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Fui pro quarto e peguei um moletom preto. Peguei meu livro e minha faixa branca, também peguei um cobertor e olhei pela janela do quarto. Joguei as coisas pela janela e pulei, não era tão alto. Fui pro dojo e estendi o cobertor nos colchonetes macios largando minhas coisas ali.

Amarrei a faixa na minha cintura e fiquei a frente de um saco de areia pra começar a praticar meus golpes. Graças a tudo que é mais sagrado eu não havia explodido com todas aquelas pessoas lá.

Fiquei aplicando tudo que havia aprendido até agora, eu precisava acabar com toda aquela energia, toda aquela raiva, antes que tivesse algum problema maior.

Dou um último chute e me jogo no chão, cansada.

De cabeça pra baixo, vejo Hanma escorado no batente da porta com braços cruzados me olhando.

— Achei que não ia parar nunca.

— Tinha muita energia pra gastar.

— Conheço formas bem mais interessantes pra isso.

Não respondi. Ele era outro idiota.

— Dá o fora, Hanma.

Ele dá alguns passos pra dentro do local e estende a mão pra que eu me levante, suspiro e faço isso.

— Você tem que parar de se machucar por conta de gente como aquele tampinha — Ele fala.

— Eu não me machuquei — Cruzei os braços confrontando, ele apenas olha e puxa meus braços mostrando eles vermelhos pelos golpes e meus punhos levemente machucados — Foi só um pouquinho.

— Não deveria ter nada, não porque você tá irritada. Se estivesse treinando porque gosta, eu entenderia, mas tá fazendo isso porque tem com raiva dele.

Olhei pro outro lado com raiva.

— Tenho uma proposta pra você — Ele falou e eu virei novamente pro mais alto, tendo que levantar a cabeça pra olhar em seu rosto.

— Então fala.

— Sabe muito bem porque eles tão o tempo todo falando de você né? — Ele pergunta com o cenho arqueado.

— Por que eu sou uma caipira, porque meu cabelo vive armado, por que eu sou extremamente magra em alguns lugares e gorda em outros, porque eu não tenho mania de cuidar de mim mesma e ando desleixada, porque sou tão branca que pareço um fantasma — Fico falando tudo que eu ouvia pelos cantos — E porque me acham feia, e por aqui as pessoas só se importam com beleza.

Ele fica em silêncio durante um tempo.

— Você se odeia?

Abri a boca e demorei para responder.

— Eu queria mudar umas coisas em mim antes, mas depois que vim pra cá, parece que tudo em mim ficou mais feio que o normal.

— Bom, se você quer mudar, eu posso te ajudar.

— Como? — Olho curiosa porém com receio.

— Nada que uma transformação não resolva — Ele sorri de canto.

— E o que você ganha com isso?

— Coloque o Mikey no lugar dele, já vai ser uma vitória o suficiente pra mim.

Sorri com o pensamento.

— Tudo bem. Vamos mostrar pra ele então.

No dia seguinte, um domingo, Hanma apareceu logo cedo na minha casa com várias sacolas e Kisaki embaixo do braço. O último claramente não queria estar ali, estava o tempo todo emburrado.

O Delírio De Kimori - Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora