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Nas últimas semanas, eu não me senti tão solitária. Nem mesmo quando Gina finalmente me falou que estava namorando com Dino Thomas, da Grifinória. Hermione passava mais tempo que o normal com a cara enfiada nos livros, Harry parecia distante as vezes, e Ron... Acho que Ron tentava roubar da cozinha, ou apenas seguia Hermione, como um cachorrinho. Até mesmo Elle começou a se interessar por um carinha da Corvinal.

Eu tinha todos os motivos do mundo pra me sentir sozinha. Mas não estava. Draco continuava me seguindo de perto, às vezes me dando aula de Poções, e Luna Lovegood se mostrava uma boa amiga. Queríamos a mesma coisa, então passávamos bastante tempo juntas na Floresta Proibida com a supervisão atrapalhada de Hagrid. Mas era impossível eu me sentir bem em 100% do tempo em que eu estava sozinha.

O tempo livre que eu tinha, revezava entre a biblioteca e a colina. Nunca achei que fosse sentir tanta falta de alguém da Sonserina, principalmente quando o homem em questão era Draco Malfoy. Mesmo quando estávamos passando tempo juntos eu sentia que tinha alguma coisa errada com ele, os comentários dos meus amigos voltando à minha mente. Ele não estava bem. E, conhecendo ele, estava aprontando alguma coisa. Mas não sei se eu gostaria de saber, ainda mais porque não éramos próximos assim. Ele tinha seu canto, eu tinha o meu.

Mas, caramba, vê-lo naquele terno preto se tornou meu ponto fraco. Era algo que eu não sabia que precisava. Era tão comum vê-lo nas roupas pretas e verdes da Sonserina que eu não achei que seria nada demais. Mas eu estava errada.

Era um sábado à tarde, a Gifinória tinha treino de Quadribol, e metade das pessoas estavam lá. Alguns alunos tinham ido à Hogsmeade, e outros estavam em suas salas comunais. Quase ninguém estava no Salão Principal àquela hora.

Eu tinha um livro de Poções aberto à minha frente, e um pratinho com doces e uma xícara de café apareceu à minha frente. Mas não eram as palavras do livro que eu li. A segunda carta de meu pai estava ali, e eu precisava me controlar mais do que da primeira vez. Eu já conseguia ver a forma como lentamente ia perdendo as capacidades motoras.

-Eu sei que não gosta de Poções, mas precisa chorar? - Draco se sentou à minha frente, roubando a única coisa saudável que tinha no meu prato de lanche: uma maçã verde, e guardou no casaco.

-Cale a boca, Malfoy. - murmurei, limpando os olhos com a manga da blusa.

-Você está bem?

-Eu poderia fazer a mesma pergunta, mas sei que não responderia. - retruquei.

-Mesmo se eu falasse, você não entenderia. - ele respondeu, girando o anel da família no dedo. - Me deixe ver qual é a Poção da vez.

Ele puxou o livro antes que eu pudesse pegar a carta. Eu o vi lendo a primeira linha, e então desliza-la para mim.

-Felix Felicis. - ele falou. - Precisa de um pouco de sorte, Daya?

-Não me chama assim.

-Prefere Adhara? - ele tinha aquele maldito sorriso perverso no rosto, a sobrancelha erguida em interesse.

-Prefiro que não me chame, Malfoy. - fiz careta.

-O que? Não gosta da forma como digo seu nome?

Quem me dera se fosse isso.

-Não.

Ele me encarou, me analisou, como sempre fazia.

-Certo, nada de estudar hoje. - ele fechou o livro com um baque, se levantando do banco, com as mãos apoiadas sobre a mesa. - Pegue seu lanchinho, Daya, vamos arrumar algo diferente para fazer hoje.

-Não deveria estar com a sua namorada, Malfoy? - puxei o livro, abrindo na página em que estava.

-Que namorada? - ele fez uma careta em minha direção.

-Pansy. Ela te segue como um cachorrinho por todos os lados, sempre faz cara feia para qualquer garota que chega perto de você...

-Ela fez cara feia para você? - sua expressão não mudou muito, mas seu tom de voz sim, como se ficasse na defensiva. Aquilo fez um arrepio correr por minha espinha.

-Não fale como se não percebesse. - revirei os olhos. - Aquela garota é apaixonada por você.

-Você quer fazer alguma coisa ou não, Daya?

-Não, Malfoy, estou muito confortável aqui. - respondi.

Malfoy se sentou novamente, apoiando o queixo nas mãos, me encarando entediado.

-Malfoy, você não está costurado a mim, pode fazer o que quiser. Vá atormentar crianças do primeiro ano. - falei fazendo um gesto com a mão.

-Assim que eu sair, você vai ler a carta de novo, e vai começar a chorar de novo. Qual é a graça de te ver chorando se não é porque estou te perturbando? - ele ergueu a sobrancelha, me provocando. - Anda, podemos fazer o que você quiser.

-Por que insiste tanto em minha presença, Draco? Não sabe se divertir sozinho?

-Já disse, não tem graça te ver chorando se não é por minha causa! - insisti.

Eu revirei os olhos.

-Fala, o que você quer fazer?

-Ver os filhotes de Pelúcio. - respondi depois de alguns instantes.

-Então vamos ver os filhotes de Pelúcio.

***

Na aula de Poções naquela semana, o Professor Slughorn nos fez ficar em pé em volta da mesa central. Eu estava apoiada em Hermione, quase caindo de sono. Eu precisava de uma quantidade absurda de café ao menos para chegar à noite sem desmaiar. Draco estava num canto com Pansy e Blásio, ele ria de algo que Blásio disse e Pansy me observava com nojo.

Qual era o problema daquela menina?

-Bom, pessoal, vamos conhecer algumas das poções mais poderosas que podemos fazer. A primeira é Amortentia, uma poção do amor extremamente perigosa e forte. - ele abriu um dos caldeirões e um vapor rosa começou a sair. - Senhorita Granger, diga-nos o que sente.

-Sinto cheiro de grama cortada, pergaminho novo, pasta dental e... - ela se calou com um susto quando Harry e Ron chegaram quase quebrando a porta da sala.

-Professor, desculpe. - Harry disse.

-Não, sem problemas, meninos. - ele sorriu. - Peguem os livros no armário. Senhorita Callix, se importa?

-Certo. - ajeitei minha postura e respirei fundo. - Cheiro de chuva, menta, um perfume de amadeirado e maçã verde. - respondi.

-Ótimo, ótimo. - ele sorriu. - A Amortentia tem um cheiro diferente para cada pessoa, são indícios da pessoa por quem ela pode estar apaixonada. Eu a considero uma das poções mais perigosas, pois uma vez ingerida, não sabemos o que uma pessoa apaixonada obsessivamente é capaz de fazer.

Ele tampou a poção novamente e aquele cheiro desapareceu. Vi Pansy voltar ao seu lugar, como se estivesse enfeitiçada, e as bochechas de Draco ficaram levemente avermelhadas.

-Vamos, vamos. Hoje, proponho um desafio. Uma das poções mais detalhadas de se preparar é a do Morto-Vivo. Quem conseguir executá-la perfeitamente, ganha um fraquinho de Felix Felicis, a poção da sorte-líquida.

Malfoy passou por mim e eu senti sua colônia. 

Obsessed × D.MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora