Ana estava em seu quarto, sentada na beirada da cama, o coração acelerado e a mente uma tempestade de emoções. Quando o som do motor da Lamborghini rompeu o silêncio da casa, ela se levantou, seus ouvidos atentos. O carro acelerou e, em questão de segundos, parecia que a vida dela estava saindo em alta velocidade junto com Chiara e Fernando.
"Por favor, que tudo dê certo", ela murmurou para si mesma, fechando os olhos e fazendo uma prece silenciosa ao universo. Desejava ardentemente que Chiara tivesse a coragem necessária para enfrentar o que estava por vir, para que a conversa entre ela e Fernando fosse tranquila. A última coisa que Ana queria era ver Chiara magoada. Ela estava loucamente apaixonada por Chiara, mais do que poderia admitir, e o pensamento de que a italiana estivesse presa em um relacionamento sem amor a deixava angustiada.
O tempo parecia se arrastar interminavelmente enquanto Ana esperava. A casa estava mais silenciosa, o que era um alívio e uma preocupação ao mesmo tempo. Finalmente, a ansiedade tornou-se insuportável. Sem saber o que fazer, decidiu descer as escadas. Assim que os pés tocaram o chão, o alívio por estar sozinha a envolveu. A sala estava deserta, e ela pôde finalmente respirar um pouco.
Seus olhos se fixaram no violão que tinha usado mais cedo. Caminhou até ele e se sentou, dedilhando as cordas suavemente. O som delicado preenchia o ambiente, e, por um momento, Ana se deixou levar pela música, permitindo que suas preocupações se dissolvessem nas notas. Mas a tranquilidade foi interrompida pelo barulho do carro voltando. Seu coração começou a acelerar novamente.
O carro parou na frente da casa, e Ana quase podia sentir a tensão no ar. Ouviu passos na grama molhada pelo sereno, e então a porta se abriu.
Chiara apareceu, e o olhar dela dizia tudo — tristeza e frustração.
Chiara não havia conseguido terminar o noivado.
A leitura silenciosa entre elas foi instantânea, e Ana soube que, naquele momento, precisava ser um suporte.
.
Ana e Chiara se olhavam de cantos opostos da sala. Fernando apareceu atrás de Chiara, quebrando o silêncio com sua presença.
— Aninha, você perdeu! O jantar estava delicioso — ele comentou, tirando o casaco que usava, despreocupado, como se nada estivesse acontecendo. Chiara se ajeitou, tentando esconder a sua inquietação.
— Eu vou subir — ela anunciou, a voz soando fraca, como se cada palavra fosse um esforço.
Fernando a observou por um instante, e, com um sorriso brincalhão, disse:
— Tem certeza que não posso dormir com você, meu amor? — Ele a puxou pela cintura, beijando seu rosto de maneira carinhosa.
— Já disse que não estou bem — Chiara respondeu, a tristeza permeando suas palavras. — Acho que alguma coisa nesse jantar me fez mal. Além do mais, o que já conversamos? Não vamos dormir juntos enquanto estivermos na mesma casa que meus pais — ela insistiu, olhando diretamente nos olhos dele.
Ana estava ali, paralisada, sem saber onde se enfiar, sentindo o desconforto da cena que se desenrolava diante dela.
Fernando fez uma expressão de entendimento, mas não estava disposto a deixar a situação esmorecer. Ele inclinou-se para frente e deu um beijo nos lábios de Chiara. Ana, incapaz de suportar a visão, virou o rosto.
Chiara, no entanto, se viu obrigada a aprofundar o beijo, sentindo a língua de Fernando buscando pela sua. Um arrepio de desconforto percorreu seu corpo, e ela se sentiu suja. Na sua cabeça, a imagem de Ana ali, presenciando aquele ato íntimo. O braço de Fernando a manteve próxima, não deixando como escapar.
Quando ele finalmente a soltou, Chiara não conseguiu olhar para Ana. Deu um boa noite fraco e subiu as escadas rapidamente, sem se atrever a olhar para trás. Cada passo em direção ao seu quarto era um desafio e as lágrimas começaram a escorregar pelo seu rosto assim que a porta se fechou atrás dela. Sentia-se impotente, incapaz.
Para a surpresa de Ana, que ainda estava processando a cena que acabara de presenciar, Fernando se sentou na poltrona à sua frente, quebrando o silêncio com um ar de despretensiosa casualidade.
— Ei, você viu como a Chiara estava? — ele começou, sua voz tentando soar leve, mas Ana percebeu que havia um peso por trás da pergunta. Fernando parecia ansioso, como se quisesse desabafar.
Ana olhou para ele, sem entender de imediato o que estava acontecendo, mas logo percebeu que ele realmente queria conversar. O ambiente, que antes parecia tenso e pesado, agora estava tingido com uma expectativa incerta. Enquanto Fernando começava a abrir seu coração, Ana se preparou para ouvir, mesmo que sua mente estivesse ainda voltada para Chiara, que provavelmente estava quebrada em seu quarto.
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A noiva do meu irmão
FanfictionChiara Civello é herdeira de uma tradicional família italiana, sufocada pelas rígidas expectativas que sempre pesaram sobre seus ombros. Criada para ser perfeita, a pianista talentosa está noiva de Fernando, um homem ambicioso aprovado por sua famíl...