Capítulo 4

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- Pleng, por que você não fala comigo?

Desde que saímos de casa para ir à escola, Wanviva repetia a mesma pergunta. Eu não a respondia, não a olhava, não fazia absolutamente nada até sairmos do carro e entrarmos na escola. Tinha que admitir que ainda estava muito irritada. Irritada porque minha melhor amiga mentiu para mim.

- Estou prestes a chorar. O que eu fiz de errado?

Sua voz trêmula e nasal vinha de trás. Parei e me virei, vendo que Wanviva, que sempre sorria, agora tinha lágrimas nos olhos e olhava para o chão.

- Você é uma garota grande. Não chore. -
Foi a primeira frase que disse desde a noite anterior. Depois que saí do seu quarto, Wanviva bateu na minha porta por quase 30 minutos antes de finalmente ir para a cama. Decidi que isso era o suficiente para puni-la.

- Você não está falando comigo, Pleng. - A garota enxugou as lágrimas dos olhos. - O que eu fiz de errado?

- Pense um pouco. O que você fez de errado?

- Eu não sei!

- Hum.

Virei-me e estava prestes a ir para o campus, mas ouvi os passos dela atrás de mim.

- Você não é legal. - Ela soluçou.

- O quê? - Wanviva nunca tinha falado assim comigo antes, pelo menos não na minha frente. Virei-me e vi que ela havia pisado na minha sombra, que coincidentemente estava onde seus pés estavam.

- Você não é legal. Não quer me dizer por que está brava comigo. Eu não sei o que fazer. - Wan soluçou.

A garota caiu no chão. As pessoas que passavam olhavam para ela e riam e ela não suportava que os outros rissem dela assim.

- Levante-se. Isso é constrangedor.

- Que diferença isso faz para você?

- Wan... levante-se. - Um colega de Wanviva passou rapidamente, agarrando-a pelos ombros, ajudando-a se levantar. Eu apenas olhei para o garoto, brava. Ele havia atrapalhado nossa conversa.

- Eu disse para você se levantar e você nem se move. - Falei friamente, murmurando para mim mesma, não querendo que Wanviva me ouvisse.

- Eu não sou mais importante para você, Pleng. -
Wanviva agarrou meu pulso, com os olhos cheios de lágrimas. Isso enfraqueceu minha atitude, pois eu sentia pena dela. - Por que você está brava comigo?

Olhei para o garoto e suspirei antes de puxar o pulso de Wanviva e caminhar em direção ao campus.

- Vamos encontrar um lugar tranquilo para conversar.

O garoto nos olhou, balançou a cabeça e foi embora. Eu me senti como uma vencedora e sorri como uma, pois Wanviva me escolheu em vez dele.

- Você está sorrindo agora. - Disse ela.

Imediatamente parei de sorrir e a puxei para um prédio atrás do edifício de Ciências Sociais. Era uma área tranquila. Paramos e nos encaramos. Wanviva, mais uma vez, foi a primeira a quebrar o silêncio.

- Então, o que aconteceu? Por que está com raiva?

- Você mentiu pra mim.

- Como assim?

- Com quem você estava ontem?

Ela não me respondeu.

- Eu sei de tudo. Vou te dar mais uma chance. - A garota tentou falar, mas ficou sem palavras. Suspirou e deixou os ombros caírem. - Ek, de novo, né?

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