F1 - Imagines

Ollie e Kimi

Vamos ficar bem

O sol brilhava na cabeça de Ollie enquanto ele olhava para as inúmeras telas à sua frente. Agora seria o momento perfeito para um banho de gelo, ele pensou. Mas, em vez disso, ele estava sentado em um banquinho atrás da equipe de estratégia da Mercedes. Uma escolha estranha, considerando que ele era um membro da Ferrari Driver Academy, mas ele estava aqui em Monza como Ollie Bearman, o piloto de F2, não Ollie Bearman, o futuro piloto da Haas. Falando em Haas, Ollie estava se preparando para sua estreia na F1 em 2025. Ele estava aqui pelo Kimi. Depois de assinar seu contrato com a Haas, Ollie os seguia sempre que não tinha suas próprias corridas de F2. Ele se sentia como se estivesse em todo lugar. Mas agora, ele estava com a Mercedes, porque seu companheiro de equipe de F2, Kimi, estava fazendo sua estreia no TL1.

Ollie assistiu com alegria enquanto Kimi marcava uma primeira volta estelar. Ele tinha ido mais rápido em um ponto. A cabeça do jovem estava balançando com as forças G, muito mais do que a de qualquer outro piloto. Ele sabia que a força do pescoço de Kimi era muito menor do que a de um piloto regular. Ollie não conseguia deixar de se preocupar. Kimi tinha pouca experiência em carros de F1, pois tinha acabado de completar dezoito anos. Ollie tinha os olhos grudados na tela enquanto Kimi passava pelas curvas, em sua segunda volta de aceleração, subindo a reta, passando por Ascari, em volta de Parabolica—

“Não!” ele gritou. Ollie viu antes que acontecesse. Kimi foi rápido demais na Parabolica, batendo no meio-fio e girando rapidamente, direto para o muro. Ollie fechou os olhos, estremecendo, ao ouvir o estalo. Um milhão de possibilidades passaram por seu cérebro, amplificadas quando ele percebeu que o alarme do Medical Car havia sido disparado.

“54G”, murmurou um dos engenheiros enquanto examinava as métricas.

Os olhos de Ollie se arregalaram. 54G era uma força tão grande que poderia quebrar um pescoço. Especialmente alguém que não fosse treinado para a força necessária para ser um motorista regular. As cartas estavam se alinhando em uma reviravolta do destino que Ollie não conseguia acreditar.

Vamos, Kimi, ele pensou. Saia do carro.

“Estou bem. Desculpe,” ele ouviu Kimi gemer pelo rádio. Ele parecia estar com dor.

Mas como por um milagre, ele ganhou vida, alcançando o HALO do carro e se puxando para fora dos destroços. Ollie não conseguiu evitar suspirar alto de alívio quando o pequeno corpo de Kimi saiu do carro. Deus sabe o que Ollie teria feito se Kimi tivesse ficado parado na cabine por muito mais tempo. Conhecendo Ollie, ele provavelmente teria corrido o perímetro da pista para ir ajudar, não importa quem estivesse no acidente, e especialmente sendo seu Kimi.

Ollie de repente se sentiu muito mal por seu companheiro de equipe. O contrato de Kimi na Mercedes deveria ser anunciado naquele fim de semana, mas a Mercedes provavelmente atrasaria isso como resultado do acidente. Sem mencionar a calúnia que provavelmente já estava se acumulando online. Ollie teria que se certificar de que Kimi não estivesse no celular entre as sessões. Ele não queria que seu amigo visse as coisas que as pessoas estavam dizendo sobre ele.

Ollie não tinha poder para fazer nada além de assistir Kimi ser pego pelo Medical Car. A sessão já havia sido encerrada há muito tempo, e os carros restantes voltaram para o pitlane. Ollie podia ver pelo canto do olho que George Russell parecia frustrado. Com razão; era seu carro que estava enterrado nas barreiras. Mas Ollie não conseguia se importar com o carro. Ele só queria verificar se Kimi estava bem. E Ollie sabia que tinha que começar a se preparar para a qualificação da F2 também. Deus, sua cabeça estava uma bagunça agora.

Kimi estava bem. Ele estava bem, e Ollie sabia que ele estaria bem para a qualificação.

Ollie respirou fundo.

Ele ficou sentado ali por mais alguns minutos antes de se desculpar dos bancos de estratégia da Mercedes. Ele realmente não tinha um motivo para estar lá agora, então ele voltou para a garagem da Prema para falar com seus engenheiros. O sol estava ficando escaldante, e Ollie já estava ansioso pelo banho de gelo depois que a qualificação fosse concluída. Ainda faltavam algumas horas até lá.

Levou meio segundo em seu assento para que as horas de preocupação fossem lavadas, e mais um quarto para que elas voltassem à tona no momento em que seus pés tocaram o chão após a qualificação. P8 não foi um resultado ruim, mas ele teria um trabalho a fazer para subir ao pódio no dia seguinte. Ele olhou para cima e viu que o céu claro de Monza estava tão brilhante como sempre; era quase doloroso, e Ollie fingiu por um momento que todos os olhos que sentia nele estavam orgulhosos. Ele piscou. Lá foi ele.

A próxima vez que viu Kimi propriamente, foi durante os banhos de gelo após a qualificação. Sentados em banheiras lado a lado, apenas meio sombreados do calor, aliviando-se da exaustão. Ollie perguntou antes que qualquer outra coisa pudesse ser dita, "Está tudo bem, Kimi? Como está seu pescoço?"

“Concussão leve, mas vou ficar bem. Não se preocupe, meu treinador já me contou tudo. Sto bene." Sua voz era monótona, como se ele estivesse apenas dizendo o que precisava para evitar preocupações de Ollie.

O elefante na sala não foi mencionado enquanto Kimi fechava os olhos, apertando-os sob o sol quente. O peso pesava no peito de Ollie, do mesmo jeito que o sorriso de Kimi havia diminuído. Seus cachos, encharcados, emolduravam um rosto que não deveria ter as linhas de preocupação que tinham. Kimi deve ter sabido que Ollie teria ouvido as vozes no rádio enquanto isso acontecia. Nos intervalos entre a qualificação e o treino livre, e isso, Ollie tinha visto as notícias criticando Kimi pelo acidente. Ele tinha ouvido a resposta de Toto Wolff dizendo: "Tudo bem, Kimi, tudo bem."

"Você sabe que pode me contar qualquer coisa, certo?" O britânico perguntava ao piloto italiano.

"Ollie, eu vou ficar bem. Prometo."

"Você parece estar com dor ainda, amore mio."

"Dói? Claro, ainda estou com dores. Mas isso não vai me parar. Vou ficar bem, prometo, amore."

"Vamos ficar bem, então. Vou cuidar de você, il mio principe."

"Acho bom mesmo."