11

19 5 3
                                    

Voltamos todos pra casa e aquele clima de doces e calmaria que havia rolado caiu por terra.

Todos se sentaram na sala e eu me encolhi na poltrona, não sabia como iniciar essa conversa.

— Você tá bem? — Emma pergunta olhando pra um ponto em meu rosto, toco ali e me lembro do soco.

— Tá tudo bem.

— Então já pode começar a falar. — Draken me intima e Emma olha pra ele irritada, repito profundamente.

— Ryuki era um antigo conhecido de Osaka, nos conhecemos quando eu morava com a família da senhora Soo-jin — Explico.

— Porque ele te chamou de garota demônio?

Manjiro tinha uma expressão de frieza que eu não tinha visto antes em seu rosto.

— Nas cidades do interior tem muitas lendas... Principalmente sobre demônios, quando eu cheguei em Osaka as pessoas já me chamavam assim.

— Porque? — Emma pergunta, engulo em seco.

— Por que numa das famílias adotivas que eu fiquei, o senhor da família tentou abusar de mim — Olho pra ela de olhos marejados — E descobri que ele abusou da filha dele também.

— Ele tocou em você? — Emma insiste e eu nego.

— Ele não conseguiu... Eu, não entendi o que aconteceu na época, de um minuto pro outro eu via tudo borrado, todo o resto sumiu e eu só enxergava ele e eu... Não conseguia parar. — Sussurro e me aperto mais contra mim mesma — Ele me jogou pra rua no dia seguinte e disse pra assistente social que eu era um demônio.

Emma se aproximou e sentou no braço da poltrona, ela me abraçou de lado e eu lhe dei um pequeno sorriso.

— Todos os lugares que eu passei depois disso, as pessoas me chamavam de Oni de Kagawa, a garota demônio, até que em Osaka conheci o Ryuki, foi o primeiro a se aproximar de mim, e disse que não acreditava nessa história de demônio — Acabo fungando — Ele disse que eu era linda demais pra isso mas vivia no meu pé, me dava petelecos, puxava meu cabelo, me irritava.

— Ele gostava de você — Mikey fala e eu olho assentindo lentamente.

— Acho que umas semanas depois, um veterano descobriu meu apelido e veio me incomodar durante o intervalo — Reviro os olhos — Ele dizia ter ouvido que se um homem conseguia "traçar" uma mulher demônio, este roubava seus poderes, então ele me arrastou pra dentro da sala de esportes.

— Kimori... — Emma me aperta.

— Eu me lembrei daquele velho nojento e comecei a bater! — Exclamo com raiva — Comecei a bater e bater e não parei até que ele não conseguisse se mover! Eu ouvi o osso do rosto dele quebrar no mesmo momento que a porta da sala abriu e Ryuki apareceu com os amigos, eles me arrastaram de cima daquele abusador nojento! Mas eu estava com tanta raiva!

— Você não parou — Manjiro constata.

— Não! Eu derrubei todos que tentaram me segurar, Ryuki segurou meus braços atrás de mim e eu me apavorei de novo, então bati mais nele também.

Um silêncio correu enquanto eles absorviam minhas palavras.

— Quando fiquei no orfanato, descobri com uma psicóloga o nome do meu problema, o TEI — Solto, já não tinha mais o que esconder mesmo — É um transtorno que leva a explosões de raiva. Geralmente sou a pessoa mais quieta e calma que existe, mas parece que debaixo da minha pele eu estou sempre fervilhando pronta pra explodir.

— Tá tudo bem, estamos aqui com você e isso não vai acontecer de novo — Emma fica na minha frente e me abraça — E se acontecer, vamos estar aqui pra te ajudar, somos sua família Kimori.

O Delírio De Kimori - Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora