CAPÍTULO 09

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TESSA CALLAHAN

Deixei Manuela na creche como fazia todos os dias, mas, como sempre, o drama começava antes mesmo de eu me despedir. Ela segurava firme no meu casaco, os olhos grandes e brilhantes olhando para mim, enquanto balançava a cabeça com convicção.

— Mamãe, não qué fica... Mamãe vai com Manu!

Suspirei, tentando não rir. Era o mesmo teatro todas as manhãs. Manuela adorava a creche, eu sabia disso. Ela falava animada sobre os amiguinhos, as brincadeiras, e até sobre as histórias que a professora lia. Mas, todos os dias, ela fazia questão de criar esse momento de despedida dramático, como se fosse o fim do mundo.

— Manu, você sabe que a mamãe volta daqui a pouquinho, né? Vai brincar com seus amigos. — disse, abaixando-me na altura dela.

Ela fez uma carinha ainda mais triste, como se estivesse prestes a desabar em lágrimas.

— Não... Mamãe fica! Mamãe vem brin... brincar... comigo!

A professora, que observava de perto, riu baixinho, acostumada com o pequeno show de Manuela.

— Tessa, ela é uma atriz nata. Logo que você sair, vai correr pro parquinho como se nada tivesse acontecido.

Eu ri junto, balançando a cabeça.

— Eu sei. Ela faz isso todos os dias.

Manuela, percebendo que sua performance não estava tendo o efeito desejado, soltou o casaco devagar, mas não sem antes me lançar um olhar carregado de falsa tristeza.

— Beijo...?

— Claro, meu amor. Um beijo pra você. —
respondi, dando um beijo suave na testa dela. Ela sorriu, finalmente se rendendo à brincadeira, e saiu correndo em direção às outras crianças. O drama já havia passado.

A professora me lançou um olhar cúmplice.

— Até mais tarde Tessa.

— Até. Boa sorte com essa pequena dramática. — brinquei, acenando enquanto saía.

...

Eu e Sophia tínhamos combinado de ir a uma loja de brinquedos naquela manhã. Ela queria comprar um presente para Manuela, e, como era uma amiga próxima, sabia exatamente como agradá-la. Manuela faria três anos em breve, e eu sabia que a festa, mesmo pequena, seria especial para ela.

Nos encontramos na loja e passamos algum tempo escolhendo o presente perfeito. Sophia, sendo uma jovem prática, sugeriu um brinquedo educativo, mas quando viu a pequena cozinha de brinquedo com panelinhas e mini-utensílios, não resistiu.

— Acho que ela vai amar isso. E você vai ter que lidar com ela cozinhando pra você o dia todo, Tessa.

Eu ri, imaginando a cena.

— Com certeza. Ela vai me servir ‘comida’ de plástico por semanas.

Depois de comprarmos o presente, voltamos para o carro. O clima estava agradável, e o dia tinha tudo para ser tranquilo. Pelo menos até eu ouvir um barulho estranho vindo da roda traseira assim que saímos do estacionamento.

Minha adorável TessaOnde histórias criam vida. Descubra agora