Vinte e dois.

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Julie.
Anos depois.
Desde que Anthony foi embora minha vida mudou de cabeça para baixo, eu conversava com ele vez ou outra, mas não era como antes. Ele só queria falar de trabalho e coisas do tipo. E por isso eu me afastei.
Nesses anos que passaram o pai dele, veio á empresa daqui e me contou porque pediu que Anthony volta-se. "Ele não pode se relacionar com ninguém, a não ser que eu a escolhe. Fora que isso ia causar problemas para ele. Então fiz escolher entre você e a empresa.". Eu nunca senti tanta raiva como nesse dia.
Mas agora vamos falar de coisas boas. Eu terminei meu curso, já faz mais ou menos um ano e eu não pretendo voltar para o Brasil, tão cedo. Pois é, eu estou fugindo.
Benjamin e Camille se casaram, o casamento foi lindo. Foi na praia e até meus pais foram chamados, quando eu os vi, quase tive um treco de alegria. Mas enfim, eu fui á madrinha do Benjamin junto com o Anthony.
Eu continuo trabalhando na empresa deles, mas abri mão do meu cargo, eu gosto mesmo é de trabalhar com vinhos. Eu viajo pelo mundo em busca de palestras e coisas relacionadas. Eu estou feliz, mas ainda falta uma coisa pra meu coração ficar totalmente completo.
Mas depois de tanto fugir, eu teria que enfrenta-lo hoje. Iria ter uma festa da empresa. E Benjamin me obrigou a vir, ele praticamente me intimou. Pelo que eu descobri dessa festa, ela era beneficente.

- Oi – falei, enquanto eu entrava na festa.
- Aí faz quando tempo? – Camille perguntou.
- Uns cinco anos – respondi – Mas e agora, cadê o Benjamin?
- Tá com o papai – fez cara de tédio – Esse homem é um horror.
- Só percebeu isso agora? – perguntei e arqueei uma sobrancelha.
Nós caminhamos para um lugar aonde era o nosso lugar. Sentaram-se e ficamos conversando.
- Ele ta vindo – me cutucou – Não fiquei idiota.
- Quem tá vindo? – perguntei
- Não vira – ela pediu.
- Você esta me deixando assustada – resmunguei.
- Bu – Benjamin gritou e colocou as mãos em minhas costas.
- Seu plano de errado – afirmei.
O plano dele de me assustar deu certo, mas depois que você convive com ele você aprende a não ligar mais.
- Você avisou? – ele perguntou para Camille.
Ela fez cara de desentendida.
- Cadê o Anthony? – perguntei, e eles me encararam surpresos.
- Ele está lá fora – respondeu – perto daquela fonte.
- Obrigada.
- O que você vai fazer? – perguntou.
- Precisamos esclarecer algumas coisas – eu sorri de lado – mas eu já volto.
Pisquei para eles e sai andando para a tal fonte.

Anthony esta de costas para mim, eu me aproximo de vagar. Ele esta olhando para o céu, as estrelas estão lindas.
- Então quer dizer que você escolheu a empresa ao invés de mim? – pergunto.
Ele esta assustado, ele se vira lentamente.
- Não é bem assim – responde.
- Não? – eu o encaro – Me explica.
Ele suspira, e nega com a cabeça.
- Não posso.
Eu dou um sorriso falso.
- Sabe, eu acho que eu fui uma trouxa, de acreditar nesses nós te amo que você me fala. Eu me apaixonei por você. E sabe o que você fez? – ele não responde, eu continuo – Por medinho do papai, você abre mão das coisas para ele. Você já pensou em como seria bom fazer uma coisa, porque você quer? Eu acho que não. Porque é só o papai falar que você desiste. Quando anos você tem? Porque eu acho que você já tem idade suficiente para decidir o que fazer da sua vida, sem que o papai mande.
- Não é assim – ele resmunga.
- Você nunca me provou ao contrario. Fiquei anos lá na Itália, e você nem dava sinal de vida. Você acha que eu não sabia o que acontecia aqui? Eu via teu pai escolhendo mulheres para você. E você dizendo que já tinha uma. Mas porque você não o enfrentou e disse quem era a mulher. Era eu? – ele assente – Desculpa, mas não parece.
- Eu amo você – ele sussurra.
Eu fecho meus olhos, e dou um suspiro pesado.
- Eu não acredito – afirmo – No dia em que você me provar o contraria, a gente conversa.
Ele me analisa.
- O que isso quer dizer?
- Isso quer dizer – eu dou uma pausa, é difícil dizer isso – que não me procure mais, esqueça que eu existo.
- Julie, eu...
- Anthony – eu o encaro – Obrigado por tudo.
Eu o olho por uma ultima vez e vou embora. Por quê? Porque eu quero chorar, e se eu ficar aqui e continuar ver ele durante o evento, eu não vou aguentar.
Eu vou direto para a casa de Benjamin, onde eu estou ficando. Eu vou para o quarto e me jogo na cama, pensando em tudo o que eu fiz, e no que eu não fiz. Pego meu celular, eu ligo para a companhia aérea, e pedi que adiantesse meu voo. Para algumas horas mais tarde. Eu pego minha malas, e ligo para um taxi. E vou em direção ao aeroporto. E assim embarco.
Talvez, minha historia com Anthony não fosse para acontecer. E talvez, meu novo lar seja aqui, na Itália.

Mudanças na noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora