CAPÍTULO XV - A Mulher Maravilha

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Os olhos de Kristen brilham com um verde mais escuro, e ela sorri com desdém ao lançar um olhar malicioso por todo o meu corpo. O medo me paralisa.

O que é isso? O que ela quer?

Em algum recanto dentro de mim, apesar da boca seca, encontro a determinação e a coragem para balbuciar algumas palavras, o mantra das minhas aulas de autodefesa "Mantenha os inimigos falando" reverberando em meu cérebro feito um protetor vindo do além.

— Kristen, acho que agora não é um bom momento para isso. Seu táxi vai chegar em dez minutos, e eu preciso lhe entregar os documentos. — Minha voz soa calma, mas rouca, traindo-me.

Ela sorri, e é um sorriso despótico, como se dissesse "que se foda", e isso se reflete em seus olhos. Eles brilham sob a luz fluorescente e fria da lâmpada comprida acima de nós nesse cômodo monótono e sem janelas. Então dá um passo em minha direção, encarando-me, sem desviar os olhos dos meus. Suas pupilas vão se dilatando, posso ver o preto eclipsando o verde.

Ah, não.

Meu medo começa a aumentar.

— Você sabe que eu tive que brigar com Elizabeth para dar esta vaga para você... — Sua voz vai sumindo à medida que ela dá outro passo na minha direção.

Dou um passo para trás, batendo nos armários encardidos da cozinha.

Mantenha-a falando, mantenha-a falando, mantenha-a falando.

— Kristen, qual é o problema? Se você quer expor as suas queixas a meu respeito, então talvez a gente devesse falar com o RH. A gente pode fazer uma reunião com Elizabeth em um ambiente mais formal.

Cadê os seguranças? Ainda estão no prédio?

— A gente não vai precisar do RH para resolver essa situação, Camila. — Ela ri. — Quando contratei você, achei que você seria dedicada. Achei que você tinha potencial. Mas, agora, estou na dúvida. Você anda distraída e desleixada. E eu fico me perguntando... será que é a sua namorada que está desviando você do foco? — e pronuncia a palavra "namorada" com um desprezo assustador. — Então, resolvi dar uma olhada nos seus e-mails para ver se descobria alguma coisa. E sabe o que eu encontrei, Camila? O que era esquisito? Os únicos e-mails pessoais na sua conta foram enviados para a sua namorada toda-poderosa. — Ela faz uma pausa, avaliando minha reação. — E eu comecei a pensar... cadê os e-mails dela? Eles não existem. Nada. Nenhum. E então, Camila, que história é essa? Como é possível os e-mails dela não estarem no nosso sistema? Você é algum tipo de espiã industrial colocada aqui pela empresa de Jauregui? É isso?

Puta merda, os e-mails. Droga. O que foi que eu escrevi?

— Kristen, do que você está falando?

Tento parecer perplexa, e sou bem convincente. Essa conversa não está indo do jeito que eu esperava, e não confio nem um pouco nela. Kristen está exalando algum feromônio subliminar que me deixa em estado de alerta. Trata-se de uma mulher nervosa, inconstante e totalmente imprevisível. Tento argumentar com ela.

— Você acabou de dizer que teve que convencer Elizabeth a me contratar. Então como eu poderia ter sido colocada aqui como espiã? Decida-se, Kristen.

— Mas foi a Jauregui quem estragou a viagem para Nova York, não foi?

Droga.

— Como foi que ela fez isso, Camila? O que foi que a riquinha e metida da sua namorada fez?

O pouco sangue que me restava no rosto vai embora. Acho que vou desmaiar.

— Não sei do que você está falando, Kristen — sussurro. — O táxi vai chegar daqui a pouco. Não é melhor eu ir buscar as suas coisas? Por favor, deixe-me sair. Pare com isso.

Cinquenta Tons Mais Escuros (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora