CAPÍTULO 19

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TESSA

Eu ainda estava perdida na sensação do beijo, meus lábios formigando, como se o momento não tivesse sido real. Enquanto Kaden se afastava, me chamou por um apelido que nunca tinha escutado antes.

— Boa noite, girassol — ele disse, com um sorriso suave nos lábios.

Fiquei paralisada por um segundo, sentindo o calor subir pelo meu rosto. Não sabia o que responder, então apenas retribuí o sorriso, ainda meio atordoada.

— Boa noite, Kaden — murmurei, baixinho, minha voz saindo quase um sussurro.

Ele ficou parado por um momento, olhando para mim, como se quisesse gravar cada detalhe. Depois deu um passo para trás, virando-se para o corredor e indo para o seu apartamento, enquanto eu continuava ali, com o coração batendo descompassado. Fechei a porta devagar, encostando a testa nela por um instante, tentando colocar os pensamentos em ordem.

Um sorriso escapou sem que eu pudesse evitar. Kaden era… especial. Eu já sabia disso, mas agora estava claro de um jeito que não dava mais para ignorar.

.....

Na manhã seguinte, acordei cedo como sempre, mas algo parecia diferente. Era como se o mundo tivesse um brilho a mais, e eu sabia exatamente o motivo. A lembrança do beijo me acompanhava enquanto eu preparava o café, e por um instante, até me peguei cantarolando uma música sem perceber.

— Manu — chamei, colocando um pratinho com frutas na mesa —, vem comer, meu amor!

Normalmente, ela já estaria correndo pela casa, inventando alguma brincadeira antes mesmo de sair da cama. Mas, dessa vez, não ouvi resposta. Estranhei e fui até o quarto dela. Manuela estava deitada, abraçada ao seu bichinho de pelúcia favorito, o rostinho abatido.

— Manu? — me ajoelhei ao lado da cama, passando a mão na testa dela. Estava quente. — Amor, você tá se sentindo mal?

Ela abriu os olhinhos devagar, fazendo um biquinho.

— Manu tá dodói, mamãe…

Meu coração apertou.

— Dodói onde, filha?

— Barriguinha… — Ela apontou com o dedinho para a barriga e fez outra careta, como se estivesse prestes a chorar.

Fiquei preocupada, mas tentei não demonstrar. Peguei o termômetro e medi a temperatura dela. Febril. Suspirei, indo até o armário para pegar o remédio. Voltei com a colher e o copo de água, sentando ao lado dela.

— Vamos tomar um remedinho, tá bom? Vai fazer você se sentir melhor.

— É ruím… — Manuela torceu o nariz, balançando a cabeça.

— Eu sei, meu amor, mas é só um pouquinho. Depois você pode escolher um desenho bem legal pra gente assistir, que tal?

Ela olhou para mim, ainda hesitante, mas acabou abrindo a boca. Dei o remédio e logo a abracei, beijando sua testa.

— Você é tão corajosa, minha princesa.

— Manu é poderosaaa — ela murmurou, encostando a cabecinha no meu ombro.

— Isso mesmo, minha poderosa — falei, tentando não demonstrar a preocupação que sentia.

Levei Manuela para o sofá, onde coloquei um cobertor sobre ela. Liguei a TV, escolhendo o desenho que ela mais amava, e fiquei ao lado dela enquanto tomava meu café. Ela parecia um pouco mais confortável, mas ainda estava quieta demais para o que era habitual. O silêncio dela me deixava inquieta.

Minha adorável TessaOnde histórias criam vida. Descubra agora