6| Dance of Shadows at Dusk

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Aurora respirou fundo, as mãos suadas enquanto traçava mentalmente cada detalhe de sua fuga. Dante pensava tê-la domado, que o medo a havia feito aceitar sua situação. Ela sabia que ele era perigoso, mas usaria esse pequeno truque a seu favor. Se Dante queria uma mulher obediente, ela poderia desempenhar o papel por um tempo.

Nos dias seguintes, Aurora começou a ceder às ordens dele, baixando a cabeça, cumprindo tarefas no navio e mantendo-se em silêncio sempre que ele a provocava. Mas, enquanto aparentava docilidade, observava cada canto do navio, o comportamento dos piratas, o percurso das patrulhas noturnas. Ela esperava o momento exato para agir.

Certa tarde, enquanto o sol caía no horizonte e tingia o mar de tons avermelhados, Dante ordenou que ela o acompanhasse ao convés. Era um momento de descanso, e os piratas se encontravam reunidos, gargalhando e trocando histórias. Aurora observava tudo com atenção disfarçada, planejando o passo a passo de sua fuga enquanto participava daquele teatro.

Sentando-se ao lado de Dante, ela notou que alguns piratas a olhavam com interesse, trocando sorrisos provocativos e cochichos. Dante percebeu e, em um movimento rápido, enlaçou-a pela cintura, trazendo-a para mais perto, de modo possessivo. Ele sorriu para os outros, mas havia algo sombrio em seu olhar, algo que fez o silêncio recair sobre o grupo.

"Ninguém ousa tocar no que me pertence," ele disse, com um sorriso que transbordava malícia e ameaça. Aurora sentiu o corpo tenso ao ouvir aquelas palavras, mas manteve-se imóvel, fingindo submissão.

Ao longo dos dias, Dante começou a mostrar um lado inesperado. Ele a testava, desafiava, mas, em alguns momentos, quase parecia apreciar sua presença. Durante as refeições, ele a puxava para perto, zombando da sua postura rígida e fria, e a desafiava a soltar uma risada ou a fazer um comentário provocativo. Ela começou a responder, com sarcasmo sutil, e notou que isso o divertia.

Por outro lado, os olhares de Dante se tornaram mais intensos e possessivos, e Aurora percebeu que estava conseguindo um efeito nele. Havia um certo fascínio em brincar com o perigo, e a tensão entre eles era palpável. Ela usaria isso a seu favor.

Mas a mente dela nunca deixava de calcular os riscos e oportunidades. Mesmo em meio às provocações de Dante e aos cochichos dos piratas, ela continuava traçando sua rota de fuga, aguardando o momento certo.

Ela só precisava de uma chance.

Dante observava Aurora de perto, cada gesto dela se desenhando como uma pequena peça em seu jogo. Algo havia mudado — e ele notou. Nos últimos dias, a jovem parecia finalmente ter aceitado sua posição. Ela o obedecia sem questionar, mantinha a cabeça baixa e quase não o desafiava com aqueles olhos faiscantes. Ela era um enigma que ele pretendia decifrar com paciência e prazer.

Mas ele não era tolo.

Por trás da aparente submissão, Dante podia ver um brilho no olhar dela, um foco silencioso e calculista. Aurora estava tramando alguma coisa, ele sabia. Seus gestos eram cuidadosos demais, medidos demais. A docilidade, a obediência... tudo soava encenado. Uma peça para ele assistir. Ela estava planejando algo, e isso o deixava ainda mais interessado.

Dante se divertia com a farsa. Decidiu que deixaria a pequena sereia seguir seu teatro, vendo até onde ela ousaria levar essa máscara de obediência. Ele a puxava para perto, desafiando-a, esperando que em algum momento ela perdesse o controle e revelasse o que estava escondendo. E, quando ela respondia com um pequeno sorriso contido, quase de subserviência, um sorriso malicioso brotava nos lábios dele. Ele sentia o próprio desejo se intensificar, impulsionado pela tentativa dela de enganá-lo.

Ele sabia que um espírito como o dela não se dobrava tão facilmente. O orgulho dela estava lá, pulsando sob cada sorriso forçado. E ele, de certa forma, admirava aquilo. Quanto mais Aurora fingia submissão, mais Dante via sua determinação.

Nas Garras do CapitãoOnde histórias criam vida. Descubra agora