CAPÍTULO 15

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TESSA CALLAHAN


O parque estava cheio de risadas de crianças e do som das folhas balançando ao vento. Eu observava Manuela brincar no escorregador, seu cabelo ruivo balançando enquanto corria de um lado para o outro, cheia de energia. Kaden estava ao meu lado, encostado no banco, com os braços cruzados e o olhar fixo em Manuela, como se estivesse completamente imerso naquele momento. Eu, por outro lado, estava dividida entre o orgulho de ver minha pequena tão feliz e a estranha sensação de vulnerabilidade que surgia toda vez que Kaden estava por perto.

Ele olhou para mim de repente, como se estivesse avaliando se deveria falar.

— Ela se parece com você.

— Talvez um pouco, mas a mãe dela, Elena… era ainda mais parecida.

Kaden franziu a testa, e eu vi a curiosidade nos olhos dele.

— Você sente falta dela, não é?

Suspirei, tentando conter a dor que sempre surgia quando pensava em minha irmã.

— Sinto. Todos os dias. Elena era... como posso dizer? Ela era a luz da nossa família. Sempre alegre, sempre vendo o lado bom das coisas. Ela era tudo que eu sempre quis ser.

Kaden permaneceu em silêncio, mas eu sabia que ele estava prestando atenção a cada palavra, e isso me deixou à vontade para continuar.

— Quando ela morreu, senti que o mundo desabava. E, de certa forma, ele desabou. Tive que abrir mão da minha vida para cuidar da Manuela. Mas ela… ela é a única razão pela qual eu continuo. Ela é a minha razão.

Kaden assentiu, e pude ver um traço de compreensão em seu olhar.

— Imagino que tenha sido difícil. Ter que lidar com tudo sozinha.

Olhei para ele, sem saber exatamente o que responder. Ele não sabia nada sobre o que era crescer em uma família como a minha, mas parecia genuinamente preocupado.

— Difícil é uma palavra leve para descrever tudo — murmurei, olhando para o chão. — E meus pais… também não foram de muita ajuda. Meu pai morreu quando eu era criança, e minha mãe… ela nunca foi uma mãe de verdade.

Kaden franziu o cenho.

— E o que aconteceu com ela?

— Depois que a Elena morreu, minha mãe… Olivia simplesmente desapareceu. Sumiu, deixando tudo para mim. Nunca foi uma mãe presente, sabe? Sempre preocupada com ela mesma. Nunca se importou de verdade com a gente.

Ele respirou fundo, e havia uma tristeza silenciosa em seu rosto, como se ele estivesse tentando imaginar a minha dor.

— Deve ter sido solitário crescer assim — disse ele, com um tom de voz que fez meu peito apertar.

Engoli em seco e me esforcei para segurar as lágrimas que ameaçavam escapar.

— Foi. Ainda é, na verdade. Mas, de alguma forma, Manuela faz isso valer a pena. Ela preenche um pouco do vazio que a minha mãe deixou. E, bom… eu sempre tive a Sophia, o Gaspar e o Eros e agora você — Eu disse a última frase em um tom baixo, quase inaudível, e senti meu rosto esquentar no mesmo instante.

Ele sorriu, e havia algo naquele sorriso que me fez sentir mais segura, mais compreendida do que em qualquer outro momento.

— Vou te dizer uma coisa, Tessa — ele começou, olhando para Manuela, que agora estava tentando subir no balanço sozinha. — Eu admiro muito a força que você tem. Nem todo mundo teria conseguido fazer o que você fez. É uma responsabilidade enorme, mas você é... incrível.

Minha adorável TessaOnde histórias criam vida. Descubra agora