5 anos antes
Mais um dia que amanhece e Yuna não está na Coreia. Já se fazem dois anos que ela foi embora, e ela ainda não voltou. Acho que tudo que tenho que fazer é esquecer ela.
Foi tão difícil pra gente ficar juntas, e ela teve que simplesmente ir. Sinto tanta falta dela, a saudade só cresce. Queria ir pros EUA, ficar com ela, mas a Rosie não deixa. Disse que Yuna vai me machucar, como sempre fez. Mas nem foi culpa dela.
hoje em dia
— E então? — Yeji me perguntou do outro lado da tela. — Como tu tá com a chegada de Yuna? — Vi ela estendendo a blusa que Jisu estava usando ontem no varal do apartamento delas. As duas já estão morando juntas desde ano passado. — Saísse correndo do pub ontem...
— É estranho, — dou uma leve tragada no meu cigarro eletrônico. — Não foi como era com as outras garotas, sabe? Quando eu transo e tenho algo maior mas depois acaba... — Pensei por um segundos, levando o vaporizador até minha boca mas o afastando para falar algo. — Meio que... Eu estava bem vendo ela, mas quando eu vi ela trocando mensagens com aquele namorado tonhão dela... Certeza que ela pega outras...
— Não bota praga no namoro dela, Ryuddaeng... — Yeji sorriu. — A Lia disse que ela parece afetada. Por estar... Em contato contigo. Não duvido que ela ainda goste de ti.
Olhei para Yeji e dei mais uma tragada, silenciosamente.
— Você acha?
— Por que eu mentiria? — Ela falou. Escutei Lia chamando ela, e então ela respondeu. — Sim? Tá bom, vida! — Yeji me olhou de novo. — Vem jantar aqui. Jisu tá convidando. Parece que as meninas vão vir.
Concordei com a cabeça e desliguei a chamada.
Depois de uns 30 minutos fui para o apartamento de Yeji, usando uma blusa branca mais solta e um shorts jeans de cintura baixa.
Chegando lá, Yeji me deu um sorriso e me abraçou.
— Oi, Ryuddaeng, bem vinda de novo. Chaeryeong, Yuna, Somi e Julie já estão vindo.
— Quem caralhos é Julie? — Eu perguntei, colocando as sacolas plásticas com cerveja na mesinha de centro da sala de Yeji. Tinha, no mínimo, umas 6 garrafas.
— Prima da Yuna. Julie Han.
— Americana? — Entrei na cozinha, botando minhas mangas para cima para começar a ajudar Yeji com a comida.
Yeji concordou. — Ela estava no pub ontem. Com aquela guria Tailandesa que sempre anda com a Minnie.
— Oh, a Natty? — Olhei para Yeji, eu achei que tinha contado pra ela que eu fiquei com a Natty esses dias...
— Uhum. Elas estão ficando, parece... — Ela disse, me passando a salada, as folhas de alface, para mim lavar.
A gente ficou conversando e cozinhando enquanto esperávamos as outras meninas.
A primeira que chegou foi Chaeryeong. Ela estava toda energética por causa do garoto que estava dando em cima dela. Não parava de falar dele.
Logo depois, chegou Yuna e a tal Julie.
— Oi, — Julie sorriu entrando, tirando seus sapatos e colocando as sacolas com cerveja na mesa, perto das que eu trouxe.
Yuna entrou logo atrás e fez eu me arrepender de ter vindo. Ela está usando uma calça cintura baixa e um top de alcinha. A barriga dela está totalmente exposta. Me pergunto como ela reagiria se eu fosse até ela, agarrasse ela pela cintura e desse um beijo nela, até a gente perder o fôlego. Ela sorri para as meninas e olha para mim por alguns segundos.
— Oi, eonni, — ela sorriu de leve e passou por mim, seguindo Lia.
Depois que a gente jantou, nos sentamos em um círculo em volta da mesinha de centro da sala das Yejisu para jogar Jenga - aquelas torres que cada um retira uma peça, que, quando tira a peça e a torre cai, você recebe um desafio.
Chaeryeong já teve que mandar mensagem pra ex, Julie virou 5 shots de vodka seguidos - ela tá levinha.
Estamos jogando pela terceira vez. Troco uns olhares com Yuna toda hora. Será que ela sabe tudo que ela me faz sentir?
Yuna puxou a peça e a torre desmontou. Ela me olhou rapidamente e então leu a peça, com as vozes das meninas bem altas de fundo.
— "Gire trinta vezes e tente andar em linha reta." — Ela leu e começou a se levantar.
Com uma mão tampando o naiz e com os olhos fechados, Yuna girou trinta vezes, rapidamente. Lia contou em voz alta, rindo, e então Yuna começou a andar em "linha reta". Ela cambaleou e - obviamente - caiu no chão, batendo a cabeça de leve na mesa. Todas, preocupadas, corremos até ela, mas ela só sabia rir. Julie a bateu, mandando ela tomar cuidado. A brincadeira continuou normalmente.
Depois de um tempo, fui para sacada fumar meu vaporizador. Me apoiei no beirado e comecei a fumar em silencio, dando curtas tragadas no meu vaporizador. Uns cinco minutos depois, Yuna aparece com dois copos, encostando a porta de vidro da varanda.
Ela coloca um dos copos perto de mim e se senta na cadeira de balanço de Lia.
— E então? — Perguntei, me sentando na frente dela.
— Hm? — Ela me olhou confusa, tomando um gole do que tinha em seu copo.
— O que você quer?
Yuna fez uma careta e se sentou ereta.
— Você guarda segredo se eu te contar o que eu quero? — Ela sorriu e então eu percebi. As bochechas vermelhas demais. Os olhos sonolentos. O leve bafo. Seus olhos se fecharam suavemente.
— Você não está bêbada demais? — Eu tirei o copo dela da mão dela.
— Eeeeu não! — Yuna respondeu, abrindo os olhos e se inclinando para trás, sem notar que a cadeira não tem encosto. — Ui! — Ela ri, quando quase cai.
— Senta aqui, — eu falo, dando leves batidinhas no espaço do meu lado.
Ela se levanta e anda rapidamente para meu lado, se sentando e se encostando em mim, como se fosse um gato.
— Ryujin-ssi... — Ela começa, passando seus braços por minha cintura. Isso não vai dar bom.
— Sim, Yuna?
— Por que você tá fumando isso, hein? Você tinha parado de fumar, não tinha? — Yuna pisca bem devagar.
— Eu até tinha parado. Mas, desde que você fodeu com a minha cabeça, eu voltei a fumar.
Yuna me olha, me encara. Ela então morde o lábio inferior.
— Desculpa. Eu fui péssima. Eu te machuquei, ferrei com o que a gente tinha e-
— Sabe o que é mais foda, Yuna? Você me tem. De verdade. Eu tô na tua mão. É só tu chamar que eu vou. Porra, já se passaram 7 anos. Mas você fez eu te amar tanto, fez eu me apegar tanto a você, que eu nem sei quando isso vai parar. E o pior, tu nunca me falou o que tu sentia sobre isso. Tais falando só agora. Agora que você namora, e nem deve me querer mais. Agora que tudo acabou entre a gente.
Yuna parecia raciocinar, mas claro, ela não ia entender. E nem ia se lembrar disso tudo quando acordasse amanhã.
Ela suavemente fechou o abraço, me puxando para perto dela. Não tinha como eu recusar.
— Eu te odeio... — Sussurrei, menti. Mas foi só uma mentira transparente. Todos sabiam a verdade que estava por trás dela.