CAPÍTULO VI - Superando Juntos

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Que jeito delicioso de passar uma tarde de sábado. Sob o chuveiro, tomo banho distraída, com cuidado para não molhar o cabelo preso, contemplando as últimas horas. Lauren e baunilha parecem estar se dando muito bem, obrigada. Ela revelou muito hoje. É desconcertante tentar assimilar todas as informações e refletir sobre o que descobri: os detalhes do salário dela...

Uau, ela é podre de rica, e para alguém tão jovem, é simplesmente extraordinário... e as pastas que ela tem sobre minha vida e sobre a vida de todas as suas submissas morenas. Será que todas elas estão naquele arquivo? Meu inconsciente pressiona os lábios e balança a cabeça... Nem pense em ir até lá. Faço uma careta. Nem uma olhadinha?

E então tem essa Keana, possivelmente com uma arma, solta por aí, e seu péssimo gosto musical ainda no iPod dela. Tudo bem, com exceção de Beyoncé. Pior ainda, a pedófila Mrs. Robinson, não consigo entender essa mulher, e nem quero. Não quero que ela e aquele cabelo brilhoso sejam um espectro em nosso relacionamento.

Lauren tem razão, eu morro de raiva quando penso nela, então talvez seja melhor não pensar. Saio do chuveiro, seco-me e, de repente, sou tomada por um ódio inesperado. Mas quem não morreria de raiva? Que pessoa normal e em sã consciência faria aquilo com uma garota de quinze anos? Quanto será que ela contribuiu para a loucura de Lauren? Não consigo entendê-la. E, pior ainda, Lauren diz que ela a ajudou. Mas como?

Penso nas cicatrizes, a manifestação física e gritante de uma infância terrível e um lembrete revoltante das cicatrizes mentais que ela deve carregar. Minha doce e triste Cinquenta Tons. Ela disse tantas coisas românticas hoje.

Ela é louca por mim.

Olhando para o meu reflexo, lembro-me de suas palavras, meu coração enchendo-se mais uma vez, e meu rosto se transforma com um sorriso ridículo. Talvez a gente consiga fazer isso dar certo. Mas por quanto tempo até que ela queira me dar uma surra porque desrespeitei alguma linha arbitrária?

Meu sorriso se desfaz. Isso é o que eu não sei. É a nuvem que paira sobre nós. Umas transas sacanas, sim, eu posso fazer isso, e o que mais? Meu inconsciente me encara impassível, dessa vez sem nenhuma crítica ou palavra de sabedoria para me oferecer. Volto para o quarto para me vestir.

Lauren está se arrumando no primeiro andar, fazendo sei lá o quê, então tenho o quarto todo para mim. Além dos vestidos no closet, as gavetas estão cheias de lingerie nova. Escolho um espartilho preto com uma etiqueta que diz quinhentos e quarenta dólares. Ele tem um bordado de prata feito uma filigrana e a menor das calcinhas combinando. Pego também meias sete oitavos, cor da pele, uma seda tão fina, tão elegante.

Uau, elas são... provocantes... e bem sensuais.

Estou me esticando para pegar o vestido quando Lauren entra sem aviso. Ei, você podia bater na porta! Ela fica paralisada, olhando-me, os olhos verdes brilhando famintos. Sinto como se todo o meu corpo tivesse enrubescido. Ela está usando uma calça preta de terno, texturizada, justa em suas pernas, uma camisa branca, que tem o colarinho aberto, e um colete preto e texturizado por cima da camisa branca. Ainda posso ver a linha de batom. Ela continua me encarando.

— Precisa de alguma coisa, Sra. Jauregui? Imagino que você tenha algum propósito nessa visita além de ficar me encarando feito uma boba de boca aberta.

— Obrigada, Srta. Cabello, mas estou me divertindo muito aqui, feito uma boba de boca aberta — murmura ela sombria, entrando no quarto e se embevecendo com a minha visão. — Lembre-me de mandar um bilhete de agradecimento a Caroline Acton.

Franzo a testa. Quem é essa?

— A personal shopper da Neiman — acrescenta ela em resposta, embora eu não tenha formulado a pergunta em voz alta.

Cinquenta Tons Mais Escuros (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora