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Eu não dormi quase nada naquela noite. Fiquei mudando de posição constantemente, tentando tirar aquele beijo da minha cabeça, mas era impossível. Meu coração estava acelerado, minha mente estava inquieta.

Eu queria mais. Um beijo não era nem de perto o suficiente para me fazer pensar nele. Maldito e arrogante Draco Malfoy.

***

-Juro, a comida estava uma delícia. - Elle estava me contando na hora do café da manhã sobre o jantar ofertado pelo Professor Slughorn ontem à noite, mas nem aquilo conseguia tirar Malfoy da minha cabeça.

-El, eu te amo, mas me deixa terminar minha primeira xícara de café. - implorei. Ela se calou e me olhou com os olhos brilhantes e ansiosos enquanto eu tomava o último gole da bebida e ela se enchia novamente. - Certo, agora continue.

-E você não sabe! Quando Gina apareceu, ela parecia ter chorado, os olhos dela estavam meio vermelhos. Mione falou alguma coisa com Harry e ele se levantou quando ela se aproximou da mesa! - ela fez uma expressão de surpresa.

-Harry e Gina? Harry Potter e Ginevra Weasley? - confirmei.

-Sim! Tem alguma coisa rolando com eles! A gente precisa descobrir!

-Mas ela não tá com Dino Thomas?

-Foda-se Dino Thomas! - ela abaixou o tom de voz para não gritar de empolgação.

Foda-se a Pansy. Um arrepio percorreu minha espinha quando meu olhar foi atraído para a mesa da Sonserina. Draco tinha o cabelo atrapalhado e a cabeça baixa.

-Então, o que vai fazer hoje? Quer ir à Hogsmeade comigo e Francis?

-Quem é Francis? - franzi o cenho perdida.

-O carinha da Corvinal.

-O nome dele é Francis?

-Para de zombar do menino! - ela me repreendeu com uma risada, o que tirou uma minha também.

-Valeu, mas eu passo. Primeiro, porque não quero ficar de vela. Segundo, porque eu e Luna combinamos de ajudar Hagrid a limpar o corujal, e depois eu combinei com a Professora Sprout de ajudar na Estufa.

-Muito compromisso para um dia só. - Elle fez uma careta. - Bom, trago alguma coisa pra você. Preciso ir. Até mais tarde!

Ela mordeu um muffin de frutinhas e carregou outro. Vi minha melhor amiga se afastando e um nó se formou em minha garganta. Ouvi um assovio muito parecido com o que Fred utilizava para me chamar e olhei para a mesa da Grifinória. Ron fazia um gesto para eu me aproximar.

Respirei fundo e peguei minha xícara fumegante, indo até lá.

-Bom dia, senhores. - me sentei ao lado de Ron e senti o cheiro de grama. Meu coração se apertou de saudade da Toca.

Espera. Grama. Olhei surpresa para Hermione, encaixando as peças.

-O que foi? - ela me olhou assustada.

-Nada! - respondi rápido e roubei um bolo de chocolate da pilha. - Então, o que querem?

-Ficou sabendo sobre Katie Bell? - Harry perguntou.

-Sim, o que tem ela? Como ela tá?

-Tá na enfermaria. - Ron respondeu, enchendo a boca.

-Mas isso não vem ao caso. Achamos que foi Malfoy quem fez aquilo com ela. - Harry disse e eu parei com a xícara a meio caminho da boca. - Você não sabia.

-Por que acham que foi o Draco?

-Harry disse que o viu entrar no banheiro. E Snape disse que o colar estava enfeitiçado com um feitiço de morte muito forte. - Hermione explicou. - Como vocês dois conseguem comer tanto?

Eu e Ron trocamos olhares e fizemos careta para Hermione.

-Malfoy não falou nada com você?

-Por que acha que ele falaria alguma coisa comigo, Harry? - perguntei.

-Vocês estão passando tanto tempo juntos que achamos...

-Eu não acho que ele tenha feito isso. - neguei. - E se tiver... não acho que tenha sido por mal.

-Estamos falando de Draco Malfoy. - Harry insistiu. - Filho de um Comensal da Morte, Addie.

-Nem tudo que fazemos, Harry, é justificado por nossos pais. E, se, SE, Draco tiver feito isso, acredito que não tenha sido por querer. Talvez não tenha tido escolha.

-Por que insiste em defendê-lo? - Hermione perguntou com raiva. - Ele não sentia remorso nenhum se tivesse matado alguém, Addie. Ele não é como nós.

-Realmente, não é. Porque ele é o único que tem me dado um pingo de atenção e satisfação de alguma coisa, quando as pessoas que diziam ser meus amigos não me convidam nem pra ir ao Três Vassouras. - reclamei.

-Não tínhamos pensado em ir ao Três Vassouras. Decidimos de última hora. - Ron tinha um tom calmo.

-Não, Ron, ela tem razão. Não temos sido bons amigos ultimamente. - Hermione disse. - Sinto muito, Addie. Mas você também tem si mantido muito distante de nós e...

-Meu pai morreu uma semana antes das aulas começarem. - joguei a informação. - E não tá sendo nem um puco fácil pra mim.

-Fred e George...

-Sabiam. - olhei para Ron. - Se não fosse por eles, eu não tinha conseguido organizar um funeral. Agora somos só eu e minha tia que vive na Irlanda.

-Meus pêsames, Addie. - Harry disse.

-Por que não nos disse?

-Porque vocês estão sempre muito preocupados tentando manter Harry com a cabeça dele sobre o pescoço e com o coração batendo.

-Addie, o que aconteceu? - ele perguntou, franzindo o cenho.

-Nada, Menino-Que-Sobreviveu. - resmunguei e me levantei da mesa. - Tô atrasada, vejo vocês depois.

Ouvi Rony me chamando, mas eu não podia lidar com aquilo agora. Precisava limpar o coru...

O que eram todas aquelas vozes? Por que meu coração estava tão acelerado no peito? De onde vinha aquela vontade de chorar? Por que minhas mãos estavam tremendo? Por que eu não conseguia mexer minhas pernas? Para onde tinha ido a minha voz? Por que tá tudo tão barulhento e silencioso?

Eu me arrastei para a amurada mais à frente no corredor. Meu peito estava queimando, como se eu estivesse embaixo d'agua, meu coração estava tão acelerado que eu achei que ele iria abrir um buraco e sair correndo. Minha cabeça estava pesada e zonza ao mesmo tempo, meus olhos estavam ardendo e minhas mãos tremiam muito. Eu não conseguia falar.

-Daya? - uma voz parecia distante, como se um fantasma estivesse me chamando, mas eu não conseguia enxergar nada. - Daya! Adhara! Ei, ei!

Senti mãos sobre minhas bochechas, mantendo meu rosto reto. Pelas lágrimas, eu consegui ver um Draco muito embaçado.

-Draco? - o nome dele saiu trêmulo de meus lábios, quase nem saiu. - Draco...

-Tá tudo bem, eu tô aqui. - ele tinha uma voz calma e era a única coisa que eu conseguia ouvir. - Se concentra na minha voz...

-O que você fez com ela, Malfoy? - ouvi a voz furiosa de Harry e no instante seguinte eu não sentia mais o toque de Draco.

Quis gritar por ele, mas não tinha fôlego o suficiente. Por que meu peito estava tão apertado? Onde estava Draco?

Conseguia ouvir uma confusão, xingamentos, gritaria, a voz de Draco em algum lugar.

-Eu não fiz nada, Potter! Você quem deve ter falado alguma coisa horrenda pra ela!

-Não se aproxime dela, Malfoy!

-Hermione, faz alguma coisa! - Ron implorou.

-Gente! Eu acho que ela... - eu não consegui ouvir o que a Hermione disse. Meu corpo tombou para frente e eu não ouvi mais nada. 

Obsessed × D.MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora