Capítulo 24

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Que tipo de amizade Wanviva e eu tínhamos?

Eu não era sonsa, como ela costumava dizer, para não entender o que estava acontecendo; eu só fingia não entender porque tinha medo. Se um dia nós duas decidíssemos assumir um relacionamento amoroso e esse relacionamento terminasse, nossa amizade terminaria também e eu não queria isso. Eu não queria perdê-la outra vez. Nós éramos amigas de infância, desde que nascemos e nos entendemos por gente. Além disso, Wanviva era casada. Casada com um homem que fazia de tudo para voltar para sua vida, porque não aceitava o divórcio. E eu? Se eu me entregasse a ela, seria apenas uma amante, um affair.

Eu estava louca por ela. Cada vez que a abraçava e a cheirava, eu podia sentir que iria derreter. Às vezes, eu conseguia me controlar mas, meus instintos agora eram mais intensos, o que tornava tudo mais difícil. Eu sou uma mulher adulta agora e Wanviva também. Nós moramos sozinhas e não temos mais pais ou pressão social por perto para nos impedir de se relacionar. Nós só temos a nossa amizade valiosa demais para ser perdida. Esta é a verdadeira razão pela qual finjo não entender o que está acontecendo entre a gente.

Nós nunca nos beijamos; nossos lábios nunca se tocaram. Isso significava que ainda éramos apenas amigas, certo? Enquanto nunca nos beijássemos, ainda seríamos amigas. Amigas com benefícios.

Imersa em meus pensamentos enquanto praticava piano, voltei para a realidade com o toque da campainha. Caminhei até a porta e olhei pelo olho mágico.

Congelei quando vi quem era. Eu não via aquela pessoa há 13 anos.

Respirei fundo antes de abrir a porta. Tia Wi, que agora era muito mais velha, também ficou surpresa ao me ver. Houve um longo silêncio entre nós.

- Olá, tia Wi. Por favor, entre.

A mãe de Wanviva, que um dia também considerei minha mãe, sorriu para mim sem jeito. Ela entrou e por sua expressão confusa, supus que ela se perguntava por que eu estava ali, no apartamento da filha dela. - Quanto tempo... como você está?

- Estou bem e você, Pleng? - Tia Wi me escaneou de cima a baixo com seus olhos. - Você parece estar bem, como sempre.

Eu sorri. As pessoas poderiam pensar que eu era rica, principalmente tia Wi, que sempre me viu assim. Eu estava bem vestida agora e tinha uma pele brilhante, mas, ela não imaginava o caco que eu era antes de voltar a morar com Wanviva.

- Você está aqui para ver Wan, certo? Ela só chega à noite. Vou pegar um pouco de água para você. - Virei-me para pegar um pouco de água, mas a mulher agarrou meu braço para me impedir.

- Por que você está aqui? - Tia Wi soltou o meu braço, quando me virei para encará-la.

- Wan me convidou para... - Hesitei em dizer que morava aqui. Eu não sabia como ela reagiria ao saber que depois de sair de sua casa há 13 anos, agora eu morava e era sustentada por sua filha. - Para jantar. Ela me pediu para esperar aqui mas, lembrei que tenho algo importante para fazer. Preciso ir, com licença. - Sorri e saí do apartamento.

Era um mix de emoções. Ao mesmo tempo que me senti feliz por ver tia Wi viva e bem, me senti triste por lembrar o que aconteceu e o que ela realmente pensava de mim quando decidi sair de sua casa, no passado. Para não ter que lidar com isso e ficar sei lá quanto tempo com ela dentro do apartamento, decidir ir mais cedo para o hotel.

Ao sair na rua, me deparei com Ek, encostado em seu luxuoso carro. Ele me gritou.

- Pleng! Você já vai para o hotel? Quer uma carona?

- O que você está fazendo aqui?

- Você se encontrou com a mãe de Wan? - Quando ele disse isso, percebi que tia Wi não estava ali por acaso. Ek a chamou para pedir ajuda, provavelmente.

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