Vamos jogar palla

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A vinícola Civello reluzia sob o sol da tarde, com o ar carregado de calor e o aroma das uvas no início da colheita. Chiara, sentada perto da entrada da mansão, aguardava a chegada das amigas. Ela se sentia estranhamente ansiosa, como se o retorno de Letícia, Jeane e as meninas fosse uma pausa bem-vinda em meio ao turbilhão de sentimentos que a cercavam.

O som de risadas e conversas infantis quebrou a tranquilidade do ambiente quando o carro estacionou. As portas se abriram rapidamente, e Nina e Flora saltaram para fora, correndo em direção a Chiara com os braços abertos.

— Chiara! Chiara! — gritaram em uníssono, como se não a vissem há anos.

Chiara abriu um sorriso caloroso e se agachou para recebê-las. Nina e Flora a envolveram em um abraço apertado, suas vozes se misturando enquanto ambas falavam ao mesmo tempo, compartilhando novidades sobre a escola, seus novos livros favoritos e histórias que queriam contar.

— Calma, meninas, vocês vão sufocar a Chiara! — Letícia interveio com um tom brincalhão, mas maternal, enquanto caminhava ao lado de Jeane, ambas carregando suas bagagens.

Chiara soltou uma risada leve, abraçando as duas crianças com carinho.

— Elas não me sufocam, de jeito nenhum. Eu estava morrendo de saudades dessas pequenas — respondeu, beijando o topo das cabeças das meninas.

Nina, sempre competitiva, olhou para Flora e lançou um desafio, enquanto ria.

— Chiara, vamos ver se você consegue falar aquele trava-línguas que te ensinei! 'Três pratos de trigo para três tigres tristes'!

— Três pratos de trigo para três tigres tristes! —repetiu Chiara, concentrada, mas tropeçando na última parte.

— Quase! — disse Flora, entre risos. — Agora tenta de novo, mais rápido!

Chiara tentou mais uma vez, mas se embolou ainda mais, provocando uma onda de risadas entre as meninas. Letícia olhava para a cena com um sorriso afetuoso, mas logo interveio, segurando o riso.

— Meninas, deixem a Chiara respirar! Acabamos de chegar e já estão sufocando a coitada.

Chiara riu, abraçando as duas meninas.

— Não tem problema, Letícia. Eu adoro as brincadeiras delas.

As meninas trocaram olhares cúmplices, prontas para desafiar Chiara de novo, mas Letícia as acalmou com um gesto. Jeane observava tudo com um olhar tranquilo, sempre apreciando o carinho que as meninas tinham por Chiara.

Chiara então as conduziu até os quartos que ficariam, cada uma já planejando como iriam explorar a vinícola. Depois de garantir que estavam confortáveis, a italiana as levou até o restante da família, que se preparava para um momento mais descontraído no pátio.

— Vamos jogar palla! — anunciou Fernando, entusiasmado. — Quem se habilita?

O jogo de palla, uma tradição local que combinava elementos de tênis e handebol, era jogado com uma pequena bola de couro que os jogadores rebatem com as mãos ou com bastões improvisados. O campo era delimitado por pedras e árvores, e as regras envolviam bastante agilidade, força e, acima de tudo, diversão.

Vittorio, que sempre gostava de manter uma postura competitiva, ajustou o chapéu e foi um dos primeiros a se preparar. Fernando, sempre preocupado em manter as aparências, estava igualmente motivado a impressionar.

Ana observava aquilo com um olhar divertido, percebendo a falta de proximidade entre Chiara e o noivo. A ideia de esbarrar em Chiara de forma "acidental" a fez sorrir internamente.

— Vou jogar também, claro! — Ana anunciou, pegando uma das bolas e girando-a nas mãos com habilidade.

Chiara hesitou por um momento, mas não queria parecer deslocada.

— Eu também entro — disse, tentando soar despreocupada.

As equipes foram formadas: Ana, Chiara, Flora e Jeane contra Fernando, Vittorio, Nina e Letícia. O jogo começou rápido, com corridas e rebatidas, e logo o campo improvisado se encheu de risos e exclamações.

Enquanto o se desenrolava, Ana não perdia a chance de provocar Chiara. Cada movimento da italiana era acompanhado por uma observação debochada ou um toque sutil que fazia o coração de Chiara disparar. As meninas, Nina e Flora, observavam tudo encantadas com a energia divertida que Ana trazia ao jogo.

Foi em um desses momentos, quando a bola quicou para o lado de Chiara, que Ana agiu. Vendo a italiana se preparar para ir atrás da bola, Ana deu um passo rápido e a segurou pela cintura, bloqueando sua passagem. O toque foi firme o suficiente para fazer Chiara parar abruptamente, sentindo o calor das mãos de Ana em sua pele.

— Onde você pensa que vai? — Ana sussurrou, mantendo-a presa por alguns segundos, de frente para ela.

Chiara prendeu a respiração, o toque e a proximidade de Ana fazendo suas pernas perderem a força. As risadas das crianças ao redor pareciam distantes.

— Ana! — ela exclamou, rindo, mas sua voz estava ligeiramente trêmula. — Me solta, isso não vale!

A brasileira a soltou lentamente, o sorriso de provocação ano rosto.

Chiara imediatamente decidiu se vingar. Empurrou Ana pelos ombros, rindo enquanto a mulher perdia o equilíbrio por um momento. Mas, em vez de se afastar, Ana reagiu de imediato, puxando Chiara junto, fazendo as duas se desequilibrarem.

Foi uma cena rápida, quase coreografada. As duas tropeçaram juntas, se segurando uma na outra instintivamente. Chiara enlaçou a cintura de Ana, e Ana a segurou pelos ombros, suas respirações se misturando enquanto ambas lutavam para não cair.

Seus rostos ficaram perigosamente próximos. Chiara pôde sentir o calor da respiração de Ana contra sua pele o olhar brilhante dela sobre si. Podia enxergar tanto nos olhos de Ana quando a ficavam daquele jeito: admiração, carinho, desejo.

Ana riu, sua voz baixa e rouca, quebrando a tensão do momento. — Quase caímos, hein?

Chiara não pôde evitar a risada, seus nervos a traindo. — A culpa foi sua! Você me segurou primeiro!

— Talvez eu tenha feito de propósito... — Ana respondeu sem se afastar completamente, as mãos acariciando levemente os braços de Chiara. Seus olhos se encontraram por mais alguns segundos antes de Chiara finalmente se afastar, sentindo o calor subir em seu rosto.

— Certo, então se prepare para mais empurrões! — Chiara brincou, seu coração ainda batendo descompassado.

Nina e Flora tinham assistido à cena toda, adorando ver Chiara tão envolvida no jogo.

— Chiara e Ana estão trapaceando! — Nina gritou, apontando para as duas.

— Trapacear? Eu? — Ana fingiu indignação, soltando uma gargalhada. — Vocês não viram nada, meninas!

Vittorio, que também estava envolvido no jogo, observou a cena de longe, sua expressão ligeiramente fechada. Embora não tivesse dito nada, seus olhos atentos registraram a proximidade entre as duas mulheres. Fernando, por outro lado, estava mais próximo e notou o contato de Chiara e Ana com uma leve tensão nos ombros. Mas, para ele, ainda era "apenas amizade", mesmo que algo dentro dele gritasse o contrário. Até porque, Chiara jamais teria olhos para uma mulher, muito menos para Ana.

— Ana, tenta jogar mais sério, ok? — disse Fernando, num tom irritado.

— Relaxa, Fernando. Estamos só nos divertindo — respondeu Ana, com um sorriso irônico.

A noiva do meu irmãoWhere stories live. Discover now