A Paixão Segundo G.H. Conhece?

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Chiara Civello, uma mulher de 35 anos, sempre soube o que significava carregar o peso de um sobrenome. Nascida em uma tradicional família aristocrática italiana, seu mundo era esculpido em mármore e repleto de expectativas. Seu pai, o severo dono da famosa rede de hotéis Civello, era obcecado com a imagem que sua família projetava. Sua mãe, uma socialite que vivia envolvida em eventos de caridade e cercada por influentes figuras, também não aceitava menos do que a perfeição. Nesse ambiente, Chiara cresceu como uma joia polida, sempre brilhando, mas nunca livre.

Desde criança, ela foi excepcional. Pianista prodígio, poliglota fluente em várias línguas, Chiara sempre foi a filha ideal, a herdeira perfeita. Mas por trás das notas impecáveis ao piano e das conversas elegantes em salões sofisticados, havia uma mulher marcada por cicatrizes invisíveis. Ela havia se apaixonado uma vez — profundamente, perigosamente — por um violonista cuja música ecoava em sua alma. O fim abrupto desse romance ainda doía, e desde então, Chiara havia fechado as portas de seu coração, preferindo a segurança de relações práticas a desilusões devastadoras.

Agora, ela estava noiva de Fernando, um homem atraente e charmoso, aprovado por sua família. Fernando trabalhava para a rede de hotéis Civello e almejava um dia se tornar o CEO. Ele era dedicado, quase obsessivamente, ao ponto de sua busca pela aprovação do sogro incomodar Chiara. Às vezes, ela sentia que ele se importava mais com a aprovação de seu pai do que com ela. Esse pensamento a perturbava. Será que era isso que o futuro lhe reservava? Um casamento baseado em conveniência e expectativas familiares, ou ainda havia tempo para buscar o amor verdadeiro?

Era impossível fugir dos pensamentos sobre o futuro, ainda mais agora que a família de Fernando chegava da distante e vibrante terra do Brasil para celebrar o noivado. A tensão no ar era palpável, mesmo no luxuoso hotel da rede Civello, onde as paredes ostentavam obras de arte cuidadosamente selecionadas e a atmosfera exalava elegância. O lobby, impecável, se tornara palco para uma cena que misturava sorrisos formais e uma leve corrente de ansiedade.

— Ah, Dona Cida! Que prazer tê-la aqui! — exclamou o pai de Chiara, em italiano, com seu sorriso ensaiado, enquanto estendia a mão para a mãe de Fernando.

Dona Cida, calorosa e cativante, sorriu amplamente. — A viagem foi ótima, obrigada! Este hotel é um verdadeiro paraíso! Parabéns!

Chiara, fluente em português graças a sua paixão pela música e por amigos brasileiros, assumiu o papel de tradutora. Ela observava a cena com olhos atentos, mas o peso da responsabilidade sobre seus ombros começava a se fazer sentir. Mais uma vez, estava presa no papel que todos esperavam dela.

— Nos esforçamos muito para manter a qualidade — disse o pai de Chiara, inchado de orgulho.

— É verdade, mas o que realmente importa é a essência — replicou Dona Cida, com uma sinceridade que parecia quase dissonante naquele ambiente. — No Brasil, acreditamos que um bom atendimento vem do coração, não apenas da tradição.

Chiara traduziu, mas não conseguiu evitar pensar na simplicidade e autenticidade daquela frase. Um contraste claro com o mundo meticulosamente ensaiado em que havia crescido.

— E Fernando sempre fala muito bem de tudo o que vocês fazem aqui — acrescentou Dona Cida.

A noiva do meu irmãoWhere stories live. Discover now