Todo o amor que já desejei

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Um som cortou o sono agitado de Engfa. Ela acordou assustada, sentindo sua cabeça pesada, suas têmporas latejando. Na noite anterior, ela havia perdido a conta de quantas bebidas tomou e agora pagava o preço da ressaca.

Ela estava afundando na autocomiseração quando ouviu batidas incessantes na sua porta. Ela pensou em ignorar, sabendo que provavelmente era Aoom, a mulher sempre era a primeira a tentar se reconciliar após uma discussão, embora aquelas duas nunca tivessem discutido tão seriamente quanto no dia anterior.

Engfa ainda estava frustada com a amiga, irritada com suas palavras, mas sabia que também havia passado dos limites. No entanto, ainda não estava afim de uma conversa.

Quando voltou a se enrolar no cobertor, uma voz pequena a fez pular da cama, rapidamente desperta.

"Vizinha!"

Malee?

"Vizinha! Vizinha!"

Era Malee.

Engfa saiu do quarto e foi em direção ao som, cambaleando e sentindo a cabeça girar.

Ao abrir a porta ela se deparou com uma Malee com cabelos bagunçados e pijama de unicórnio, agarrada ao coelho de pelúcia que Engfa havia a presenteado apenas alguns dias atrás.

"Vizinha!" A menina praticamente se jogou para Engfa, agarrando suas pernas e a fazendo ir para trás com o impacto que ela não esperava.

Engfa a segurou, confusa. O que Malee estava fazendo na sua porta? Onde estava Charlotte? Ela se afastou o suficiente apenas para se ajoelhar, nivelando seus olhos com os da menina.

"O que houve, Malee? Onde está sua mãe?"

Os olhos pretos da menina transbordavam nervosismo e ela falou com uma voz trêmula. "Mommy não acorda!"

O coração de Engfa se retorceu em seu peito, uma dor aguda. A sobriedade a atingiu como um raio, todo o efeito do álcool desaparecendo em um instante. O que Malee queria dizer?

A menina continuou, parecendo que ia chorar a qualquer instante. "Eu não alcanço a campainha, estava batendo na porta e chamando por você, mas você não me escutou!"

Engfa sentiu seu coração afundar, há quanto tempo a menina estava ali?

"Mommy está com febre, não acorda!"

Engfa se levantou e pegando a criança no colo, correu para o apartamento ao lado. A porta estava aberta, e ela se encaminhou em direção ao corredor, entrando na porta à esquerda, sabendo que ali era o quarto principal.

Ela encontrou Charlotte deitada na cama com o cobertor até o queixo. O quarto estava abafado, as janelas fechadas. Engfa se aproximou com o coração apertado. Charlotte estava com os olhos fechados, parecendo pálida demais. De forma hesitante, ela se inclinou, colocando uma mão na testa de Charlotte. A mulher estava queimando de febre.

Ela puxou a mão de volta, sentindo seu coração disparar, o pânico se agitando. Ela engoliu em seco, sua preocupação aumentando a cada segundo. Charlotte estava doente. O que ela deveria fazer?

Engfa tentou colocar Malee no chão, mas a menina se agarrou firmemente em seu pescoço, como se não quisesse ficar distante da mulher, então Engfa segurou a menina de modo mais firme, a ajustando em sua cintura.

"Charlotte." Engfa a chamou, tocando a mulher levemente por cima das cobertas, tentando fazê-la acordar. Ela sentiu-se tremer, o nervosismo e ansiedade tomando conta de seu corpo. Ela precisava ficar calma, no entanto, porque não queria assustar Malee ainda mais.

"Charlotte." Ela tentou mais uma vez, um tom de voz mais alto e balançando a mulher mais incisivamente.

Charlotte abriu os olhos lentamente, como se estivesse sendo puxada de um lugar muito distante. Os olhos dela estavam desfocados e cansados. "Engfa?" Sua voz estava baixa e fraca.

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