- Você não se lembra?
- Wan... é só você me dizer.
- Tchau! Não quero mais conversar com você.
Nem tudo é perfeito. Por mais apaixonadas que estivéssemos, Wanviva e eu ainda brigávamos por algumas coisas. Hoje, o motivo da nossa briga foi eu ter esquecido que é seu aniversário. É claro que eu não me esqueci, só fingi esquecer porque quero preparar uma surpresa para ela. Não faria mal um pouco de drama para causar emoção.
Eu planejei cozinhar alguma coisa, apesar de nunca ter cortado um legume na vida. Pesquisei vídeos de culinária na internet e por duas horas tentei. Não havia nada que eu não pudesse fazer, certo? Errado! Eu estava totalmente perdida com todos os ingredientes que comprei e ainda cortei o dedo com a faca. Seria melhor e menos doloroso se eu comprasse a comida pronta.
Estava eu, sugando o sangue do meu dedo e limpando a bagunça na cozinha, quando o telefone tocou.
Era Ek.
- Alô. - Embora eu dissesse a mim mesma que não estava fazendo nada de errado, me sentia mal toda vez que o via.
- Você pode descer e me encontrar na portaria? Precisamos conversar.
- Sobre o quê?
- Wanviva.
Meu coração errou uma batida e senti meu corpo todo gelar. Será que ele havia descoberto sobre nós? Desci pensando em todas as possibilidades e o encontrei sentado na portaria, com uma expressão triste no rosto.
- Ek.
- Disseram no hotel que você não vai trabalhar hoje... vai comemorar o aniversário de Wanviva?
- Na verdade... não estou me sentindo bem hoje. Não vou porque estou doente. - Menti. Ele me encarou e não disse nada, até estender uma caixa na minha direção.
- Estou aqui para te dar isso.
- O que é isso? - Antes que eu pudesse segurar, ele puxou a caixa de volta para si.
- Eu deveria fazer isso sozinho. Eu mesmo deveria dar o presente para ela. O que você vai dar para ela?
- Eu estava tentando cozinhar alguma coisa, mas não consegui. - Levantei a mão para mostrar meu dedo ferido. - Até me machuquei com a faca.
- Oh! Com o dedo machucado, você não pode dar prazer a ela. - Ek comentou, segurando minha mão e sorrindo. - Seus dedos são importantes, não?
- Perdão? - Espantei-me com sua frase de duplo sentido e recolhi minha mão.
- Eu disse algo errado? Como você vai tocar instrumentos musicais com o dedo machucado?
- Sim, meus dedos são importantes para isso. - Respondi, nervosa. Tentei não transparecer o quanto aquilo me incomodava. - Então... você mesmo dará o presente a ela, certo? Preciso ir. Bom falar com você.
- Faz tempo que não nos falamos. Você está me evitando?
- Por que eu faria isso?
- Sim, Pleng. Por que você faria isso? Você não fez nada de errado, não é?
•••
Comprei comida pronta e organizei tudo para comemorar com Wanviva. Meu presente para ela seria uma gravata borboleta no pescoço e uma plaquinha com os dizeres: "Feliz aniversário! Agora você pode me comer!". Tirei isso de um filme.
Esperando por ela, imaginei qual seria sua reação. Ela saiu de casa emburrada pensando que eu não me lembrava do seu dia.
Wanviva não tinha um horário certo para chegar, era sempre entre 23h e 0h. Agora o relógio marcava 23h30. Comecei a me preocupar, andando em círculos, pensando se ela ainda estava no hospital ou a caminho de casa ou com tanta raiva que dormiria por lá. Fui surpreendida com o som da porta se abrindo, então, endireitei o corpo, cruzei os braços e a encarei.
- O que?
- Você chegou tarde.
- Não estava com pressa. Que cheiro é esse?
- Está com fome? - Caminhei até a mesa e ela me seguiu com o olhar. Sua reação mudou de mau humorada para surpresa quando viu aquilo.
- Por que tem um bolo aqui? - Eu sorri e levantei a sobrancelha. Wanviva finalmente sorriu e correu para me abraçar. - Você se lembrou?
- Eu nunca esqueci.
- Por que não disse antes? Eu fiquei com raiva de você o dia todo. - Ela me mordeu e eu ri.
- Quis fazer uma surpresa. Tentei cozinhar, mas foi um desastre, então comprei comida pronta. - Levantei a mão e mostrei o dedo machucado.
- Amor... - Ela falou com a voz manhosa e uma expressão preocupada. - Como você tentou cozinhar se só sabe levantar o garfo e a faca?
- Wan!
- Seus dedos são importantes pra mim. Precisa ter mais cuidado com eles. Eles podem fazer tantas coisa... - Ela chupou o meu dedo lentamente.
Peguei a gravata borboleta e a plaquinha, já escorrendo de tesão.
- O que você quer comer? O bolo ou eu?
- Você! - Wanviva chupou meu dedo novamente e me sentou no balcão da cozinha. - Eu como você o tempo todo, mas hoje é meu aniversário, tem que ser diferente... especial.
- O que quer fazer?
Wanviva tirou nossas roupas muito rápido e pegou o bolo, passando o dedo no glacê.
- Eu sei que você gosta de comer bolo... e gosta de me comer. - Ela passou o glacê em várias partes do seu corpo. - Já sabe o que fazer?
- Wan. Vou te chupar, lamber, morder e foder até ter que me implorar pra parar.
- Estou com tanto tesão agora, que sinto medo de mim mesma, Pleng.
- Eu também. - Desci do balcão e inverti nossas posições. - Quer esperar até meia-noite.
- Se você me tocar saberá que não posso esperar nem mais um segundo. - Ela levou minha mão até sua calcinha que estava encharcada.
- Uau! Mas, você sabe... meu dedo está machucado e se eu não tocasse instrumentos, cantaria.
- Faça o que quiser, depois de seus dedos, sua língua é o que mais gosto.
Tirei sua calcinha e comei a chupar. Ela empurrava minha cabeça e puxava meu cabelo com força.
- Que bolo bom.
- Calada!
Sua respiração curta feat. seu gemido alto era a canção que eu mais gostava de ouvir. Eu queria morar naquele momento para sempre. Mas, como Wanviva mesmo disse outra noite, a natureza da vida é assim. Se estamos felizes, outrora estaremos tristes.
Eu ouvia tudo com muita atenção. Ouvi o alarme que programei no celular tocar, indicando que era 0h. Mas, não me importei com isso, estávamos ocupadas demais.
Porém, ouvi a porta se abrir e alguém entrar.
- Vocês duas... - A voz baixa e raivosa de Ek ecoou e nos fez parar. Saí do meio das pernas de Wanviva e o encarei assustada.
Glock 17 9mm. Ele apontava para nós.
- Vão para o inferno!
_____
gostou?
vote e comente!
xoxo
VOCÊ ESTÁ LENDO
Affair - The Series
RomanceTradução adaptada e contextualizada em PT-BR da obra de Chao Pla Noy. A história é narrada do ponto de vista de Pleng, filha única de família rica, que durante a adolescência tenta lidar com seus sentimentos por sua melhor amiga, Wanviva. Contudo...