Draco Malfoy
Estava me corroendo ter ela por perto e não poder falar com ela tudo o que eu queria. Eu queria ter coragem de contar para Daya que eu tinha feito a maior merda da minha vida, por medo, por egoísmo, para a minha mãe não sofrer. Talvez, se ela soubesse, ela não me veria como um monstro, mas eu achava isso muito difícil.
Querendo ou não, ela continuava amiga de Harry Potter, e pouco custava que ela compartilhasse da mesma visão que ele, mas soubesse esconder muito bem.
-Aquela garota é muito sem sal. - ouvi Pansy resmungar um dia com Blásio. - Não gosto dela, faz o Draco ser... bonzinho.
-Pansy, por que você não leva essa sua cara de nojo para outro lugar? - virei para ela e perguntei. - E da próxima vez que olhar com cara de cu pra ela, vou fazer você se arrepender disso.
-O que aconteceu com você, Malfoy? No início do ano estava todo focado em se afastar dessa escola, e agora está se babando por uma Lufana? - Blásio fez careta.
-Não sabia que minhas decisões eram da sua conta. - retruquei e me afastei deles.
Daya tinha razão. Talvez eu precisasse de amigos melhores, mas não acho que eles realmente sejam meus amigos de verdade. Mas, de algum jeito, eles me faziam permanecer focado no que eu tinha que fazer, enquanto ela me distraía, me fazia me sentir eu mesmo. Me fazia bem.
Eu escrevi para a minha mãe sobre ela, e minha mãe ficou feliz por eu estar me sentindo feliz desse jeito, e ficou preocupada se eu contaria à ela sobre o que eu realmente estava fazendo ali naquele ano. Eu queria surtar.
Estava andando pelos corredores da escola à noite, não havia quase ninguém ali, ao longe ouvia risadas baixas. Eu havia encontrado o armário sumidouro há algum tempo, mas ainda não tinha conseguido colocar aquele plano em prática. O colar, infelizmente, não deu muito certo. Teria sido quase, se Katie Bell não tivesse sido tão curiosa.
Mas eu estava apavorado, na verdade. Tinha medo de fazer qualquer coisa que fosse afetar Adhara, que fosse afastá-la de mim. Por isso, eu ainda não tinha me aberto com ela. Tinha medo de que quando ela soubesse quem eu era de verdade, se soubesse o que eu estava prestes a fazer, ela me odiaria. Não haveria perdão suficiente naquela Lufana para mim.
Adhara Callix tinha alguma coisa que me deixava completamente obcecado nela, enfeitiçado por ela. Era a única coisa que estava na minha mente o tempo inteiro, a risada dela, os olhos, tudo o que ela tinha confidenciado a mim naquele tempo. Eu queria protegê-la a todo custo. Talvez, se eu me convencesse o suficiente, tudo o que eu fizesse poderia ser justificado para mantê-la segura.
-Cacete! - resmunguei assustado quando vi um ponto branco no meio daquela escuridão. - Ei, bichano, tá perdido?
O gato que se aproximou de mim era bem peludo e branco, tinha o andar preguiçoso quando sua cauda se enrolou na minha perna.
-Orion! - então eu ouvi a voz dela. Quando Daya entrou no meu campo de visão, ela estava usando pijamas, o cabelo que eu fiquei apaixonado estava preso no alto da cabeça, com algumas mechas caindo à frente do rosto. O gato aos meus pés miou quando ela o pegou no colo. - Foi mal, ele é um andarilho noturno.
-Então esse é o famoso Orion? - perguntei, fazendo carinho no animal.
-Ele não deixa ninguém se aproximar dele. - ela pareceu surpresa.
-Parece a dona. - comentei.
-Caramba, a lua tá linda. - seu rosto estava voltado para o lado de fora e ela se aproximou do banco ali. Sua pele brilhava com a luz que a lua emanava.
-As estrelas também. - eu me aproximei, mantendo uma distância curta entre nós. - Não conseguiu dormir?
-Não. - Daya negou. - E Orion queria sair um pouco. E você?
-Compartilho da motivação de Orion. - eu estava apaixonado na silhueta dela. - Você acredita naquilo que o Slughorn falou sobre a Amortentia?
-Que ela é perigosa? Acho que qualquer sentimento em excesso e manipulado é perigoso. - ela se sentou com as pernas dobradas, formando um cercado para aquele gato gigante.
-Sobre aquela coisa do cheiro.
-Ah. - ela se calou. - Acho que sim. Quer dizer... deve ser um efeito colateral, como qualquer poção.
-O que você sentiu?
-Não se lembra? Eu falei na aula. - ela franziu as sobrancelhas levemente.
-Digamos que eu estava enfeitiçado pela poção. - eu me sentei à sua frente.
-Não me lembro bem o que eu falei. - Daya respondeu rápido demais, e aquilo foi o suficiente. Orion se espreguiçou e pulou para o chão, deitando-se de barriga para cima.
-Você mexe a sobrancelha quando mente, Daya.
-Já falei para não me chamar assim, Malfoy. - ela respondeu entediada e o canto da sobrancelha se mexeu levemente de novo.
-Viu? Sua sobrancelha acabou de mexer. - provoquei.
Ela fechou a cara ao olhar em minha direção. A cada momento que eu achava estar superando aquela garota, algo me atraía de volta, como se aquele fosse o meu lugar, ao lado dela.
-Por que você é tão irritante?
-Por que não quer me falar que sentiu o meu cheiro? - retruquei e vi sua expressão mudar completamente. Ela se calou. - Eu não sou idiota, Adhara, você não consegue mentir para mim.
-Se sabia, por que perguntou então, caralho? - ela reclamou mas eu vi a faísca em seus olhos, o pequeno deslize em sua voz.
-Queria saber até onde você conseguiria carregar a mentira. - me apoiei sobre as mãos e me inclinei em sua direção.
-E você? O que sentiu?
-Chuva. Livros novos. - falei devagar. - Café. - e então eu estava tão próximo que senti o cheiro que emanava de seu cabelo. - Chocolate.
Ela analisou o meu rosto, curiosa. E então sorriu levemente.
-Não sabia que a Pansy sabia ler.
-Foda-se a Pansy.
Num impulso, meus lábios se chocaram nos dela. E, porra, como eles eram macios. Segurei sua nuca, utilizando do dedão para erguer sua boca em direção à minha. Senti suas mãos se agarrando à minha camisa e me puxando. Caralho, como eu precisa sentir aquele beijo, saber como seria, tirar minha dúvida sobre seus lábios. Ao aprofundar o beijo, senti ela se desfazendo, como se quebrasse qualquer barreira que a impedia de fazer aquilo, e ouvi um resmungo sair de sua boca.
Adhara colocou as mãos sobre o meu peito e colocou uma distância entre nós ao me empurrar para trás. Seus lábios estavam levemente avermelhados.
-Uou. - ela sussurrou. - Eu... eu... eu preciso ir. Elle logo vai vir atrás de mim.
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ela já tinha pegado o gato e desaparecido pela dobra do corredor. O cheiro dela ainda estava ali, e eu ainda conseguia sentir os lábios dela no meu.
Cacete. Como pode uma garota como ela me deixar tão obcecado?
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Obsessed × D.Malfoy
أدب الهواةComo Lufana, lealdade era minha sina, minha benção e minha maldição, meu defeito mortal. A Morte não discrimina pecadores e santos, por isso eu perdi algumas das pessoas mais importantes da minha vida, e eu sobrevivi do mesmo jeito. O Amor não discr...