temp. 2 - tudo pode mudar

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Yuna e Ryujin estavam juntas. Não namorando, nenhuma das duas tinha uma aliança no dedo. Mas todos podem ver o quanto as duas se gostam. Não só se gostam - para as Shin, gostar é uma palavra muito pequena e sem graça pra explicar os batimentos rápidos do coração, as milhares borboletas no estômago, o alívio em cada toque, a excitação para se ver de novo.

Elas nem tentavam esconder. Seguravam as mãos até mesmo na frente da irmã chata de Yuna, Nayeon.

Tudo está indo tão bem entre as duas. O amor florescendo entre elas é óbvio, e parece fazer muitos ficarem com inveja.

Ryujin só sabia falar de Yuna, ao ponto de Yeji não aguentar mais conversar com ela. Toda hora - quando Ryujin não estava com sua namorada - ela ia até Yeji para falar sobre o quanto Yuna a fazia morrer de amores, como ela ficava fofa comendo, como as bochechas dela coravam nos dias frios, ou até mesmo como a voz dela era gostosa de ouvir. Yeji sempre siaa d eperto quando via Ryujin passar.

E hoje era um desses dias que Yuna deixava Ryujin de lado para ir falar com Chaeryeong - coisa que Ryujin não gostava.

— Mas, amor... — resmungou Ryujin, tentando convencer a namorada para ficar. — Você pode falar com suas amigas depois, hm? Não quero ficar longe de você~

Yuna riu e fez carinho nas bochechas da namorada. — O que você tá falando, Ryujin-ssi? Eu vou dormir contigo hoje... Lá na sua casa, esqueceu? Vou falar com elas só por um tempinho...

Ryujin continuou resmungando, não queria mesmo que a namorada saísse dali. Mas Yuna realmente precisava falar com as amigas, estava sempre as deixando para ficar com Ryujin.

Quando Yuna foi pra casa, quando se arrumava para sair, sua mãe bateu na porta suavemente antes de entrar.

— Yuna, precisamos conversar, — falou a Shin mais velha, se sentando na ponta da cama da filha.

A garota sabia que não tinha coisa boa vindo, no rosto de sua mãe podiam ser claramente vistos traços de estresse - as olheiras mais fundas do que o normal. Yuna concordou com a cabeça.

— Pode falar, mãe. Eu estou ouvindo, — ela disse, continuando a arrumar o batom.

— Vou ser direta. Seu pai... — Ela olhou para longe, como se estivesse pensando em como falar aquilo, e ela falou que ia ser direta... — Está com câncer... No pulmão.

Yuna parou, se virando para mãe, seus olhos arregalados.

— Hein? Assim, do nada? Como assim, mãe? — Yuna perguntou, se sentando perto da mãe.

— Não foi do nada. O médico, o pai da Yeji, falou que já está muito avançado... Provavelmente porque aquele idiota continuou fumar escondido, e... Ah, filha, eu estou tão preocupada... — A mulher ais velha enterrou a cabeça nas mãos.

— Não, mãe, vai ficar tudo bem... O pai da Yeji-eonni é um bom medico e provavelmente-

— Não vai ser o pai dela que vai tratar e... Ele não vai ser o médico do seu pai. Seus avós souberam do câncer e agora querem que a gente volte para lá.

Os olhos de Yuna arregalaram novamente.

— Eles querem... Mãe... A gente vai voltar para Donghae-si? Mas... se os médicos daqui de Seul são melhores, porque...

— Filha, não importa os médicos. O câncer está bem avançado. E, seus avós... querem um tempo com ele antes de partir.

Yuna começou a chorar, silenciosamente.

Tudo estava indo tão bem. Seu relacionamento com seus pais, com seus amigos, com Ryujin. Mas agora... Seu pai está a beira da morte. E não tem nada que ela possa fazer sobre isso.

A mãe de Yuna puxou a garota para um abraço.

— Calma, filha... Seu pai... Não tem como eu te falar que ele vai ficar bem, nós duas sabemos que ele não vai... Mas, pensa... Ele está indo para um lugar melhor. Você sabe que ele nunca esteve bem de verdade aqui...

Mesmo odiando admitir, Yuna sabia que sua mãe estava certa. O relacionamento de seus pais não era mais o mesmo. As viagens de trabalho para o exterior só traziam mais e mais brigas ao casal. Seu pai tinha até voltado a fumar constantemente - e ele tinha parado totalmente quando Nayeon havia voltado para casa, a filha mais velha do casal já tinha passado mal por causa da fumaça que seu pai fazia. E Yuna sabia que sua mãe se sentia culpada. Por causa das brigas, havia feito seu marido voltar a fumar. E agora ele vai morrer por causa disso. Maldito vício...

Yuna não sabia o que fazer. Ela tinha certeza de que - caso fossem para Donghae-si - não iriam voltar tão cedo. Quem sabe a viagem poderia se estender até o exterior, para a família da mãe. Fazia um tempo que os Shins não visitavam os Hans, nos Estados Unidos. Yuna sempre pergunta a si mesma se sua prima Julie ainda se lembra dela...

friend - ryuna/2shinOnde histórias criam vida. Descubra agora