Voltamos todos pra casa e aquele clima de doces e calmaria que havia rolado caiu por terra.
Todos se sentaram na sala e eu me encolhi na poltrona, não sabia como iniciar essa conversa.
— Você tá bem? — Emma pergunta olhando pra um ponto em meu rosto, toco ali e me lembro do soco.
— Tá tudo bem.
— Então já pode começar a falar. — Draken me intima e Emma olha pra ele irritada, repito profundamente.
— Ryuki era um antigo conhecido de Osaka, nos conhecemos quando eu morava com a família da senhora Soo-jin — Explico.
— Porque ele te chamou de garota demônio?
Manjiro tinha uma expressão de frieza que eu não tinha visto antes em seu rosto.
— Nas cidades do interior tem muitas lendas... Principalmente sobre demônios, quando eu cheguei em Osaka as pessoas já me chamavam assim.
— Porque? — Emma pergunta, engulo em seco.
— Por que numa das famílias adotivas que eu fiquei, o senhor da família tentou abusar de mim — Olho pra ela de olhos marejados — E descobri que ele abusou da filha dele também.
— Ele tocou em você? — Emma insiste e eu nego.
— Ele não conseguiu... Eu, não entendi o que aconteceu na época, de um minuto pro outro eu via tudo borrado, todo o resto sumiu e eu só enxergava ele e eu... Não conseguia parar. — Sussurro e me aperto mais contra mim mesma — Ele me jogou pra rua no dia seguinte e disse pra assistente social que eu era um demônio.
Emma se aproximou e sentou no braço da poltrona, ela me abraçou de lado e eu lhe dei um pequeno sorriso.
— Todos os lugares que eu passei depois disso, as pessoas me chamavam de Oni de Kagawa, a garota demônio, até que em Osaka conheci o Ryuki, foi o primeiro a se aproximar de mim, e disse que não acreditava nessa história de demônio — Acabo fungando — Ele disse que eu era linda demais pra isso mas vivia no meu pé, me dava petelecos, puxava meu cabelo, me irritava.
— Ele gostava de você — Mikey fala e eu olho assentindo lentamente.
— Acho que umas semanas depois, um veterano descobriu meu apelido e veio me incomodar durante o intervalo — Reviro os olhos — Ele dizia ter ouvido que se um homem conseguia "traçar" uma mulher demônio, este roubava seus poderes, então ele me arrastou pra dentro da sala de esportes.
— Kimori... — Emma me aperta.
— Eu me lembrei daquele velho nojento e comecei a bater! — Exclamo com raiva — Comecei a bater e bater e não parei até que ele não conseguisse se mover! Eu ouvi o osso do rosto dele quebrar no mesmo momento que a porta da sala abriu e Ryuki apareceu com os amigos, eles me arrastaram de cima daquele abusador nojento! Mas eu estava com tanta raiva!
— Você não parou — Manjiro constata.
— Não! Eu derrubei todos que tentaram me segurar, Ryuki segurou meus braços atrás de mim e eu me apavorei de novo, então bati mais nele também.
Um silêncio correu enquanto eles absorviam minhas palavras.
— Quando fiquei no orfanato, descobri com uma psicóloga o nome do meu problema, o TEI — Solto, já não tinha mais o que esconder mesmo — É um transtorno que leva a explosões de raiva. Geralmente sou a pessoa mais quieta e calma que existe, mas parece que debaixo da minha pele eu estou sempre fervilhando pronta pra explodir.
— Tá tudo bem, estamos aqui com você e isso não vai acontecer de novo — Emma fica na minha frente e me abraça — E se acontecer, vamos estar aqui pra te ajudar, somos sua família Kimori.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Delírio De Kimori - Tokyo Revengers
Fanfiction"Eu talvez... Tenha que me transformar..." - Mulan Após perder aquilo que mais amava no mundo, Kimori é jogada em uma nova realidade onde descobre que as pessoas na cidade não são tão gentis quanto no interior de onde ela vem. As pessoas tem uma ten...