua presença emanando uma autoridade implacável. Seus homens abaixavam a cabeça em respeito e medo, cientes de que ele não tolerava insubordinação. Dante era a lei e o julgamento no mar, e Aurora logo entenderia isso.

"Preparar o navio para a viagem," ordenou em um tom seco, as palavras cortando o ar como lâminas.  "Estamos levando uma prisioneira, e eu quero silêncio. Se ela tentar fugir, amarre-a. Se ela se mostrar uma distração... lidem com isso."

Ele lançou um último olhar ao navio em chamas, como se selasse o destino da jovem com uma despedida final ao passado dela.

Dante observou a agitação de sua tripulação, o olhar deles variando entre temor e excitação. Ele sabia que os piratas eram criaturas de instinto, e a nova prisioneira despertava neles um fascínio sombrio. Mas ele era o Ceifador dos Mares, e sua possessividade era uma chama que queimava forte e viva. Ninguém além dele teria o direito de tocar Aurora.

Ao atravessar a porta da cabine onde ela estava trancada, uma aura de poder o cercava. Ele não era apenas um homem; ele era um mito, uma lenda temida e respeitada. E, no entanto, ali estava Aurora, uma tempestade de fragilidade e força, destinada a se chocar com sua escuridão.

Dante empurrou a porta com um movimento suave, e a visão dela o fez parar por um instante. Seus cabelos loiros, como fios de ouro à luz tênue, moldavam-se ao redor de seu rosto, acentuando a delicadeza de seus traços. Mas era o modo como ela o olhava — uma mistura de raiva e desespero — que o atraía.

"Surpresa, querida?" ele provocou, seu tom suave contrastando com a dureza de suas palavras. "Você não esperava que sua vida de bailes e vestidos de noiva acabasse em um navio pirata, não é?" Ele se aproximou, seu olhar intenso explorando cada centímetro dela. "Apenas considere isso uma nova aventura. Eu sempre acreditei que as melhores histórias começam assim."

Aurora recuou, pressentindo o perigo que emanava dele. Ela era uma prisioneira, mas Dante era um predador, e ela não tinha como escapar. Seu sorriso era sedutor, um convite disfarçado, mas suas intenções eram tudo, menos gentis. Ele a observava com um misto de divertimento e interesse, sua presença imponente inundando o espaço.

"Eu poderia deixá-la viver sua vida monótona, se quisesse," ele continuou, sua voz baixa e persuasiva. "Mas onde estaria a diversão nisso? A vida é muito curta para se limitar a compromissos e obrigações. E eu..." Ele pausou, inclinando-se mais perto, quase sussurrando. "Eu sou o tipo de homem que faz as coisas acontecerem, Aurora. E você, minha doce prisioneira, tem um papel muito especial na minha história."

O coração de Aurora disparou, e ela se perguntou como alguém podia ser tão cativante e ao mesmo tempo tão ameaçador. Havia algo de hipnotizante em Dante — seu olhar penetrante, sua voz suave como seda, mas com um fio de aço. Ela sabia que estava em apuros, mas havia uma parte dela que se sentia inexplicavelmente atraída, apesar do terror.