35 - Carlor Sainz

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"Mesmo que você não me veja como eu te vejo, estarei sempre ao seu lado, torcendo pelo seu brilho, mesmo que nunca precise saber o quanto eu sinto

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"Mesmo que você não me veja como eu te vejo, estarei sempre ao seu lado, torcendo pelo seu brilho, mesmo que nunca precise saber o quanto eu sinto."

***

O paddock estava lotado, vibrante com a energia da corrida em Barcelona. O som dos motores, o cheiro de borracha queimada, a multidão que gritava—tudo contribuía para a eletricidade no ar. Mas eu, envolta em toda aquela atmosfera de excitação, me sentia perdida, um tanto deslocada. Carlos Sainz, meu melhor amigo e um dos pilotos mais promissores da temporada, estava prestes a correr em casa, e eu me via presa num turbilhão de sentimentos que tentava sufocar há muito tempo.

Carlos sempre foi um raio de luz na minha vida. Ele era aquele que sabia exatamente o que dizer para fazer as nuvens se afastarem, o amigo que, mesmo em meio ao caos de sua carreira, sempre encontrava tempo para me ouvir. E, em algum momento ao longo do caminho, entre os risos e as confidências, percebi que o que eu sentia por ele ia além da amizade. Mas como eu poderia competir com a vida glamourosa que ele levava? Eu não era uma dessas mulheres de capa de revista que ele poderia escolher. Eu era apenas a Sn — sua amiga, sua confidente, a que sempre estava à margem.

Perdida nesses pensamentos, levei um susto quando ele se aproximou, vestido com o macacão da equipe e um sorriso que, como sempre, iluminava o que quer que estivesse ao redor.

— Você está pronta para torcer por mim? — ele perguntou, os olhos brilhando com aquela confiança e paixão que sempre me fascinavam.

Engoli em seco, tentando não deixar transparecer o aperto no peito. — Sempre, Carlos. Eu estarei aqui, não importa o que aconteça.

Ele sorriu mais largo, e por um segundo, o tempo pareceu congelar. Fiquei olhando para ele, gravando cada detalhe, cada nuance daquele momento que queria guardar para sempre. Logo ele se despediu para as últimas preparações, e eu o acompanhei com o olhar até ele desaparecer no meio dos outros pilotos.

Assim que a corrida começou, eu me agarrei à grade, torcendo como se a vitória dele fosse minha própria salvação. Meu coração disparava a cada curva que ele fazia, cada ultrapassagem, cada risco calculado que corria. Eu sabia que para ele, o automobilismo era tudo, era o sonho que perseguia desde sempre. E eu? Eu era só a amiga que o apoiava, a que estava ao seu lado sem pedir nada em troca.

— Vamos, Carlos! — eu gritava, a voz se perdendo no meio da multidão, como se ele pudesse me ouvir, sentir meu apoio no meio daquela pista frenética.

O tempo passava devagar, cada volta parecia uma eternidade. Quando finalmente a bandeira quadriculada desceu, senti uma onda de alívio e felicidade, mesmo que ele não tivesse conquistado o primeiro lugar. Para mim, ele já era um vencedor; ele era incrível pelo simples fato de ser ele.

Assim que ele saiu do carro, pude ver o sorriso radiante no rosto dele, o brilho nos olhos que sempre aparecia quando ele fazia o que amava. Sem pensar duas vezes, corri em direção a ele, me esgueirando pelo meio da equipe e dos jornalistas. Quando finalmente o alcancei, ele me puxou para um abraço apertado.

— Você foi incrível, Carlos! — murmurei, sentindo as batidas rápidas do coração dele, o cheiro de combustível e adrenalina misturados.

Ele me olhou, aquele olhar que sempre me desmontava, e disse baixinho: — Sem você, eu não teria chegado até aqui.

Minha respiração falhou por um segundo, mas logo percebi que ele falava da amizade, do apoio incondicional que sempre lhe dei. E mesmo que não fosse a declaração de amor que secretamente desejava, aquela frase significava o mundo para mim. Ali, naquele abraço, eu era a pessoa mais feliz do mundo.

O dia foi terminando, e aos poucos o paddock foi ficando mais silencioso. Carlos e eu andávamos pelo lugar quase vazio, falando sobre a corrida, sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Ele comentou sobre as dificuldades que enfrentou, o quanto queria ter conseguido o pódio em casa. E eu, mesmo sem dizer uma palavra, sabia que ele sentia o peso de não ter alcançado o resultado que queria.

— Ei, escuta — falei, parando no meio do caminho e o forçando a olhar para mim. — Você foi incrível. Mesmo sem o pódio, você deu tudo de si. E é isso que importa.

Ele ficou em silêncio por um momento, me encarando com uma intensidade que me fez perder o fôlego. E então, numa voz suave, ele disse: — Às vezes, você é a única coisa que me lembra de quem eu sou de verdade. Você sempre esteve aqui, Sn. Não sei o que seria sem você.

Meu coração parecia um tambor descompassado. Eu queria tanto dizer o quanto ele significava para mim, o quanto cada momento ao lado dele era precioso. Mas em vez disso, apenas sorri, engolindo o que sentia. Não queria arruinar o que tínhamos com confissões que talvez não fossem correspondidas.

— Sempre estarei aqui, Carlos — respondi, me forçando a manter a voz firme, mas meu olhar era sincero. Eu estaria ali, independentemente de onde a vida o levasse, de quem ele escolhesse para amar.

A noite caía, as luzes da pista começavam a se apagar, e nós dois ficamos ali, perdidos no silêncio confortável que só compartilhávamos um com o outro. Sabíamos que o mundo dele era feito de velocidade e desafios, mas naquele instante, com ele ao meu lado, sentia que também fazia parte da corrida.

Eu poderia não ser a garota dos sonhos dele, mas sabia que era a pessoa que ele podia contar, a amiga que não o deixaria cair.

***

Este imagine foi inspirado na música "Aquí Estaré" de Angélica Vale. A letra, cheia de devoção e entrega silenciosa, reflete o sentimento de estar ao lado de alguém, apoiando-o incondicionalmente, mesmo que o amor não seja correspondido da mesma forma.

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