CAPÍTULO 9

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HERMIONE

O banheiro do segundo andar estava como sempre: sombrio e mal conservado, com as paredes cobertas de musgo e espelhos manchados que refletiam meu rosto transtornado em uma imagem distorcida

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O banheiro do segundo andar estava como sempre: sombrio e mal conservado, com as paredes cobertas de musgo e espelhos manchados que refletiam meu rosto transtornado em uma imagem distorcida. A luz fraca fazia as pedras úmidas e rachadas parecerem ainda mais frias, e o cheiro de mofo se misturava ao gotejar constante das torneiras.

Encostei-me à pia, abrindo a torneira com mãos trêmulas e lavei o rosto várias vezes, a água gelada escorrendo pela pele, enquanto rezava para apagar qualquer vestígio daquele momento. Esfreguei a boca, quase desesperada, tentando, em vão, dissipar o gosto dele dos meus lábios. O beijo, forçado e inescrupuloso, queimava como uma marca indesejada. Aquele maldito ultrapassou todos os limites aceitáveis da nossa richa. Ele fez de propósito.

Suspirei, tentando ordenar o turbilhão dentro de mim. O que ele queria, afinal? O que poderia levá-lo a cruzar todos os limites da nossa rixa com tamanha crueldade? Ele fez por provocação, por humilhação, talvez por pura maldade. Um toque asqueroso, premeditado, sem razão, além de tripudiar sobre meu orgulho. Qual outro propósito existiria? Não havia. Não existia. Limpei o rosto com a bainha da camisa, determinada a aprender o quanto antes um feitiço de desinfecção – uma precaução que agora parecia indispensável.

Eu estava tão absorta na minha própria raiva que demorei a notar as torneiras ligando sozinhas. A água jorrava com força, mas foi só ao ouvir um gemido baixo e trêmulo que a realidade me atingiu: Murta Que Geme estava ali, observando-me das sombras. O olhar fixo e intrusivo dela parecia atravessar a minha indignação, como se aquela aparição fantasmagórica soubesse exatamente o que acabara de acontecer.

Fechei os olhos por um instante, sentindo o rosto corar de frustração, enquanto o eco das risadas sussurradas de Murta flutuava entre os boxes do banheiro. Calma, Hermione, calma....

— Olá novamente, Hermione. O que foi dessa vez? Rony fez outro comentário ofensivo?

— Não. Ele não fez nada — observei-a flutuar para perto de mim.

— Ora, Hermione... você sabe que pode desabafar comigo — disse Murta, deslizando pelo banheiro com aquele sorriso zombeteiro. — Sei que é difícil superar um relacionamento.... Quer dizer — ela piscou, ponderando —, eu acho que sei. Deve ser sufocante não sentir o calor do outro enquanto estão....

— Isso não é uma piada, Murta — cortei-a, decidindo sair dali antes que perdesse as estribeiras. — Você não entenderia — eu caminhei rapidamente para fora.  Atravessei a porta apressadamente, retornando aos corredores, migrando em direção a qualquer outro lugar, menos para ele. Para a sala dos monitores. Desvincular as reminiscência do ocorrido, para mim era vital. Pelo menos foi nisso que me agarrei, pois, sentia o latejar dos meus lábios, o gosto fresco da bebida na minha saliva, e a raiva disso apenas cresceu.

Merda. Por que ele fez isso? Por quê? Cerrei os punhos, encostando-me na parede da esquina, ainda revoltada. Os flashbacks do episódio pipocando na minha mente. Infelizmente, inevitavelmente, minha cabeça simplesmente comparou com os beijos de Rony, e era tão..... Diferente.

PROIBIDO || DRAMIONEOnde histórias criam vida. Descubra agora